Alegria de nada fazer, de repousar nos teus braços, de ouvir tua voz. És remanso acolhedor, luz benfazeja, sacrário de ternura. Com teu toque delicado, afastas a noite perene, desanuvias meu humor. Mergulho de cabeça no leito das horas, flutuo em meio a um céu de doces sensações; desejo ardentemente que o dia não termine . Absorvo mais uma vez o aroma de tua essência indecifrável, deixo teu olhar aquecer minh’alma; diante de ti, no silêncio da passagem inexorável do tempo, sinto a quase completude do ser.
As bagagens mais pesadas ficaram pelo caminho. A viagem foi excruciante e necessária. Porém, quando chego em casa, percebo que ela não está mais entulhada; no chão recém-encerado brilha uma paz esquecida; nas paredes, há pinturas com paisagens adocicadas e, no meu peito, um sentimento de quietude. Vejo comida sobre a mesa: sobretudo frutas frescas, sucos e pães. O cheiro que me envolve é de café matutino e de flores faceiras. Tenho, com um atraso imperdoável, a profunda noção de que, finalmente, tenho quase tudo o que preciso.