Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Estar certo ou ser feliz – eis a questão. A grande maioria das pessoas prefere sem titubear a segunda alternativa, achando que assim poderão estar certas também, o que pode se mostrar um grande erro a longo prazo, pois a maior improbabilidade que existe é a probabilidade de que tudo esteja ao nosso alcance e controle. Não é à toa que o mundo é do jeito que é, e isso não é de hoje, quem sabe os homens do Paleolítico fossem bem menos lascados do que nós; a vida poderia ser muito mais dura naquela época, no entanto, devido sobretudo às necessidades de sobrevivência da espécie, não havia tanto tempo ocioso para ficar pensando em determinadas bobagens.  Mas voltando à questão inicial, os debates de ideias hoje em dia possuem quase sempre apenas um lado - geralmente o mais errado e estúpido. Ninguém quer mais procurar fatos e evidências. Refutar, aprofundar ou discutir algo dá muito trabalho, o melhor é aceitar que as coisas são como são, não duvidando de nada. Complicar pra quê, não é mesmo!? O melhor talvez seja ir tomar um sorvete, agora! Como dizem, o universo está sempre conspirando a nosso favor, é... talvez ele não tenha muito o que fazer.


agosto 28, 2016 1 Comments
Há muito tempo, numa galáxia muito, muito desimportante, num quadrante esquecido de um sistema solar ainda mais desimportante, encontramos um pálido ponto azul; ao nos aproximarmos, porém, um pouco mais, verificamos tratar-se de um pequeno planeta praticamente inofensivo e irrelevante. Os habitantes, quase sempre entediados, desse planeta queriam audaciosamente chegar aonde nenhuma espécie jamais esteve, pois achavam que assim, de alguma forma, sentiriam um pouco menos de tédio.
Para tal grandiloquente objetivo criaram e desenvolveram supercomputadores, foguetes, satélites, robôs e naves espaciais. Primeiramente, colonizaram a lua próxima, depois o planeta vizinho, o que consideraram apenas conquistas de pouca monta, por isso, ainda insatisfeitos, saíram em busca de planetas habitáveis fora de seu próprio sistema solar. E, para que esse intento fosse possível, construíram uma grande espaçonave usando toda a tecnologia e ciência acumuladas; uma nave totalmente autossuficiente para abrigar várias gerações dessa espécie audaciosa e entediada, pois, já que se tratava de uma viagem muito, muito longa, uma viagem na qual o curso inteiro de uma vida não era quase nada, a nave teria que ser um lar, mesmo que provisório, para os vários descendentes da equipe de bordo original.
A viagem inicia-se. Gerações e gerações se sucedem. Após muito tempo perdidos no espaço, enfrentando vários problemas técnicos, éticos e falhas no computador central, não encontram nenhum planeta que possa sustentar minimamente a vida, muito menos encontram outras formas de vida. A viagem prossegue. A imensidão e o vazio parecem não ter fim. O objetivo inicial da missão acaba sendo esquecido, e histórias e mitos, consequentemente, passam a povoar o imaginário dessa desalentada tripulação.
Centenas de anos depois, quando todos já não tinham quase mais nenhuma esperança, acabam encontrando um sistema solar com colônias abandonadas. Ficam todos eufóricos com a concretização de um sonho: realmente existe vida no universo, e vida inteligente! Procuram avidamente por todos os lados, mas só encontram resquícios de uma antiga e avançada civilização há muito extinta.
De repente, uma esfera de um azul estonteante é detectada pelos radares e sensores da nave. O computador central confirma a compatibilidade do planeta – finalmente um lugar habitável. Após uma aterrisagem perigosa, os sobreviventes desta longa jornada ficam extasiados com o que veem: imensas florestas, rios, mares e oceanos, além de uma diversidade muito grande de seres vivos, formada basicamente por animais estranhos com uma baixa capacidade cognitiva.
Curiosamente, em algumas partes desse planeta abandonado, ainda era possível encontrar pequenos sítios arqueológicos deixados pelos primeiros habitantes daquele mundo. Muitas hipóteses do que teria acontecido foram aventadas, contudo, com o tempo, até mesmo estas histórias acabaram no esquecimento. O planeta foi, aos poucos, totalmente colonizado.
Porém, apesar de tudo, o tédio ainda persistia.

agosto 10, 2016 No Comments
Uma avenida de ipês amarelos; um coreto com peixes coloridos; vários restaurantes e muita água rolando por baixo de uma velha ponte; uma igreja com suas colunas e altares laterais; um colégio e seu porão; um coração de fumaça desfazendo-se num céu de brigadeiro; uma estação de trem chamada vida; uma terra de amores, sonhos e alegrias...

agosto 06, 2016 No Comments
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