Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Quero ser mais sincero comigo mesmo.

Quero começar e terminar muitas coisas.

Quero pisar na relva molhada e ter um pouco de paz.

 ***

Não quero sondar os pensamentos alheios.

Não quero viver acorrentado aos desejos de terceiros.

 ***

Quero estar na fronteira última do mundo,

atravessar o fogo que nos separa,

flutuar no vazio da infinitude.

 ***

E, sobretudo, quero um querer que não esfrie.




maio 19, 2023 No Comments

Você vive em minhas memórias,

habita o recôndito sagrado dos meus pensamentos,

perscruta o abismo do meu ser.

***

Tudo é igual e ao mesmo tempo diferente;

é tão difícil agora seguir em frente.

 ***

Aqui é Tudo;

após, o Nada que assombra o Mundo.

***

Caminho, desnorteado,

por entre narrativas confusas,

visões utópicas

e mentiras descaradas.

Caminho… e descaminho.





abril 23, 2023 No Comments

Demorei muito pra chegar até aqui:

anos de sofrimento,

quedas e silêncio.

Posso agora tocar os astros,

ouvir o som das esferas,

ultrapassar o mar da solidão.

Posso olhar para trás sem remorsos

e para frente sem ansiedade.

Posso, enfim, ceder;

ser derrotado mas mesmo assim vencer.




março 26, 2022 No Comments

Debaixo do sol ofuscante do meio-dia,

segredos que não posso ver,

verdades que não posso tocar.

Nas retas curvilíneas das perguntas sem respostas,

fantasmas e sombras,

correntes e grilhões.

Estilhaços por todos os lados;

reflexos de uma existência sem sentido.

O absurdo vai crescendo aos poucos,

como um musgo,

tomando conta de tudo.

***

E o caminho está fechado,

obliterado, pra nós.




fevereiro 28, 2022 No Comments

Uma delicadeza transgressora

Uma carícia displicente

A Flama, a Lama, o Medo

Solo agreste da Alma

***

Muitas vezes a poesia não flui,

e as musas se calam:

insipidez e escuridão

***

Sofrimento, cinzas, mais sofrimento

Palavras em um dialeto estranho

Flores murchas no canto da sala

Imagens, sons, cheiros – inquietude –

***

sonhos dispersos e papéis avulsos




dezembro 26, 2021 No Comments

Silêncio. Eu tentei, juro que tentei,

mas você não me ouviu,

nem mesmo disfarçou a sua indiferença.

 

Desespero. Nas tristes horas da noite,

eu vislumbro o açoite da desesperança,

dilacerando sonhos e expectativas.

 

Solidão. As cortinas estão fechadas,

e meu corpo, definhando,

angustia-se com o nada que me consome.

 

Aurora. São tantas as portas,

tantos os caminhos da solidão, ou do coração;

tento apenas quebrar o ciclo uma última vez.




novembro 14, 2021 No Comments

É o fim. É o fim de tudo, eu sei.

Quando eu voltar, você não estará mais lá;

casa vazia, coração em pranto,

e nas mãos o açoite da realidade.

Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos,

calado, ouvindo palavras que você nunca disse,

tentando, em vão, me iludir.

Nas estantes, livros cheios de traços e traças;

nas paredes, fotografias em preto e branco.

As gavetas estarão vazias,

a cama estará desarrumada,

minha vida, desaprumada.

O tempo começará a desmoronar,

e eu me sentirei despatriado,

perdido dentro de mim,

caminhando rumo a lugar nenhum.




junho 13, 2021 No Comments

Eu espero um pouco mais,

tento não me desesperar.

Horas se tornam dias,

dias se tornam anos,

e o silêncio reverbera,

e luzes rarefeitas escoam pelas frestas do tempo.

Lá fora o vento frio do outono sopra indiferente,

já aqui dentro sinto uma solidão dilacerante.

Estou tentando ser mais paciente, menos intransigente, mas não está sendo fácil.

***

Desidealizar o amor, as amizades, a vida;

é preciso ser aquilo que se precisa.




abril 22, 2021 No Comments

Nas asas da loucura,

seguindo na contramão,

eu estou à beira do meu leito,

quase caindo em mim,

quase achando alguma solução.

Todo dia as mesmas notícias:

necrose, ignorância e incivilização.

Tomo mais trago deste mal ardente;

em devaneio, penso no próximo carnaval.

Não quero mais isso

nem quero mais aquilo.

Anacronicamente, e de uma vitrola improvável,

ouço a voz renitente de Sérgio Sampaio:

“silêncio na tarde dos homens, silêncio”




abril 17, 2021 No Comments

Caminho para lugar nenhum

Um olhar vazio, distante

Você nunca está lá

Os salões cheios de passageira esperança

Festiva loucura que não termina

A angústia como uma lâmina afiada

Quinquilharias que junto pouco a pouco

Triste, pálido (e contínuo) dia de inverno

O grito não sai

O odor permanece

Só agora começo a entender a sua doce insensibilidade.




janeiro 26, 2021 No Comments

Vagando entre as criaturas da noite,

com um coração petrificado,

vejo lúgubres figuras,

sonhos terríficos,

o passar dilacerante do tempo.

***

Tento – sem nunca conseguir – acabar com tudo,

com a viscosa esperança que me persegue,

com a consciência de que não há caminho de volta.

Até agora nenhum sintoma aparente, febre ou loucura;

a normalidade se mostra em toda a sua triste magnificência.

***

À sombra de um cipreste,

longe de qualquer presença humana,

contemplo o vasto e indiferente céu outonal.




setembro 28, 2020 No Comments
O cadafalso à espreita
a busca por um sentido
viver é, antes de tudo, impreciso
Uma ponte sobre o rio das lágrimas
um voo cego e cheio de vicissitudes
o luzir da esperança
Torrentes de desejos versus claustro da retidão
perpétua labuta para afastar a entropia
o vil desordenamento
o caos lento e inevitável.


agosto 26, 2020 No Comments
Sou uma vítima de minhas próprias expectativas,
um artista a produzir um mundo às vezes edulcorado,
um servo voluntário de um amor desfeito.
Na memória, empolgações fugidias de uma noite sem verão;
neste momento, o contínuo tédio das horas tristes que nunca me abandonam.
Feridas, mágoas, cicatrizes;
um vívido pesadelo que não passa.
Vou adentrando pouco a pouco no terreno insólito de uma solidão que se faz cada dia mais aguda e sufocante.
Há muito já se passou o tempo do desespero, do grito e da convulsão;
trago comigo apenas uma esperança desesperançada
e um vazio crescente ao longo desta eterna madrugada.


junho 14, 2020 No Comments
Na face oculta do medo,
há um ódio arraigado prestes a eclodir.
Quando palavras sem sentido,
cicatrizes invisíveis,
ressentimentos e humilhações
pululam em um interior dilacerado,
algo de inominável toma forma.
Lágrimas de sangue,
iracúndia, irracionalidade,
tudo vem de uma vez só,
extinguindo qualquer réstia última de luz.
E a escuridão se torna onipresente:
bestas-feras saem de seus covis.


junho 03, 2020 No Comments
Angústia, tristeza, solidão,
fim do mundo,
falta de sentido,
isolamento autoimpingido;
quero encontrar algo que me distraia da realidade.
Nada posso contra o caos que me atordoa;
a noite é longa, e o sono não chega.
Por ruas desertas, o perigo se esconde em cada canto,
já o silêncio se torna um incômodo, um abismo exasperante.
E a vontade não morre, apenas hiberna,
aguarda o momento propício,
o tempo de reaproximação.  


março 29, 2020 No Comments
Olvidar a angústia que me rasga a pele,
a sensação de que algo me persegue,
deixar para trás a memória,
a vida, sonho.
Não há muito mais o que se fazer;
mergulho de uma vez por todas no nada que me engolfa,
que me emudece, fazendo-me aos poucos desaparecer.
De repente, e de forma previsível,
o silêncio se faz pungente;
tenho o que preciso, mas não aquilo que mais queria. 


março 05, 2020 No Comments
Estou sem chão,
sem horizontes,
em queda livre...
Perdido no espaço que nos separa,
eu me encontro aturdido, cansado;
sou uma sombra, um presságio.
O tempo passa apressado,
uma casa sem alicerces rapidamente afunda,
e eu, dia após dia, arrefeço pouco a pouco.
Está tudo diferente, mas também igual.
Ainda é dia, mesmo que não haja mais alegria, sonho ou sol.  


fevereiro 15, 2020 No Comments
você veio com o vento
chegou de mansinho
sem que eu percebesse
preencheu os espaços vazios
acendeu todas as luzes
fez o que queria

você sumiu com o vento
foi embora de repente
sem dizer adeus
deixou o que não tinha
criou uma lacuna
fez nascer um entorpecimento
e um não sei quê
que me aperta sem cessar o peito

(... vidas vividas no silêncio.)


janeiro 12, 2020 No Comments
Tabuletas de argila,
pergaminhos esquecidos,
códices medievais,
livros impressos,
eis um mundo redescoberto.

Jornais, revistas, panfletos;
uma profusão de palavras e significados.
Bits e bytes, blogs e redes – acesso instantâneo;
o leitor transubstanciado em autor,
uma democracia conturbada.
– Como cansa tudo isso!

Ah, os clássicos, um acesso ao passado,
uma luz para o futuro.


dezembro 03, 2019 No Comments
A taça se estilhaçou,
só sobraram palavras vazias,
cacos pequeninos de uma história que se desfez.
Na pressa de limpar, de virar a página,
acabei cortando o dedo em um pedaço de memória;
tantos fragmentos:
confissões, risos, olhares que valiam por discursos inteiros...
Sinto que me despedacei também;
me transformei em poeira,
fui levado pelo vento.

Não tenho mais ilusões;
eu sei que me perderei outra vez em outro alguém. 


novembro 24, 2019 No Comments
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