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O Inverno da Alma

Olhar e não ver, ver e não sentir, sentir e não amar, amar e não ouvir o anúncio inequívoco, verdadeiro e sincero, que prediz a Primavera.

Terno, eterno olhar...

Suave, sublime, diáfano, encantador; enfim, o meu hiperbólico falar, deveras adjetivado, assaz pretensioso, em nada contribui para desvelar o mistério imanente, transcendente e, por que não?, resplandecente, que envolve os miríficos e mesmerizantes, vivos e cortantes, olhos teus.

Brasil do amanhã que nunca chega (Paródia)

Tire suas mãos do erário público; ele não pertence a você. Não é se comportando assim que você irá se reeleger. Entenda, a Democracia é o único caminho; o tempo dos totalitarismos já acabou. Você pode até teimar, espernear... Acho que isso é só rancor. Será só conspurcação? Será que não há nada a se enaltecer? Haverá sempre mais corrupção? Vamos, com isso, alguma coisa aprender? Nos perderemos entre ideólogos e pensadores de péssima, sofrível formação, que, com mentiras rotineiras, solaparão toda forma de razão. Sonharemos acordados, alienados, pensando que já encontramos a solução: "Acabar, revolucionariamente, com o Capitalismo, antes que ele destrua toda a civilização." Política pra quê? Para as instituições, assim, fortalecer, para a liberdade de imprensa florescer, para ver o populismo, no Brasil, fenecer. Só o Estado de Direito pode nos proteger. Precisamos, sim, responder pelos erros atuais. Vitimar-se, dele...

Relativismo

Hoje em dia, o relativismo é muito exacerbado; ninguém tem mais certeza sobre nada. Há metamorfoses ambulantes por todos os lados. Porém, não é pelo fato de que não podemos ter certezas absolutas (aliás, nem devemos tê-las) que, por outro lado, precisamos chegar à conclusão minimalista de que se é impossível chegar a qualquer certeza por menor que ela seja. Eu sou um eurocêntrico de carteirinha; acredito que, apesar dos vários problemas existentes, a cultura laica ocidental derivada principalmente do Velho Continente é o que de melhor se produziu durante toda a história das civilizações humanas. Porém, aos poucos, estamos nos autodestruindo, pois estamos perdendo o sentido de tudo, caindo assim no poço sem fim do niilismo. Estamos nos tornando uma sociedade infértil, sem objetivos e sem metas. Questionamos e destruímos tudo, mas somos incapazes de criar algo novo. Não conseguimos ressignificar nada. Objetivos pessoais são imprescindíveis, porém não podemos viver completamente s...

Oceano das Ilusões

Vivemos em um oceano, nadamos freneticamente, dia após dia, mesmo sabendo que, ao final, iremos todos, impreterivelmente, nos afogar. Não há, evidentemente, um porto seguro , uma costa amiga, apenas água por todos os lados, água até onde a vista alcança. Abaixo, as profundezas abissais; acima, a imensidão azul de um céu inalcançável e indiferente. O medo e o pavor do afogamento, proveniente principalmente de um forte desejo de autopreservação, faz com que, braçada após braçada, continuemos a lutar por nossa sobrevivência. Neste sentido, seguindo um trajeto sem rumo, podemos encontrar alguns botes salva-vidas , como, por exemplo, uma missão ou um projeto pessoal, pois, como sabemos, é muito mais fácil prosseguir quando temos metas, quando sabemos para onde estamos indo, quando aquilo que fazemos tem algum significado, mesmo que seja um significado a posteriori . Por outro lado, podemos também encontrar verdadeiros Titanics , sistemas completos de significação, as chamadas ideologias ...

Vida

Agora tanto faz avançar ou retroceder, ir para a direita ou para a esquerda, todos os caminhos são iguais. Nada nesta vida parece realmente valer a pena. Toda luta é vã, toda glória é fútil, todo o nosso suor e trabalho inútil. A vida é vazia, ela não traz em si nenhuma significação. A vida é um abismo, um vasto oceano, um ermo deserto, a vida não é nada, e, no entanto, ela é tudo. Palavras do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém. Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? Uma geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste. O sol se levanta, o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta de novo. O vento vai em direção ao sul, vai em direção ao norte, volteia e gira nos mesmos circuitos. Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, eles continuam a correr. Todas a...

O Frontispício

A antiga fachada, sólida e enegrecida, mesmo estando hoje tão desvalorizada, carrega em si um prodigioso saber. Eras e eras sobrepostas, pedra sobre pedra. Construção coletiva, amálgama edificante, projeto sem projetista, conhecimento amontoado, tudo isso se encerra neste frontispício. Para que o novo não nasça com cara de velho, é preciso que respeitemos este antigo edifício. “Isto matará aquilo. O livro matará o edifício.” (Victor Hugo) Catedral de Notre-Dame de Paris

A arte necessária

A democracia é, evidentemente, a arte necessária para se chegar à paz. No entanto, antes de alcançá-la, precisamos percorrer um longo caminho repleto de conflitos, disputas, concessões, blefes, além de demonstrações de força e de poder, e, para isso, habilidades como paciência, bom senso, cautela e perseverança são imprescindíveis. No jogo democrático, assim como na vida, precisamos lutar incessantemente por aquilo que acreditamos. Diante das adversidades, a necessidade imperativa de proteger tudo o que nos é mais valioso deve sempre prevalecer.

O Outono das Lamentações

No crepitar das chamas, algo se anuncia; o labor recompensado, a colheita farta, o alvorecer de um novo e augusto dia. Passam-se os meses, ouve-se uma nova canção; triste e enfadonha, contínua e ritmada, ela ressoa internamente na fria madrugada. Laivos de tristeza, nódoas e mágoas... Vida e renovação, o silêncio e o nada.

O aspecto geracional

É engraçado quando as pessoas chegam à “inteligente” e evidente conclusão de que o egoísmo é a maior característica do gênero humano. “Cada um só pensa em si mesmo”, dizem alguns, é... parece que esta antiga verdade, por mais que o tempo passe, nunca perde o seu aspecto de notícia quentinha saída do forno. “Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para! Não para, não, não para!” (Cazuza - O Tempo Não Para)

Quem mexeu no meu queijo!

As ratazanas estão à solta; procurando queijo, mandando beijo, vivendo do suor e do trabalho alheio, elas se refestelam, não se preocupam com nada que não seja o próprio estômago. As ratoeiras estão todas quebradas e falidas; só nos resta esperar que elas tenham uma colossal indigestão.

Dogmatismo

A convicção cega de que se está sempre certo é o primeiro passo para a destruição de todo pensamento crítico e também o prenúncio do fim das liberdades, pois todo aquele que se acha com a total razão quer impor violentamente a sua visão de mundo aos outros.

Uma vela no escuro

A ignorância ainda reina no mundo. De certo modo, ainda estamos vivendo na Idade Média, só que agora é muito pior, pois temos nas mãos as ferramentas necessárias para a construção de um mundo melhor e não as usamos.

Sintonia

O acorde fundamental da vida manifesta-se, neste mundo destoante, por meio da busca incessante de uma sintonia perfeita, afinada através de um místico diapasão capaz de evitar a cacofonia de uma vida sem explicação.

A Náusea

Lágrimas não mais me comovem, por certo que sequei por dentro. Meu coração, outrora tão afável e generoso, parece hoje petrificado pelas agruras e sofrimentos desta nossa mísera existência. O que terá comigo acontecido? Onde talvez tenha eu perdido o encantamento pela vida? E, por mais que eu investigue, não encontro respostas. O opaco da vida é muito diferente do brilho das utopias.

Recordações

Num dia desses, estava eu a recordar o passado, um tanto longínquo, que aos poucos se desvanece à ação lenta e contínua do tempo. E, aos poucos, fui mergulhando num mar de doces recordações pueris, alegres peraltices e não poucas imaginações. Neste revolver das minhas reminiscências senti-me assaz extasiado, imensamente contente por compreender que nada na vida é em vão vivido, podemos sempre trazer de volta os doces momentos vividos e, por que não, ao trazê-los de volta à flor da mente experienciarmos outra vez as alegrias e dores de outrora, certamente não com o mesmo sabor de novidade e incerteza que existe somente no instante presente, mas com aquele prazer de analisar e buscar entender qual eram as forças que nos moviam, quais sentimentos verdadeiramente nos agitavam e o que de fato acontecia.   Ao passo que estas recordações vinham à tona em meu consciente, fui percebendo as alterações da vida, a meninice já um tanto esquecida, o espírito otimista e brincalhão que para tr...

O Encontro

O ambiente fúnebre em que me encontrava trazia à superfície intacta dos meus pensamentos o afloramento de sensações e de sentimentos há muito esquecidos. Olhava tudo com uma perspicácia atroz, buscando desvendar atrás de cada rosto sisudo e triste, atrás de cada pranto e gesto cerimonioso, uma verdade oculta que redimisse toda a dissimulação humana. As sombras dos candelabros clareavam e, ao mesmo tempo, obscureciam a minha face. O cheiro de flores murchas impregnava o ar com um odor nauseante. O silêncio era quase absoluto. Eu observava atentamente o meu corpo inerte preso irremediavelmente àquele ataúde que encerrava tantos sonhos não realizados, tantos amores não vividos e, sobretudo, tanto tempo desperdiçado. Lutei a minha vida inteira por uma causa que ao final se me mostrou inútil. Ah, se eu soubesse da irrelevância de toda ação humana! Mas todos os presentes eram unânimes em admitir a minha alta significância por causa do meu papel social muito bem desempenhado. As minhas ...

Abrigo

Douradas melenas, alvas espáduas, sorriso terno, oh, conto de fadas! Queria ter-te de novo aqui ao meu lado, ou numa ilha talvez, em um lugar apartado. Inebriar-me-ei ao ver o teu rosto amigo; juntos, finalmente, encontraremos abrigo.

Volúpia (Estuans interius)

Voluptuosamente, me entrego, ávido de novos prazeres, de novas loucuras. Em teu seio sinto arfar o reflexo do meu desejo. Ao toque da tua pele, ardo; tuas carícias elevam-me ao céu. Os vapores da luxúria excitam-me os sentidos. Fecho os olhos... Será tudo um sonho!? Estuans interius ira vehementi in amaritudine loquor mee menti: factus de materia, cinis elementi similis sum folio, de quo ludunt venti.

Confronto

Eu pensei que eu pudesse, com o poder da minha vontade, subverter a ordem preestabelecida. Eu acreditei firmemente em tudo o que me dizia o meu coração; segui os seus impulsos, deixei-me levar. E, apesar de todos os ventos contrários, dizia sempre a mim mesmo: “A vida é bela!”. Mas como na vida tudo é efêmero, fugaz, de um dia para o outro vi mundo desabar. Meus castelos, meus sonhos, minha esperança, tudo reduzido a pó, destruído para sempre. Passei a trilhar um caminho real e doloroso: a via-crúcis da minha purificação. Precisei sentir na pele todo o desprezo, toda a dor da existência, toda a ausência, para, enfim, estar completo para enfrentar o Dia da Grande Solidão.

Gnosis

Oh, cáustico saber, aquele que te procura sempre há de se arrepender. No entanto, também será recompensado, pois o que era de acre sabor, com o tempo, torna-se gradativamente doce: recuperamo-nos, aos poucos, do rancor. Melhor a incerteza filosófica do que a confiança cega e obliterante nas falsas certezas deste atual mundo reinante.

Na solidão claustrofóbica

Na solidão claustrofóbica de seu quarto, ele buscava ansiosamente por uma saída, por uma resposta para o seu sofrimento. A insônia apoderava-se de todo o seu ser; nem mesmo quando fechava os olhos ele conseguia se desvencilhar de seus temores. A porta, tão tranquila e fechada, em nada ajudava; ela poderia ser tanto uma rota de fuga quanto um terrível canal de entrada. O dia amanhecia e, pela janela, uma frouxa luz adentrava, trazendo consigo novas esperanças e, não menos, novos desapontamentos. Era imperativo recomeçar! E assim, abrindo vagarosamente a porta, ele aquietou o espírito e saiu de seu torpor.

O Andarilho e a sua Sombra

O que busco por certo nunca hei de encontrar. Uma dor intensa toma conta do meu ser. Quero gritar; não há voz. Chorar; secaram-se as lágrimas. Fugir, mas para onde? Não encontro nenhuma proteção, a não ser aquela que eu mesmo edifiquei.

Uma busca infinita

Filosofia: A aventura do pensar. Ser, existir, viver, quem sabe amar. Mistério: Busca infinita. Vida: O que é a vida? Significado e significante. Definição: Sempre exasperante. EQUILÍBRIO Puritanismo – Libertinismo Cristianismo – Paganismo Estoicismo – Hedonismo Emoção – Razão Fé – Ciência

Pés na Estrada

Procuro, mas não encontro; quando encontro, já não mais preciso. Vivo à busca de algo que dê sentido à minha vida, que faça deste meu itinerário neste mundo mais do que apenas tempo perdido; um encontro quem sabe com a verdade suprema, isso se tal verdade de fato exista. A única coisa que sei é que vivo, o motivo não sei, e por isso prossigo.

Estado latente

Se por acaso queres conhecer-me, será inútil buscar o sentido existente somente nas palavras que escrevo, hás de encontrar o significado latente, percorrendo e analisando as entrelinhas, pois muitas vezes o que se revela não corresponde ao que somos na realidade, mas sim àquilo que deixamos transparecer aos olhos alheios. Faz-se necessário buscar o sentido implícito das palavras.   O mais importante em um discurso não são as palavras, mas decerto o efeito que estas provocam em seus ouvintes nos momentos de pausa e de silêncio.          

Ojeriza

A vida é um lodo nojento e abjeto; ótimas intenções, raro amor concreto. Pouco importa que a alma seja grande ou pequena; o fim será igual para todos; a vida nunca será plena. Em ilusões eu me afogo para continuar a viver; consumido pelo fogo um dia eu hei de morrer.

Ignaro Brasil

Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Brasil, Ignaro Brasil. Terra onde, se plantando, tudo dá, desde que, afastada a tibieza, o brasileiro consiga sair do sofá. Brasil do eterno futuro que nunca se realiza. Um país de todos, mas que, infelizmente, está hoje nas mãos de inescrupulosos. – Pátria amada, ingrata, Brasil!

Debalde

Nas velhas cercanias, nos casebres carcomidos, nas vastas solidões, o que realmente predomina é uma sensação de entorpecimento, entorpecimento dos sentidos, dos sentimentos e das ideias. A rotina torna-se a sina de uma gente esquecida, a sobreviver em um lugar ignoto, em busca de um pouco de alegria.

Futuro

Se não nos destruirmos antes, poderemos quem sabe um dia povoar a galáxia, criar inteligências artificiais, prolongar ainda mais a vida. No entanto, infelizmente, seremos sempre atormentados pelos mesmos demônios e estaremos sempre enclausurados dentro de nossos próprios limites cognitivos. É triste e belo ao mesmo tempo pensarmos que estamos sozinhos no universo. Isso só aumenta a nossa responsabilidade para com a vida.

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