Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

No crepúsculo de uma época,
sentimos a leve aragem
de um tempo de mudança.
Inexoravelmente,
vemos o passado insepulto
em seus últimos estertores,
e lutamos por um futuro melhor.
Perguntamos por que demorou tanto;
indagamos o porquê de tantas lágrimas, tanta dor.

Do passado ruminado e repisado nasce
aquilo que se pode verdadeiramente chamar de
novo.



novembro 04, 2015 1 Comments
Preso a uma redoma de vidro,
sentindo a obliteração,
alheio ao sofrimento de outrem,
eis a nossa mísera condição.

gritos no vácuo sideral
linhas cruzadas
conversas paralelas
cacofonia de ideias

Todo toque é intangível;
cada ser, inacessível.

outubro 31, 2015 No Comments
Pelos pântanos da memória
fluem lembranças enevoadas
de um tempo em que se ria
entre pessoas mui amadas.
Tudo passou tão rápido;
ficaram apenas as barricadas.
Não se retoma o tempo ido.
Todas as vidas estão marcadas.


outubro 30, 2015 No Comments
Na fantasmagórica noite vazia,
homens lúgubres e inebriados,
sob o véu diáfano da fantasia,
libertam-se de seus cadeados.

Porém, o sonho efêmero e forte,
que, do crepúsculo à alvorada,
os guiou nesta louca madrugada,
exala apenas um cheiro de morte.

A realidade revela-se intransigente;
o jeito é abandonar a leda euforia,
tendo apenas uma coisa em mente:
a vontade de viver a próxima alforria.


outubro 26, 2015 No Comments
Num mundo supersticioso, progressista e multiculturalista, ser uma pessoa cética, liberal e com valores morais bem definidos é uma tarefa realmente difícil. Mais fácil é seguir o fluxo. Porém, – cuidado! – aceitar com docilidade que a unanimidade imbecilizante seja o único caminho possível, deixando de lado qualquer análise crítica, é a melhor forma de perpetuar o falso progresso de nossos atuais dias. Ou estocamos vento em nossas cabeças, ou estocamos conhecimento e sabedoria. Lembremo-nos sempre que todo saber que não é, ou não pode, ser questionado, evidentemente, saber não é; trata-se apenas de doutrinação e mistificação, nada mais.


outubro 22, 2015 No Comments
Mortos-vivos caminham pelas ruas
anestesiados de prazer e tédio.
Sem nenhum horizonte ou perspectiva,
vagam em contínua agonia.
Acham que não existem mais valores;
que agora tanto faz ser bom ou mal.
Pensam que todos os caminhos se assemelham,
pois, para eles, o fim é sempre igual.
Tornam-se, assim, escravos da própria vitimização;
responsabilidade individual, é claro, está fora de questão.



outubro 19, 2015 No Comments
Contemplar o vazio absoluto
e relativo que transborda,
em meu cálice, seu teor impoluto.
Vívidas imagens fugidias,
esperança natimorta,
nuances esquálidas
do passado.
Sorvendo até a última gota,
suspiro fundo.
Novamente, no cais hodierno,
a maré vindoura está a arrebentar.



outubro 16, 2015 No Comments
Silenciem os deputados, silenciem o Congresso,
silenciem os poderosos, este é o nosso manifesto.
Convoco a todos a um grande protesto:
não à corrupção, sim à ordem e ao progresso!

Até quando sofreremos com a falta de acesso
à educação, saúde, trabalho e teto.
Precisamos de algum ato concreto,
e não de discursos e palavras em excesso.

Dizem que quem cala, de certa forma, consente;
e, apesar da falta de ética, das CPIs e do Petrolão,
a nossa alegria continua sendo a seleção!

Não podemos agir de forma tão displicente,
precisamos mudar urgentemente a nossa atuação;
o princípio de toda mudança é a conscientização.



outubro 16, 2015 No Comments
Muitas vezes, ignorar certas coisas pode ser também uma atitude inteligente. Ver tudo, com certeza, é um ato de cegueira. Devemos, sim, desvendar racionalmente o mundo que nos cerca, porém, sem destruir, em nossas vidas, as necessárias zonas de mistério e magia. Desvelar tudo, iluminar todos os cantos da vida é o mesmo que morrer antecipadamente.



outubro 10, 2015 No Comments
O homem entregue, sozinho, às suas próprias intempéries tende a soçobrar. Porém, o que não podemos negar é que cada um luta a sua própria batalha existencial. Não há muito o que se fazer, neste sentido, pelo próximo.


setembro 30, 2015 No Comments
Olhar e não ver,
ver e não sentir,
sentir e não amar,
amar e não ouvir
o anúncio inequívoco,
verdadeiro e sincero,
que prediz a Primavera.


agosto 17, 2015 No Comments
Suave, sublime, diáfano, encantador;
enfim, o meu hiperbólico falar,
deveras adjetivado, assaz pretensioso,
em nada contribui para desvelar
o mistério imanente, transcendente
e, por que não?, resplandecente,
que envolve os miríficos e mesmerizantes,
vivos e cortantes, olhos teus.


agosto 07, 2015 No Comments
Tire suas mãos do erário público;
ele não pertence a você.
Não é se comportando assim
que você irá se reeleger.
Entenda, a Democracia é o único caminho;
o tempo dos totalitarismos já acabou.
Você pode até teimar, espernear...
Acho que isso é só rancor.

Será só conspurcação?
Será que não há nada a se enaltecer?
Haverá sempre mais corrupção?
Vamos, com isso, alguma coisa aprender?

Nos perderemos entre ideólogos e pensadores
de péssima, sofrível formação,
que, com mentiras rotineiras,
solaparão toda forma de razão.
Sonharemos acordados, alienados,
pensando que já encontramos a solução:
"Acabar, revolucionariamente, com o Capitalismo,
antes que ele destrua toda a civilização."

Política pra quê?
Para as instituições, assim, fortalecer,
para a liberdade de imprensa florescer,
para ver o populismo, no Brasil, fenecer.
Só o Estado de Direito pode nos proteger.
Precisamos, sim, responder
pelos erros atuais.
Vitimar-se, delegar a culpa...
Não mais!



julho 13, 2015 1 Comments
Hoje em dia, o relativismo é muito exacerbado; ninguém tem mais certeza sobre nada. Há metamorfoses ambulantes por todos os lados. Porém, não é pelo fato de que não podemos ter certezas absolutas (aliás, nem devemos tê-las) que, por outro lado, precisamos chegar à conclusão minimalista de que se é impossível chegar a qualquer certeza por menor que ela seja.

Eu sou um eurocêntrico de carteirinha; acredito que, apesar dos vários problemas existentes, a cultura laica ocidental derivada principalmente do Velho Continente é o que de melhor se produziu durante toda a história das civilizações humanas. Porém, aos poucos, estamos nos autodestruindo, pois estamos perdendo o sentido de tudo, caindo assim no poço sem fim do niilismo. Estamos nos tornando uma sociedade infértil, sem objetivos e sem metas. Questionamos e destruímos tudo, mas somos incapazes de criar algo novo. Não conseguimos ressignificar nada. Objetivos pessoais são imprescindíveis, porém não podemos viver completamente sem um objetivo coletivo mínimo; antropologicamente falando, nenhum homem é uma ilha.







junho 03, 2015 No Comments
Vivemos em um oceano, nadamos freneticamente, dia após dia, mesmo sabendo que, ao final, iremos todos, impreterivelmente, nos afogar. Não há, evidentemente, um porto seguro, uma costa amiga, apenas água por todos os lados, água até onde a vista alcança. Abaixo, as profundezas abissais; acima, a imensidão azul de um céu inalcançável e indiferente. O medo e o pavor do afogamento, proveniente principalmente de um forte desejo de autopreservação, faz com que, braçada após braçada, continuemos a lutar por nossa sobrevivência. Neste sentido, seguindo um trajeto sem rumo, podemos encontrar alguns botes salva-vidas, como, por exemplo, uma missão ou um projeto pessoal, pois, como sabemos, é muito mais fácil prosseguir quando temos metas, quando sabemos para onde estamos indo, quando aquilo que fazemos tem algum significado, mesmo que seja um significado a posteriori. Por outro lado, podemos também encontrar verdadeiros Titanics, sistemas completos de significação, as chamadas ideologias ou grandes tradições seculares, nestas grandes embarcações podemos nos sentir seguros por algum tempo, ou por toda a vida, até o próximo iceberg, evidentemente. Outro caminho possível, dentro desta minha analogia, seria o barquinho do amor, porém este, como vemos a cada dia, naufraga cada vez mais rápido. No entanto, quando o encontramos, adquirimos uma força renovada, pelo menos, na maioria dos casos, por algum tempo. Talvez a melhor opção seja mesmo a Galé da Cumplicidade, aquela em que, juntos e solidários uns com os outros, remamos como pessoas que compartilham de um mesmo destino: o inevitável esquecimento.



maio 17, 2015 No Comments
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