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Momentos difíceis

Quase morri! Tá, isso é um tanto exagerado. Vamos reformular. Não cheguei perto de morrer literalmente, mas a simples possibilidade — à luz do que vivi — já foi o bastante para me assustar. Mas posso afirmar, sem hesitação, que algumas coisas morreram dentro de mim: certezas, inseguranças e, inclusive, muitos medos, pois o medo maior que temos já estava à espreita, rondando, se esgueirando sorrateiramente, sem que eu pudesse fazer nada. Pois bem, não morri, pelo menos não ainda, mesmo porque, caso contrário, não estaria agora escrevendo estas palavras. Se você me perguntar se eu aprendi alguma coisa com tudo isso, se me tornei uma pessoa melhor, mais sábia, daí eu não terei como lhe dar nenhuma resposta; só o tempo dirá. Talvez eu tenha aprendido uma ou outra coisinha, como, por exemplo, que estar saudável é muito melhor do que estar doente, que estar vivo é muito melhor do que a outra opção. Minha intenção não é fazer uma reflexão aprofundada sobre o tema, mas sim ter aqui uma convers...

Recordações

Num dia desses, estava eu a recordar o passado, um tanto longínquo, que aos poucos se desvanece à ação lenta e contínua do tempo. E, aos poucos, fui mergulhando num mar de doces recordações pueris, alegres peraltices e não poucas imaginações. Neste revolver das minhas reminiscências senti-me assaz extasiado, imensamente contente por compreender que nada na vida é em vão vivido, podemos sempre trazer de volta os doces momentos vividos e, por que não, ao trazê-los de volta à flor da mente experienciarmos outra vez as alegrias e dores de outrora, certamente não com o mesmo sabor de novidade e incerteza que existe somente no instante presente, mas com aquele prazer de analisar e buscar entender qual eram as forças que nos moviam, quais sentimentos verdadeiramente nos agitavam e o que de fato acontecia. 
Ao passo que estas recordações vinham à tona em meu consciente, fui percebendo as alterações da vida, a meninice já um tanto esquecida, o espírito otimista e brincalhão que para trás ficou, e tal agitação tomou conta de mim de uma forma tão intensa que acabei deixando cair uma pequena e contrita lágrima. Foi como estar a contemplar um espelho e ver que as marcas do tempo em muito apagaram em meu espírito a jovialidade da tenra idade. Quem assim ler estas minhas palavras com certeza há de pensar que quem as escreve é por certo uma pessoa de muitas primaveras, mas não, não sou um homem velho, entretanto a aspereza e conflitos da vida, de certa forma, nos embrutecem o espírito e nos tornam por assim dizer uma sociedade decrépita. 
Ao passo que penso não ser necessário cair em alguma fonte do rejuvenescimento, muito menos querer aparentar uma idade ao qual não temos, devemos, pois, buscar no recôndito de nossa alma a essência da vida, reconstituir em nós a chama da esperança, a alegria sincera e espontânea da criança que há dentro de cada um de nós, pois com certeza debaixo do pó e dos escombros do coração humano ainda existe com certeza os resquícios de uma esplendorosa civilização. É uma questão, em minha opinião, de valorização do que temos de mais precioso, mas a cada um cabe a sua interpretação. 
Neste dia, terminada estas minhas reflexões, silenciei-me por fim.


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