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Momentos difíceis

Quase morri! Tá, isso é um tanto exagerado. Vamos reformular. Não cheguei perto de morrer literalmente, mas a simples possibilidade — à luz do que vivi — já foi o bastante para me assustar. Mas posso afirmar, sem hesitação, que algumas coisas morreram dentro de mim: certezas, inseguranças e, inclusive, muitos medos, pois o medo maior que temos já estava à espreita, rondando, se esgueirando sorrateiramente, sem que eu pudesse fazer nada. Pois bem, não morri, pelo menos não ainda, mesmo porque, caso contrário, não estaria agora escrevendo estas palavras. Se você me perguntar se eu aprendi alguma coisa com tudo isso, se me tornei uma pessoa melhor, mais sábia, daí eu não terei como lhe dar nenhuma resposta; só o tempo dirá. Talvez eu tenha aprendido uma ou outra coisinha, como, por exemplo, que estar saudável é muito melhor do que estar doente, que estar vivo é muito melhor do que a outra opção. Minha intenção não é fazer uma reflexão aprofundada sobre o tema, mas sim ter aqui uma convers...

O Fracasso da Razão

Antes da Era dos Alienistas e do surgimento de instituições manicomiais, a loucura era vista popularmente como uma forma de sabedoria, pois, naquela remota época, a fé cega na razão ainda não tinha se tornado dominante, como o é hoje, em todas as esferas da vida. Neste sentido, afastar-se da verdade para manter a sanidade nada mais é do que uma atitude de bom senso, pois, epistemologicamente falando, é bem provável que nunca alcancemos a verdade absoluta. Na realidade, uma pergunta leva à outra; quanto mais respostas obtemos, mais perguntas nos são apresentadas; é uma busca infinita – e como é fácil se perder em uma busca infinita! Achar que a Verdade pode ser encontrada é abandonar o Reino da Dúvida, é abraçar de vez a insensatez e a loucura, no caso, a própria loucura. E quantos vemos por aí que afirmam, em alto e bom som, que já a encontraram! Estes profetas de si mesmos, após a sua iluminação, tentam a todo custo espalhar a sua verdade, querendo que o mundo seja totalmente reconstruído à imagem e semelhança de seu ideário particular.  Dizem que a verdade é insuportável, que não devemos, para o nosso próprio bem, nos aprofundarmos em certos assuntos, mas isso só é verdade para os iniciantes e para aqueles que não conseguem lidar com certos fatos. Para sermos minimamente felizes – uma felicidade possível, não ideal –, devemos aceitar que a verdade em seu sentido amplo talvez não seja alcançável; que a nossa razão é limitada e que ela não consegue abarcar tudo; que não existe nenhum sentido a priori para a vida; que a vida, por sua vez, é precária e cheia de contingências; por fim, que é melhor que a vida tenha gosto, prazeres e sensações gratificantes do que falsas certezas absolutas. 


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