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Confronto

Eu pensei que eu pudesse,
com o poder da minha vontade,
subverter a ordem preestabelecida.
Eu acreditei firmemente em tudo
o que me dizia o meu coração;
segui os seus impulsos, deixei-me levar.
E, apesar de todos os ventos contrários,
dizia sempre a mim mesmo: “A vida é bela!”.
Mas como na vida tudo é efêmero, fugaz,
de um dia para o outro vi mundo desabar.
Meus castelos, meus sonhos, minha esperança,
tudo reduzido a pó, destruído para sempre.
Passei a trilhar um caminho real e doloroso:
a via-crúcis da minha purificação.
Precisei sentir na pele todo o desprezo,
toda a dor da existência, toda a ausência,
para, enfim, estar completo para enfrentar
o Dia da Grande Solidão.


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Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

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