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O Sagrado e o Profano

Profanar é um verbo que, hoje em dia, está muito em voga. No entanto, acautelemo-nos. Quando retiramos o sagrado de seu devido lugar, tornando tudo mundano, perdemos a noção da necessidade de uma hierarquia de valores. Quando tudo é importante, quando tudo está no mesmo patamar, nada é verdadeiramente importante. Desta maneira, a banalização se infiltra por todos os poros da vida.

A Morte da Arte!?

Tolos! Eis o que vós sois: Engodo artístico, decomposição e nada. Esqueceram-se da tradição e destruíram tudo o que encontraram; mergulhados em um luto permanente, abandonaram de uma vez o culto ao belo. Artistas infantilizados produzem a sua arte “inovadora”: transgredir por transgredir, desconstruir por desconstruir. Conservar é, para eles, um verbo abominável. Porém, muito mais abominável ainda é “arte” que produzem.

Moralis

Agir conforme as próprias vontades não requer esforço; reprimir essas vontades, sim. O mal se prolifera nos pântanos da leniência e da tibieza, enquanto que, para se fazer o bem, é necessário muita labuta, muitos esforços, muita dedicação. Deixado em seu estado natural, o homem não é belo nem justo; da destruição total do passado não surgirá um futuro augusto. Uma reengenharia social que desconheça completamente a nossa íntima natureza só piorará tudo. A nossa luta deve ser constante! Devemos buscar a perfeição, mesmo estando cientes de nossas imperfeições, mesmo sabendo que se trata, no fim das contas, de uma missão impossível.

Chronos

Tudo se perde com o tempo: perde-se a vergonha, perde-se a fantasia, perde-se a alegria, perde-se a vitalidade, perde-se, aos poucos, a esperança. Alguns perdem até os cabelos, mas não a barriga. E, se longeva a vida for, perdemos, inclusive, as pessoas que mais amamos. Tal processo, apesar de doloroso, é imprescindível; perder é, antes de tudo, amadurecer. É preciso deixar para trás toda a carga inútil, todo o peso morto; seguir em frente, até que não reste mais nada; só assim conseguiremos chegar, com altivez, ao fim desta jornada.

Cachoeira

Aos borbotões, o rio caudaloso da vida, de forma repentina e abrupta, tem o seu calmo curso interrompido por uma queda inesperada. Ao longe, ouve-se o fragor desesperado das águas agitadas. Porém, aos poucos, tudo volta ao normal. O Mar, este destino último, aguarda impassivelmente.

La Vie En Rose

Oh, Edith, não, eu não me arrependo de nada. A vida, esta belle chanson , fugidia e efêmera, não deve ser preenchida por lamentos daquilo que poderia ter sido e não foi . A hora da estrela sempre chega um dia... Melhor olvidar as mágoas, viver plenamente, sem histeria. Nem tudo podemos consertar. O Destino é cego. C'est la vie!

Alfarrábio

Verborragia, altercação, tergiversação... Impropério, invectiva, vitupério... Lúgubre, soturno, tétrico... Fescenino, lascivo, libidinoso... Hodierno, arcaico, ubíquo... Delir, obliterar, esmaecer... “... que estranha potência, a vossa!”

Vicissitudes

A certeza de que não há certeza alguma, juntamente com o temor da contingência e o pavor de que o acaso resulte em ocaso, acaba paralisando e engessando nossas vidas. Obstáculos são feitos para serem superados, eis uma frase pra lá de clichê, mas a vida, não nos enganemos, é um grande clichê. Não é fácil transmutar o velho em novo a cada dia; encontrar subterfúgios para contornar o tédio cotidiano. Realmente, não há nada novo debaixo do sol , por isso é preciso ter coragem e lutar até o fim.

Desvanecer

Foi o desejo que me guiou até aqui. Sinto-me liberado de toda uma carga, tiraram-me os grilhões que me prendiam, mas a sensação que sinto neste momento é muito mais do que de liberdade. Na realidade, o que sinto é um grande vazio. Tenho a impressão de que algo grandioso esteve próximo de acontecer. Não consegui nada do que queria, tudo falhou. Minha existência quase... No entanto, não tenho mais o que esperar, cheguei ao fim.

Sublimação

A única coisa que posso fazer é sublimar a dor que sinto em meu peito, fazer com que esta angústia incessante, que me persegue continuamente, seja expurgada através desta minha medíocre expressão. O mundo parece que vai me esmagar, porém, não me esmaga, e, desta forma, me destrói lentamente, fazendo-me afundar em meu mundo particular. Estou sufocado por meus próprios pensamentos e por minha própria dor existencial. Não aguento mais, estou louco, busco desesperadamente uma saída, mas nada encontro; não tenho onde me segurar, estou afundando e, aos poucos, desaparecendo... Para sempre vivo emudecido e esquecido por todos aqueles que, um dia, disseram me amar. Viver é, antes de tudo, um ato de puro masoquismo, porém, mesmo na dor, há neste processo uma beleza indizível e majestosa.

Poeira das Estrelas

Vida: Partícula infinitesimal suspensa no oceano do espaço-tempo, sofrendo variações quânticas em nível subatômico, regida por forças ainda desconhecidas pela ciência; eterno mistério patente e, ao mesmo tempo, latente. Na vastidão incomensurável do Universo, seguimos a nossa estrela. No pálido ponto azul, nos alegramos e nos aborrecemos, aprendemos e brigamos, crescemos e morremos. Relembrando um antigo filósofo, apesar de tudo, ainda somos a medida de todas as coisas. Parêntese: Realidade objetiva realmente existe, mas preferimos muito mais nadar nas águas da subjetividade.

Criticidade, sim; cretinice, não!

Na era do conhecimento wikipédico, sabe-se de tudo um pouco, e tão pouco de tudo! Vivemos num mundo repleto de informações isoladas e desfragmentadas que, no mais das vezes, acabam nunca se agregando em um corpo maior de saberes. A superficialidade ganhou ares de totalidade; ninguém mais quer mergulhar em águas mais profundas. Todos estão satisfeitos com o pouco que compreendem do mundo. Filosofia, ciência, política, economia, história, artes, tudo agora está coberto por uma espessa camada de poeira.   "A Primavera" de Sandro Botticelli

Finitude

averno, inverno, ocaso efêmera jornada entre dois abismos luta desenfreada por mais vida despedida sem aviso-prévio sonhos, suor e lágrimas imanência e transcendência História, ciência, arte, amor, tudo em busca da imortalidade.

Demagogia, eu não quero uma pra viver!

No mundo em que vivemos (e a História não se esforça em me desmentir), parece que aqueles que discursam sobre a paz são quase sempre os primeiros a se armarem para a guerra; que aqueles que defendem a liberdade são, notadamente, os mais opressores; que aqueles que se autointitulam portadores únicos da virtude e de uma suposta superioridade moral são impreterivelmente os mais execráveis.

Passado

Memória e imaginação. Ilusão e realidade. Uma construção narrativa, um vívido simulacro formado por quiméricas e reais lembranças. Criamos sempre um mundo à parte... Todas as nossas tentativas de reviver o passado provocam uma fratura no tecido do real, gerando, desta forma, uma nova história, uma nova interpretação, que é pautada por sentimentos e emoções, alegrias e lágrimas, e, principalmente, por uma vontade inexorável de preservação.

Da Coita de Amor ao Big Freeze

Quantos já se enamoraram de ti? Quantos por ti suspiraram? Eu fui apenas mais um dentre tantos. Na constelação de tua vida, minha estrela sempre teve um brilho parco. Expansão, esfriamento, entropia... Tudo se perderá um dia.

Ciclo Vital

Desde os tempos mais remotos – passando pelos povos mesopotâmicos, por fenícios, egípcios, gregos, romanos e medievos – até o nosso atual mundo “moderno”, domamos quase tudo, menos o nosso eu interno. De Prometeu recebemos o fogo olímpico, e cultivamos o progresso: medicina, automóvel, avião, computadores e... guerras. Apesar de tantas mudanças, tudo sempre se repete. Dia e noite; trabalho e descanso. Vida e morte; alegrias e tristezas. Apesar de todo o tédio pós-moderno, precisamos valorizar cada etapa; o efêmero torna tudo mais concreto.

Assaz, assaz, assaz... (Palavra esquecida)

Assaz pedante, assaz irritante, assaz amável, assaz amigável, assaz avaro, assaz amaro, assaz ingrato, assaz sensato, assaz límpido, assaz ríspido. Causa, motivo, razão ou circunstância: unicamente usar a palavra assaz.

Insônia... Insânia...

sucessão ininterrupta de horas, minutos e segundos movimento perpétuo rumo ao desatino labirinto kafkiano falsa impressão de imutabilidade tudo, em suma, resultado da privação do sono e da nossa precariedade.

Ruínas

Olvidar é preciso; recordar, também. O inevitável oblívio, sempre que possível, é continuamente postergado. Apesar de toda corrosão, algo permanece intacto. Resistir, eis o verbo exato.

O Vento da Mudança

No crepúsculo de uma época, sentimos a leve aragem de um tempo de mudança. Inexoravelmente, vemos o passado insepulto em seus últimos estertores, e lutamos por um futuro melhor. Perguntamos por que demorou tanto; indagamos o porquê de tantas lágrimas, tanta dor. Do passado ruminado e repisado nasce aquilo que se pode verdadeiramente chamar de novo.

Incomunicabilidade

Preso a uma redoma de vidro, sentindo a obliteração, alheio ao sofrimento de outrem, eis a nossa mísera condição. gritos no vácuo sideral linhas cruzadas conversas paralelas cacofonia de ideias Todo toque é intangível; cada ser, inacessível.

As marcas do Tempo

Pelos pântanos da memória fluem lembranças enevoadas de um tempo em que se ria entre pessoas mui amadas. Tudo passou tão rápido; ficaram apenas as barricadas. Não se retoma o tempo ido. Todas as vidas estão marcadas.

Noite vazia

Na fantasmagórica noite vazia, homens lúgubres e inebriados, sob o véu diáfano da fantasia, libertam-se de seus cadeados. Porém, o sonho efêmero e forte, que, do crepúsculo à alvorada, os guiou nesta louca madrugada, exala apenas um cheiro de morte. A realidade revela-se intransigente; o jeito é abandonar a leda euforia, tendo apenas uma coisa em mente: a vontade de viver a próxima alforria.

Divergente

Num mundo supersticioso, progressista e multiculturalista, ser uma pessoa cética, liberal e com valores morais bem definidos é uma tarefa realmente difícil. Mais fácil é seguir o fluxo. Porém, – cuidado! – aceitar com docilidade que a unanimidade imbecilizante seja o único caminho possível, deixando de lado qualquer análise crítica, é a melhor forma de perpetuar o falso progresso de nossos atuais dias. Ou estocamos vento em nossas cabeças, ou estocamos conhecimento e sabedoria. Lembremo-nos sempre que todo saber que não é, ou não pode, ser questionado, evidentemente, saber não é; trata-se apenas de doutrinação e mistificação, nada mais.

Sonambulismo

Mortos-vivos caminham pelas ruas anestesiados de prazer e tédio. Sem nenhum horizonte ou perspectiva, vagam em contínua agonia. Acham que não existem mais valores; que agora tanto faz ser bom ou mal. Pensam que todos os caminhos se assemelham, pois, para eles, o fim é sempre igual. Tornam-se, assim, escravos da própria vitimização; responsabilidade individual, é claro, está fora de questão.

Fugacidade

Contemplar o vazio absoluto e relativo que transborda, em meu cálice, seu teor impoluto. Vívidas imagens fugidias, esperança natimorta, nuances esquálidas do passado. Sorvendo até a última gota, suspiro fundo. Novamente, no cais hodierno, a maré vindoura está a arrebentar.

Manifesto

Silenciem os deputados, silenciem o Congresso, silenciem os poderosos, este é o nosso manifesto. Convoco a todos a um grande protesto: não à corrupção, sim à ordem e ao progresso! Até quando sofreremos com a falta de acesso à educação, saúde, trabalho e teto. Precisamos de algum ato concreto, e não de discursos e palavras em excesso. Dizem que quem cala, de certa forma, consente; e, apesar da falta de ética, das CPIs e do Petrolão, a nossa alegria continua sendo a seleção! Não podemos agir de forma tão displicente, precisamos mudar urgentemente a nossa atuação; o princípio de toda mudança é a conscientização.

Mistério e Magia

Muitas vezes, ignorar certas coisas pode ser também uma atitude inteligente. Ver tudo, com certeza, é um ato de cegueira. Devemos, sim, desvendar racionalmente o mundo que nos cerca, porém, sem destruir, em nossas vidas, as necessárias zonas de mistério e magia. Desvelar tudo, iluminar todos os cantos da vida é o mesmo que morrer antecipadamente.

Navegar

O homem entregue, sozinho, às suas próprias intempéries tende a soçobrar. Porém, o que não podemos negar é que cada um luta a sua própria batalha existencial. Não há muito o que se fazer, neste sentido, pelo próximo.

O Inverno da Alma

Olhar e não ver, ver e não sentir, sentir e não amar, amar e não ouvir o anúncio inequívoco, verdadeiro e sincero, que prediz a Primavera.

Terno, eterno olhar...

Suave, sublime, diáfano, encantador; enfim, o meu hiperbólico falar, deveras adjetivado, assaz pretensioso, em nada contribui para desvelar o mistério imanente, transcendente e, por que não?, resplandecente, que envolve os miríficos e mesmerizantes, vivos e cortantes, olhos teus.

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