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Devaneio e Poesia

Na era do conhecimento wikipédico, sabe-se de tudo um pouco, e tão pouco de tudo! Vivemos num mundo repleto de informações isoladas e desfragmentadas que, no mais das vezes, acabam nunca se agregando em um corpo maior de saberes. A superficialidade ganhou ares de totalidade; ninguém mais quer mergulhar em águas mais profundas. Todos estão satisfeitos com o pouco que compreendem do mundo. Filosofia, ciência, política, economia, história, artes, tudo agora está coberto por uma espessa camada de poeira.

 "A Primavera" de Sandro Botticelli


novembro 26, 2015 No Comments
averno, inverno, ocaso
efêmera jornada entre dois abismos
luta desenfreada por mais vida
despedida sem aviso-prévio
sonhos, suor e lágrimas
imanência e transcendência

História, ciência, arte, amor,
tudo em busca da imortalidade.


novembro 25, 2015 No Comments
No mundo em que vivemos (e a História não se esforça em me desmentir), parece que aqueles que discursam sobre a paz são quase sempre os primeiros a se armarem para a guerra; que aqueles que defendem a liberdade são, notadamente, os mais opressores; que aqueles que se autointitulam portadores únicos da virtude e de uma suposta superioridade moral são impreterivelmente os mais execráveis.



novembro 24, 2015 No Comments
Memória e imaginação.
Ilusão e realidade.
Uma construção narrativa, um vívido simulacro
formado por quiméricas e reais lembranças.
Criamos sempre um mundo à parte...
Todas as nossas tentativas de reviver o passado
provocam uma fratura no tecido do real,
gerando, desta forma, uma nova história,
uma nova interpretação,
que é pautada por sentimentos e emoções,
alegrias e lágrimas, e, principalmente,
por uma vontade inexorável de preservação.



novembro 16, 2015 No Comments
Quantos já se enamoraram de ti?
Quantos por ti suspiraram?
Eu fui apenas mais um dentre tantos.
Na constelação de tua vida,
minha estrela sempre teve um brilho parco.
Expansão, esfriamento, entropia...
Tudo se perderá um dia.


novembro 13, 2015 No Comments
Desde os tempos mais remotos
– passando pelos povos mesopotâmicos,
por fenícios, egípcios, gregos, romanos e medievos –
até o nosso atual mundo “moderno”,
domamos quase tudo, menos o nosso eu interno.

De Prometeu recebemos o fogo olímpico,
e cultivamos o progresso:
medicina, automóvel, avião, computadores e... guerras.

Apesar de tantas mudanças, tudo sempre se repete.
Dia e noite; trabalho e descanso.
Vida e morte; alegrias e tristezas.
Apesar de todo o tédio pós-moderno,
precisamos valorizar cada etapa;
o efêmero torna tudo mais concreto.


novembro 12, 2015 No Comments
Assaz pedante, assaz irritante,
assaz amável, assaz amigável,
assaz avaro, assaz amaro,
assaz ingrato, assaz sensato,
assaz límpido, assaz ríspido.

Causa, motivo, razão ou circunstância:
unicamente usar a palavra assaz.


novembro 11, 2015 No Comments
sucessão ininterrupta de horas, minutos e segundos
movimento perpétuo rumo ao desatino
labirinto kafkiano
falsa impressão de imutabilidade
tudo, em suma, resultado da privação do sono
e da nossa precariedade.


novembro 09, 2015 No Comments
Olvidar é preciso;
recordar, também.
O inevitável oblívio,
sempre que possível,
é continuamente postergado.
Apesar de toda corrosão,
algo permanece intacto.
Resistir, eis o verbo exato.


novembro 07, 2015 No Comments
No crepúsculo de uma época,
sentimos a leve aragem
de um tempo de mudança.
Inexoravelmente,
vemos o passado insepulto
em seus últimos estertores,
e lutamos por um futuro melhor.
Perguntamos por que demorou tanto;
indagamos o porquê de tantas lágrimas, tanta dor.

Do passado ruminado e repisado nasce
aquilo que se pode verdadeiramente chamar de
novo.



novembro 04, 2015 1 Comments
Preso a uma redoma de vidro,
sentindo a obliteração,
alheio ao sofrimento de outrem,
eis a nossa mísera condição.

gritos no vácuo sideral
linhas cruzadas
conversas paralelas
cacofonia de ideias

Todo toque é intangível;
cada ser, inacessível.

outubro 31, 2015 No Comments
Pelos pântanos da memória
fluem lembranças enevoadas
de um tempo em que se ria
entre pessoas mui amadas.
Tudo passou tão rápido;
ficaram apenas as barricadas.
Não se retoma o tempo ido.
Todas as vidas estão marcadas.


outubro 30, 2015 No Comments
Na fantasmagórica noite vazia,
homens lúgubres e inebriados,
sob o véu diáfano da fantasia,
libertam-se de seus cadeados.

Porém, o sonho efêmero e forte,
que, do crepúsculo à alvorada,
os guiou nesta louca madrugada,
exala apenas um cheiro de morte.

A realidade revela-se intransigente;
o jeito é abandonar a leda euforia,
tendo apenas uma coisa em mente:
a vontade de viver a próxima alforria.


outubro 26, 2015 No Comments
Num mundo supersticioso, progressista e multiculturalista, ser uma pessoa cética, liberal e com valores morais bem definidos é uma tarefa realmente difícil. Mais fácil é seguir o fluxo. Porém, – cuidado! – aceitar com docilidade que a unanimidade imbecilizante seja o único caminho possível, deixando de lado qualquer análise crítica, é a melhor forma de perpetuar o falso progresso de nossos atuais dias. Ou estocamos vento em nossas cabeças, ou estocamos conhecimento e sabedoria. Lembremo-nos sempre que todo saber que não é, ou não pode, ser questionado, evidentemente, saber não é; trata-se apenas de doutrinação e mistificação, nada mais.


outubro 22, 2015 No Comments
Mortos-vivos caminham pelas ruas
anestesiados de prazer e tédio.
Sem nenhum horizonte ou perspectiva,
vagam em contínua agonia.
Acham que não existem mais valores;
que agora tanto faz ser bom ou mal.
Pensam que todos os caminhos se assemelham,
pois, para eles, o fim é sempre igual.
Tornam-se, assim, escravos da própria vitimização;
responsabilidade individual, é claro, está fora de questão.



outubro 19, 2015 No Comments
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