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Mostrando postagens com o rótulo Reflexões

Minimalismo – Simplificar é preciso!

As bagagens mais pesadas ficaram pelo caminho. A viagem foi excruciante e necessária. Porém, quando chego em casa, percebo que ela não está mais entulhada; no chão recém-encerado brilha uma paz esquecida; nas paredes, há pinturas com paisagens adocicadas e, no meu peito, um sentimento de quietude. Vejo comida sobre a mesa: sobretudo frutas frescas, sucos e pães. O cheiro que me envolve é de café matutino e de flores faceiras. Tenho, com um atraso imperdoável, a profunda noção de que, finalmente, tenho quase tudo o que preciso.

O FIM

Não quero cantar o fim da poesia Meu coração nômade tudo destrói É como uma segunda natureza, algo imprudente e descontrolado Estou cheio de verdades nunca ditas, de fiascos iminentes Há medo e pedras afiadas sob meus pés Cada passo é mais um passo rumo a um lugar sem nome Toda respiração é uma breve subida à superfície sem fim de tudo.

Passo a passo

Eu ainda respiro porque estás aqui. Não sei o que eu… Nem quero pensar nisso. Tudo o que eu preciso é dizer teu nome, ouvir teus passos lentos vindo em minha direção e sentir teu toque delicado em meu rosto.   Penso tão pouco hoje em dia. Não perco mais tempo com discussões inúteis, com argumentações intermináveis. Não quero estar certo o tempo todo, quero apenas ter um pouco de paz e ver todas as coisas como elas realmente são.   Não há muito o que eu possa fazer para resolver todos os problemas do mundo; há tanta indignação e ódio por todos os lados.   Tento sentir de tudo um pouco, tento não ser indiferente, mas parece que me falta alguma coisa, sempre.   A vida é o que é; e que bom que estás aqui.

A Ilusão da Permanência

Fico irritado sobremaneira, depois a nuvem passa. O problema era outro: não ver além da vidraça. *** Tenho uma doce devoção pela flor que se desfaz; mas queria ser poesia eterna, e não apenas um verso tão fugaz. *** Mesmo sendo nuvens passageiras, ousamos ser mais do que antes; ser a união de corpos e corações, ser o puro delírio dos amantes.

Força vital

Uma febre sem razão, uma oração sussurrada, um delicado desejo de falar e ser finalmente ouvido, de amar e não ser julgado, um não sei quê de força descomunal. *** Estrelas queimando em um cosmos de um vazio infinito; pessoas e planetas vagando, aparentemente, sem nenhuma direção; vidas que se perdem em si mesmas, alheias ao brilho da poesia e da flor. *** Campos vazios e homens calados; tempos de ira, ressentimento e desamor. *** E bem lá no fundo, coberto pelas cinzas do atraso, uma vontade perene, uma chama que não se extingue, um mundo prestes a ser redescoberto.

desleixo

Esqueço as palavras e quase perco os sentidos. Não sei mais o que faço, só sei que vivo nas entrelinhas, perdido, fora de compasso. Trago comigo, simplesmente, esperanças de nanossegundos, náufragos devaneios de éons e o absurdo divino do presente instante. Quero ver através de olhos alheios, quero me perder na infinitude de coisas que desconheço e, mais uma vez, sentir o chão sob meus pés. Não há nada a ser dito, lido ou proclamado, nenhuma canção, ruído, som, apenas o silêncio etéreo de bombas que nunca explodirão.

Sobre as evanescentes convicções

Um dia eu pensei que estava certo. Ledo engano; sempre estive errado, e continuo errado… e errando. Errarei até o fim. Talvez, até mesmo depois.

Triste Holoceno

Me aventuro em meu próprio jardim tentando todos os dias, e mais uma vez, cumprir a tarefa hercúlea e infrutífera de regar a flor da felicidade alheia.   Estou sempre triste, ou alegre, pelos motivos errados. Demonstro pouco e sinto muito, mas às vezes o contrário também me acontece.   Hoje, a noite está fria, e não há estrelas no céu. Ouço vozes ao meu redor, vejo vultos, gestos e símbolos, mas não consigo captar nenhum significado.   Gritos silenciosos, silenciados, por toda parte; muita informação e pouco conhecimento; e, sobretudo, muito barulho para abafar tudo o que não seja alegria, sucesso e modernidade.

Sem nome

Às vezes o silêncio é apenas silêncio, e a inquietação perscruta sorrateiramente os recônditos insalubres da alma.   Lúgubres imagens de outros eus , espectros desfigurados, cacos de esperança que não se sustentam.   Verborragia pura, um niilismo infantil, um andar sem chão.   Eu, simplesmente eu, desconexo, iracundo, obsessivo. Eu, sem você, desnudo.

AURORA

Deuses que podemos tocar, mundos que podemos ver, imperfeições que nos fazem humanos: tudo parte da comédia divina e mundana do cotidiano. Sou um pagão, um herege, caminhando entre lobos, entre criaturas que dançam no escuro. Para além do dionisíaco e do apolíneo, do sagrado e do profano, um senso de que só a impermanência realmente permanece, de que o nosso tempo está se esgotando. Prazeres secretos, curas para aquilo que não há cura, sonhos que mais parecem pesadelos; sucessão absurda, poema pretérito.

Apatia

Alterno entre a apatia e a irritação, depois varro as migalhas de afeto para debaixo do tapete. Você não está aqui comigo, ninguém está; são apenas telas escuras refletindo pálidos reflexos. É sempre a mesma coisa, dia após dia, um verdadeiro freak show : guerra, pandemia, fake news , ignorância travestida de militância. E eu olho nos seus olhos mais uma vez, mas você não me vê. *** Um silêncio aterrador se esconde por trás do espelho.

Um dia

Um dia sem amor, apenas um... *** Por todos os lados, pessoas que nunca saem do personagem, que nunca abandonam o script ; ficções de uma vida heroica, cheia de valores e virtudes, em um mundo caótico e sem sentido; facções que se digladiam, dia após dia, incessantemente, por um naco qualquer que seja de fama e poder. *** Um dia de loucura e frêmito, um dia de ousadia; bem, quem sabe um dia.

Ouroboros

Para além do mundo físico, deixando para trás traumas e contradições, eu vislumbro vida e destruição, morte e renascimento. Há um oceano dentro de mim, uma natureza cruel e indiferente, um ciclo infinito de caos e ordenamento. Sinto um esvaziamento completo, um silêncio obliterante; tudo parece tão sereno e doloroso, tão puramente apocalíptico. *** Lábios frios, falso horizonte, águas calmas; ah, caro Caronte. ∞

Pequenas Grandes Metas

Livrar-se da feiura e romper toda clausura; seguir os caminhos da beleza e não ter mais qualquer certeza, sobretudo certeza devoradora e absoluta; entrar na ignota gruta e sair de lá diferente; gritar com a atrasada gente e nunca, jamais, em hipótese alguma, nunquinha mesmo, olhar para trás.

Randomicidade

Nada, absolutamente nada, antes ou depois. No meio, dor e amor imensos. Sem pátria nem cátedra, apenas láudano e pântano. Vapores translúcidos e sóis multicolores onde garotos e garotas bonitas vagam, perdidos. Um sulco aberto na alma, um vazio preexistente e, no mais, pura aleatoriedade.

A Estrada da Desolação

O passado parece irrelevante, e a minha mente vaga no além-horizonte. Fragmentos de uma possível existência, caminhos bifurcados e incompreensíveis, ledos enganos que nos empurram para frente, mas nenhuma seta ou indicação. Meus pés sangram à beira do caminho, e mais uma tempestade se aproxima; preciso continuar, não posso desistir, mesmo não tendo para onde ir.

Janeiro

Janeiro – quente e chuvoso –, que sempre quer mais, que nunca se satisfaz. Lânguidas tardes que não terminam; pessoas que não dizem nada de interessante. Tédio nas noites modorrentas. O céu está mais uma vez carregado de nuvens escuras, e aqui dentro também está escuro. Chuvas torrenciais, alagamentos, dilúvio.

Sem sinal

Desconectado, fora de área, sem serviço... Na noite, incomunicável, ouço apenas silêncio, dor e pranto. Você não está mais aqui. Na verdade, quase todos já foram embora. E, por incrível que pareça, o desespero ainda não tomou conta de mim. Não vivo uma vida cor-de-rosa, não fico cantarolando canções de amor e ódio, mas nem por isso desmereço o pouco que tenho; há certas coisas que não eram mesmo para ser. Bem, sei lá. Tento mais uma vez ligar pra você, mandar uma mensagem, um áudio... (Sim, eu sei: Pura incongruência!) E continuo desconectado, fora de área, sem serviço...

Amor & Sentido

Se eu não amasse tanto a vida, já teria partido sem destino, fincado minha bandeira no solo infértil da amargura, abandonado de uma vez toda e qualquer canção de amor. Ah, se eu não amasse, se de tudo eu duvidasse, quão mísera seria a minha existência, quão patéticos seriam os meus dias. Há algo de muito leve, transbordante, no ato de doar-se; sair de si mesmo é como abrir asas e voar, é descobrir o encanto ao redor. Doce pode ser a vida para além dos muros, grades e cercas de arame farpado que muitas vezes edificamos para nos proteger.

Saudade

Não há mais o que dizer, fazer; dor, saudade e luto se misturam com a perplexidade deste momento. Mês de maio, frio, chuva, silêncio... Ainda ontem você estava aqui, simples e amável, me ensinando as coisas da vida. Ainda ontem você me embalava com canções de carinho e aconchego. Hoje meus olhos estão embaçados, meus dedos, trêmulos, minha vida, triste. *** O vento da estação sopra mais uma vez, e tudo parece tão igual – quase normal –, as mesmas pessoas, as mesmas ruas, e as mesmas conversas. Tudo tão igual...

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