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Farol das Desilusões

Eu soube desde muito cedo que estava sozinho,
nunca me enganei quanto a isso.
Aliás, eu me enganei quanto a muitas outras coisas,
me iludi constantemente,
procurando conforto onde não havia,
inventando uma falsa luz que faria da noite dia.
Tudo foi em vão, ilusão, fantasmagoria;
hoje vivo em um alheamento consciente,
se assim posso chamá-lo,
que me faz olhar para o mundo com mais serenidade.
Se tudo é mesmo tempo perdido,
um ir-se ao vento sem propósito,
que ao menos façamos aquilo que mais nos apetece,
e que a nossa loucura seja então um ato autodirigido,
um ato último de coragem.  


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Um pouco mais de poesia

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Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.