Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Em nossas tardes deleitosas,
o surgimento de afinidades eletivas,
a fusão de almas que se atraem.
Um souvenir na penteadeira,
um antigo livro na estante;
uma agradável reminiscência,
uma poética dedicatória.
Ao som da tua voz equidistante,
uma sucessão de ideias, sensações e sentimentos;  
perto mesmo que longe,
vida além-horizonte.
Ermos sítios do espírito à espera de uma luz;
tu és para mim aquilo que nunca se traduz.


junho 28, 2020 No Comments
Alegria de nada fazer,
de repousar nos teus braços,
de ouvir tua voz.
És remanso acolhedor,
luz benfazeja,
sacrário de ternura.
Com teu toque delicado,
afastas a noite perene,
desanuvias meu humor.
Mergulho de cabeça no leito das horas,
flutuo em meio a um céu de doces sensações;
desejo ardentemente que o dia não termine.
Absorvo mais uma vez o aroma de tua essência indecifrável,
deixo teu olhar aquecer minh’alma;
diante de ti,
no silêncio da passagem inexorável do tempo,
sinto a quase completude do ser. 


junho 21, 2020 No Comments
Sou uma vítima de minhas próprias expectativas,
um artista a produzir um mundo às vezes edulcorado,
um servo voluntário de um amor desfeito.
Na memória, empolgações fugidias de uma noite sem verão;
neste momento, o contínuo tédio das horas tristes que nunca me abandonam.
Feridas, mágoas, cicatrizes;
um vívido pesadelo que não passa.
Vou adentrando pouco a pouco no terreno insólito de uma solidão que se faz cada dia mais aguda e sufocante.
Há muito já se passou o tempo do desespero, do grito e da convulsão;
trago comigo apenas uma esperança desesperançada
e um vazio crescente ao longo desta eterna madrugada.


junho 14, 2020 No Comments
Na face oculta do medo,
há um ódio arraigado prestes a eclodir.
Quando palavras sem sentido,
cicatrizes invisíveis,
ressentimentos e humilhações
pululam em um interior dilacerado,
algo de inominável toma forma.
Lágrimas de sangue,
iracúndia, irracionalidade,
tudo vem de uma vez só,
extinguindo qualquer réstia última de luz.
E a escuridão se torna onipresente:
bestas-feras saem de seus covis.


junho 03, 2020 No Comments
Prados verdejantes, oh, bucólica lembrança
Do tempo em que éramos pastor e pastora
(Glauceste e Nise,
Marília e Dirceu,
Elmano Sadino...)
E vivíamos num frugal cotidiano,
Longe do ritmo frio e incessante do moderno maquinário,
Mas perto do calor ardente de uma reciprocidade irrestrita.

Oh, colina árcade de minhas reminiscências,
Onde eu era um artesão das palavras,
Um flautista alvissareiro a reverenciar,
Com meu singelo canto,
A natureza, o equilíbrio e a perfeição.

Nos campos helênicos cheio de flores,
Ou entre as minas de um ouro colonial,
Preenchia-se o pavor do vazio
Com odes, sonetos e canções.

Cinzas de outrora, poesia esquecida;
Nada mais restou daquela outra vida.


junho 02, 2020 No Comments
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