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Aurora

A poesia pairava sobre as águas,
e, de repente, do nada se fez tudo:
a terra, o céu, as estrelas, a lua e o sol,
e, em especial, o Éden e seus habitantes,
tudo instantaneamente.

A vida era harmoniosa e pacífica;
viviam todos no amor recíproco.
Porém, também de repente, do egoísmo humano
fez-se o ódio que desfez o encanto,
fazendo orvalhar do céu um pranto
que inundou o mundo de uma tristeza tão profunda
e tão penetrante, que fez com que, por muitos e muitos anos,
não nascesse uma flor sequer.
Naquele tempo, nem mesmo um vestígio frágil de esperança
foi encontrado sobre a face da terra.

Somente depois de um longo inverno tenebroso,
uma tênue luz enfim no céu brilhou,
prenunciando, na aurora dos tempos,
a instauração da Civilização do Amor.


Comentários

  1. Que bom achar vc por aqui! quanta sensibilidade e beleza em seus versos!
    Vc ainda tem mail ?

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