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Poeira das Estrelas

Vida: Partícula infinitesimal suspensa no oceano do espaço-tempo, sofrendo variações quânticas em nível subatômico, regida por forças ainda desconhecidas pela ciência; eterno mistério patente e, ao mesmo tempo, latente. Na vastidão incomensurável do Universo, seguimos a nossa estrela. No pálido ponto azul, nos alegramos e nos aborrecemos, aprendemos e brigamos, crescemos e morremos. Relembrando um antigo filósofo, apesar de tudo, ainda somos a medida de todas as coisas. Parêntese: Realidade objetiva realmente existe, mas preferimos muito mais nadar nas águas da subjetividade.

Criticidade, sim; cretinice, não!

Na era do conhecimento wikipédico, sabe-se de tudo um pouco, e tão pouco de tudo! Vivemos num mundo repleto de informações isoladas e desfragmentadas que, no mais das vezes, acabam nunca se agregando em um corpo maior de saberes. A superficialidade ganhou ares de totalidade; ninguém mais quer mergulhar em águas mais profundas. Todos estão satisfeitos com o pouco que compreendem do mundo. Filosofia, ciência, política, economia, história, artes, tudo agora está coberto por uma espessa camada de poeira.   "A Primavera" de Sandro Botticelli

Finitude

averno, inverno, ocaso efêmera jornada entre dois abismos luta desenfreada por mais vida despedida sem aviso-prévio sonhos, suor e lágrimas imanência e transcendência História, ciência, arte, amor, tudo em busca da imortalidade.

Demagogia, eu não quero uma pra viver!

No mundo em que vivemos (e a História não se esforça em me desmentir), parece que aqueles que discursam sobre a paz são quase sempre os primeiros a se armarem para a guerra; que aqueles que defendem a liberdade são, notadamente, os mais opressores; que aqueles que se autointitulam portadores únicos da virtude e de uma suposta superioridade moral são impreterivelmente os mais execráveis.

Passado

Memória e imaginação. Ilusão e realidade. Uma construção narrativa, um vívido simulacro formado por quiméricas e reais lembranças. Criamos sempre um mundo à parte... Todas as nossas tentativas de reviver o passado provocam uma fratura no tecido do real, gerando, desta forma, uma nova história, uma nova interpretação, que é pautada por sentimentos e emoções, alegrias e lágrimas, e, principalmente, por uma vontade inexorável de preservação.

Da Coita de Amor ao Big Freeze

Quantos já se enamoraram de ti? Quantos por ti suspiraram? Eu fui apenas mais um dentre tantos. Na constelação de tua vida, minha estrela sempre teve um brilho parco. Expansão, esfriamento, entropia... Tudo se perderá um dia.

Ciclo Vital

Desde os tempos mais remotos – passando pelos povos mesopotâmicos, por fenícios, egípcios, gregos, romanos e medievos – até o nosso atual mundo “moderno”, domamos quase tudo, menos o nosso eu interno. De Prometeu recebemos o fogo olímpico, e cultivamos o progresso: medicina, automóvel, avião, computadores e... guerras. Apesar de tantas mudanças, tudo sempre se repete. Dia e noite; trabalho e descanso. Vida e morte; alegrias e tristezas. Apesar de todo o tédio pós-moderno, precisamos valorizar cada etapa; o efêmero torna tudo mais concreto.

Assaz, assaz, assaz... (Palavra esquecida)

Assaz pedante, assaz irritante, assaz amável, assaz amigável, assaz avaro, assaz amaro, assaz ingrato, assaz sensato, assaz límpido, assaz ríspido. Causa, motivo, razão ou circunstância: unicamente usar a palavra assaz.

Insônia... Insânia...

sucessão ininterrupta de horas, minutos e segundos movimento perpétuo rumo ao desatino labirinto kafkiano falsa impressão de imutabilidade tudo, em suma, resultado da privação do sono e da nossa precariedade.

Ruínas

Olvidar é preciso; recordar, também. O inevitável oblívio, sempre que possível, é continuamente postergado. Apesar de toda corrosão, algo permanece intacto. Resistir, eis o verbo exato.

O Vento da Mudança

No crepúsculo de uma época, sentimos a leve aragem de um tempo de mudança. Inexoravelmente, vemos o passado insepulto em seus últimos estertores, e lutamos por um futuro melhor. Perguntamos por que demorou tanto; indagamos o porquê de tantas lágrimas, tanta dor. Do passado ruminado e repisado nasce aquilo que se pode verdadeiramente chamar de novo.

Incomunicabilidade

Preso a uma redoma de vidro, sentindo a obliteração, alheio ao sofrimento de outrem, eis a nossa mísera condição. gritos no vácuo sideral linhas cruzadas conversas paralelas cacofonia de ideias Todo toque é intangível; cada ser, inacessível.

As marcas do Tempo

Pelos pântanos da memória fluem lembranças enevoadas de um tempo em que se ria entre pessoas mui amadas. Tudo passou tão rápido; ficaram apenas as barricadas. Não se retoma o tempo ido. Todas as vidas estão marcadas.

Noite vazia

Na fantasmagórica noite vazia, homens lúgubres e inebriados, sob o véu diáfano da fantasia, libertam-se de seus cadeados. Porém, o sonho efêmero e forte, que, do crepúsculo à alvorada, os guiou nesta louca madrugada, exala apenas um cheiro de morte. A realidade revela-se intransigente; o jeito é abandonar a leda euforia, tendo apenas uma coisa em mente: a vontade de viver a próxima alforria.

Divergente

Num mundo supersticioso, progressista e multiculturalista, ser uma pessoa cética, liberal e com valores morais bem definidos é uma tarefa realmente difícil. Mais fácil é seguir o fluxo. Porém, – cuidado! – aceitar com docilidade que a unanimidade imbecilizante seja o único caminho possível, deixando de lado qualquer análise crítica, é a melhor forma de perpetuar o falso progresso de nossos atuais dias. Ou estocamos vento em nossas cabeças, ou estocamos conhecimento e sabedoria. Lembremo-nos sempre que todo saber que não é, ou não pode, ser questionado, evidentemente, saber não é; trata-se apenas de doutrinação e mistificação, nada mais.

Sonambulismo

Mortos-vivos caminham pelas ruas anestesiados de prazer e tédio. Sem nenhum horizonte ou perspectiva, vagam em contínua agonia. Acham que não existem mais valores; que agora tanto faz ser bom ou mal. Pensam que todos os caminhos se assemelham, pois, para eles, o fim é sempre igual. Tornam-se, assim, escravos da própria vitimização; responsabilidade individual, é claro, está fora de questão.

Fugacidade

Contemplar o vazio absoluto e relativo que transborda, em meu cálice, seu teor impoluto. Vívidas imagens fugidias, esperança natimorta, nuances esquálidas do passado. Sorvendo até a última gota, suspiro fundo. Novamente, no cais hodierno, a maré vindoura está a arrebentar.

Manifesto

Silenciem os deputados, silenciem o Congresso, silenciem os poderosos, este é o nosso manifesto. Convoco a todos a um grande protesto: não à corrupção, sim à ordem e ao progresso! Até quando sofreremos com a falta de acesso à educação, saúde, trabalho e teto. Precisamos de algum ato concreto, e não de discursos e palavras em excesso. Dizem que quem cala, de certa forma, consente; e, apesar da falta de ética, das CPIs e do Petrolão, a nossa alegria continua sendo a seleção! Não podemos agir de forma tão displicente, precisamos mudar urgentemente a nossa atuação; o princípio de toda mudança é a conscientização.

Mistério e Magia

Muitas vezes, ignorar certas coisas pode ser também uma atitude inteligente. Ver tudo, com certeza, é um ato de cegueira. Devemos, sim, desvendar racionalmente o mundo que nos cerca, porém, sem destruir, em nossas vidas, as necessárias zonas de mistério e magia. Desvelar tudo, iluminar todos os cantos da vida é o mesmo que morrer antecipadamente.

Navegar

O homem entregue, sozinho, às suas próprias intempéries tende a soçobrar. Porém, o que não podemos negar é que cada um luta a sua própria batalha existencial. Não há muito o que se fazer, neste sentido, pelo próximo.

O Inverno da Alma

Olhar e não ver, ver e não sentir, sentir e não amar, amar e não ouvir o anúncio inequívoco, verdadeiro e sincero, que prediz a Primavera.

Terno, eterno olhar...

Suave, sublime, diáfano, encantador; enfim, o meu hiperbólico falar, deveras adjetivado, assaz pretensioso, em nada contribui para desvelar o mistério imanente, transcendente e, por que não?, resplandecente, que envolve os miríficos e mesmerizantes, vivos e cortantes, olhos teus.

Brasil do amanhã que nunca chega (Paródia)

Tire suas mãos do erário público; ele não pertence a você. Não é se comportando assim que você irá se reeleger. Entenda, a Democracia é o único caminho; o tempo dos totalitarismos já acabou. Você pode até teimar, espernear... Acho que isso é só rancor. Será só conspurcação? Será que não há nada a se enaltecer? Haverá sempre mais corrupção? Vamos, com isso, alguma coisa aprender? Nos perderemos entre ideólogos e pensadores de péssima, sofrível formação, que, com mentiras rotineiras, solaparão toda forma de razão. Sonharemos acordados, alienados, pensando que já encontramos a solução: "Acabar, revolucionariamente, com o Capitalismo, antes que ele destrua toda a civilização." Política pra quê? Para as instituições, assim, fortalecer, para a liberdade de imprensa florescer, para ver o populismo, no Brasil, fenecer. Só o Estado de Direito pode nos proteger. Precisamos, sim, responder pelos erros atuais. Vitimar-se, dele...

Relativismo

Hoje em dia, o relativismo é muito exacerbado; ninguém tem mais certeza sobre nada. Há metamorfoses ambulantes por todos os lados. Porém, não é pelo fato de que não podemos ter certezas absolutas (aliás, nem devemos tê-las) que, por outro lado, precisamos chegar à conclusão minimalista de que se é impossível chegar a qualquer certeza por menor que ela seja. Eu sou um eurocêntrico de carteirinha; acredito que, apesar dos vários problemas existentes, a cultura laica ocidental derivada principalmente do Velho Continente é o que de melhor se produziu durante toda a história das civilizações humanas. Porém, aos poucos, estamos nos autodestruindo, pois estamos perdendo o sentido de tudo, caindo assim no poço sem fim do niilismo. Estamos nos tornando uma sociedade infértil, sem objetivos e sem metas. Questionamos e destruímos tudo, mas somos incapazes de criar algo novo. Não conseguimos ressignificar nada. Objetivos pessoais são imprescindíveis, porém não podemos viver completamente s...

Oceano das Ilusões

Vivemos em um oceano, nadamos freneticamente, dia após dia, mesmo sabendo que, ao final, iremos todos, impreterivelmente, nos afogar. Não há, evidentemente, um porto seguro , uma costa amiga, apenas água por todos os lados, água até onde a vista alcança. Abaixo, as profundezas abissais; acima, a imensidão azul de um céu inalcançável e indiferente. O medo e o pavor do afogamento, proveniente principalmente de um forte desejo de autopreservação, faz com que, braçada após braçada, continuemos a lutar por nossa sobrevivência. Neste sentido, seguindo um trajeto sem rumo, podemos encontrar alguns botes salva-vidas , como, por exemplo, uma missão ou um projeto pessoal, pois, como sabemos, é muito mais fácil prosseguir quando temos metas, quando sabemos para onde estamos indo, quando aquilo que fazemos tem algum significado, mesmo que seja um significado a posteriori . Por outro lado, podemos também encontrar verdadeiros Titanics , sistemas completos de significação, as chamadas ideologias ...

Vida

Agora tanto faz avançar ou retroceder, ir para a direita ou para a esquerda, todos os caminhos são iguais. Nada nesta vida parece realmente valer a pena. Toda luta é vã, toda glória é fútil, todo o nosso suor e trabalho inútil. A vida é vazia, ela não traz em si nenhuma significação. A vida é um abismo, um vasto oceano, um ermo deserto, a vida não é nada, e, no entanto, ela é tudo. Palavras do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém. Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? Uma geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste. O sol se levanta, o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta de novo. O vento vai em direção ao sul, vai em direção ao norte, volteia e gira nos mesmos circuitos. Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, eles continuam a correr. Todas a...

O Frontispício

A antiga fachada, sólida e enegrecida, mesmo estando hoje tão desvalorizada, carrega em si um prodigioso saber. Eras e eras sobrepostas, pedra sobre pedra. Construção coletiva, amálgama edificante, projeto sem projetista, conhecimento amontoado, tudo isso se encerra neste frontispício. Para que o novo não nasça com cara de velho, é preciso que respeitemos este antigo edifício. “Isto matará aquilo. O livro matará o edifício.” (Victor Hugo) Catedral de Notre-Dame de Paris

A arte necessária

A democracia é, evidentemente, a arte necessária para se chegar à paz. No entanto, antes de alcançá-la, precisamos percorrer um longo caminho repleto de conflitos, disputas, concessões, blefes, além de demonstrações de força e de poder, e, para isso, habilidades como paciência, bom senso, cautela e perseverança são imprescindíveis. No jogo democrático, assim como na vida, precisamos lutar incessantemente por aquilo que acreditamos. Diante das adversidades, a necessidade imperativa de proteger tudo o que nos é mais valioso deve sempre prevalecer.

O Outono das Lamentações

No crepitar das chamas, algo se anuncia; o labor recompensado, a colheita farta, o alvorecer de um novo e augusto dia. Passam-se os meses, ouve-se uma nova canção; triste e enfadonha, contínua e ritmada, ela ressoa internamente na fria madrugada. Laivos de tristeza, nódoas e mágoas... Vida e renovação, o silêncio e o nada.

O aspecto geracional

É engraçado quando as pessoas chegam à “inteligente” e evidente conclusão de que o egoísmo é a maior característica do gênero humano. “Cada um só pensa em si mesmo”, dizem alguns, é... parece que esta antiga verdade, por mais que o tempo passe, nunca perde o seu aspecto de notícia quentinha saída do forno. “Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para! Não para, não, não para!” (Cazuza - O Tempo Não Para)

Quem mexeu no meu queijo!

As ratazanas estão à solta; procurando queijo, mandando beijo, vivendo do suor e do trabalho alheio, elas se refestelam, não se preocupam com nada que não seja o próprio estômago. As ratoeiras estão todas quebradas e falidas; só nos resta esperar que elas tenham uma colossal indigestão.

Dogmatismo

A convicção cega de que se está sempre certo é o primeiro passo para a destruição de todo pensamento crítico e também o prenúncio do fim das liberdades, pois todo aquele que se acha com a total razão quer impor violentamente a sua visão de mundo aos outros.

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