Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

As ratazanas estão à solta;
procurando queijo, mandando beijo,
vivendo do suor e do trabalho alheio,
elas se refestelam,
não se preocupam com nada que não seja
o próprio estômago.
As ratoeiras estão todas quebradas e falidas;
só nos resta esperar que elas tenham uma colossal indigestão.


fevereiro 26, 2015 No Comments
A convicção cega de que se está sempre certo é o primeiro passo para a destruição de todo pensamento crítico e também o prenúncio do fim das liberdades, pois todo aquele que se acha com a total razão quer impor violentamente a sua visão de mundo aos outros.




fevereiro 21, 2015 No Comments
A ignorância ainda reina no mundo. De certo modo, ainda estamos vivendo na Idade Média, só que agora é muito pior, pois temos nas mãos as ferramentas necessárias para a construção de um mundo melhor e não as usamos.


fevereiro 14, 2015 No Comments
O acorde fundamental da vida
manifesta-se, neste mundo destoante,
por meio da busca incessante
de uma sintonia perfeita,
afinada através de um místico diapasão
capaz de evitar a cacofonia
de uma vida sem explicação.


fevereiro 06, 2015 No Comments
Lágrimas não mais me comovem, por certo que sequei por dentro. Meu coração, outrora tão afável e generoso, parece hoje petrificado pelas agruras e sofrimentos desta nossa mísera existência. O que terá comigo acontecido? Onde talvez tenha eu perdido o encantamento pela vida? E, por mais que eu investigue, não encontro respostas. O opaco da vida é muito diferente do brilho das utopias.


janeiro 24, 2015 No Comments
Num dia desses, estava eu a recordar o passado, um tanto longínquo, que aos poucos se desvanece à ação lenta e contínua do tempo. E, aos poucos, fui mergulhando num mar de doces recordações pueris, alegres peraltices e não poucas imaginações. Neste revolver das minhas reminiscências senti-me assaz extasiado, imensamente contente por compreender que nada na vida é em vão vivido, podemos sempre trazer de volta os doces momentos vividos e, por que não, ao trazê-los de volta à flor da mente experienciarmos outra vez as alegrias e dores de outrora, certamente não com o mesmo sabor de novidade e incerteza que existe somente no instante presente, mas com aquele prazer de analisar e buscar entender qual eram as forças que nos moviam, quais sentimentos verdadeiramente nos agitavam e o que de fato acontecia. 
Ao passo que estas recordações vinham à tona em meu consciente, fui percebendo as alterações da vida, a meninice já um tanto esquecida, o espírito otimista e brincalhão que para trás ficou, e tal agitação tomou conta de mim de uma forma tão intensa que acabei deixando cair uma pequena e contrita lágrima. Foi como estar a contemplar um espelho e ver que as marcas do tempo em muito apagaram em meu espírito a jovialidade da tenra idade. Quem assim ler estas minhas palavras com certeza há de pensar que quem as escreve é por certo uma pessoa de muitas primaveras, mas não, não sou um homem velho, entretanto a aspereza e conflitos da vida, de certa forma, nos embrutecem o espírito e nos tornam por assim dizer uma sociedade decrépita. 
Ao passo que penso não ser necessário cair em alguma fonte do rejuvenescimento, muito menos querer aparentar uma idade ao qual não temos, devemos, pois, buscar no recôndito de nossa alma a essência da vida, reconstituir em nós a chama da esperança, a alegria sincera e espontânea da criança que há dentro de cada um de nós, pois com certeza debaixo do pó e dos escombros do coração humano ainda existe com certeza os resquícios de uma esplendorosa civilização. É uma questão, em minha opinião, de valorização do que temos de mais precioso, mas a cada um cabe a sua interpretação. 
Neste dia, terminada estas minhas reflexões, silenciei-me por fim.


janeiro 15, 2015 No Comments
O ambiente fúnebre em que me encontrava trazia à superfície intacta dos meus pensamentos o afloramento de sensações e de sentimentos há muito esquecidos. Olhava tudo com uma perspicácia atroz, buscando desvendar atrás de cada rosto sisudo e triste, atrás de cada pranto e gesto cerimonioso, uma verdade oculta que redimisse toda a dissimulação humana. As sombras dos candelabros clareavam e, ao mesmo tempo, obscureciam a minha face. O cheiro de flores murchas impregnava o ar com um odor nauseante. O silêncio era quase absoluto.
Eu observava atentamente o meu corpo inerte preso irremediavelmente àquele ataúde que encerrava tantos sonhos não realizados, tantos amores não vividos e, sobretudo, tanto tempo desperdiçado. Lutei a minha vida inteira por uma causa que ao final se me mostrou inútil. Ah, se eu soubesse da irrelevância de toda ação humana! Mas todos os presentes eram unânimes em admitir a minha alta significância por causa do meu papel social muito bem desempenhado. As minhas virtudes, oh, as minhas virtudes - eu me tornara de repente um ser sublime, honrado e bondoso. Senti-me sufocado por tantas vozes e pensamentos, quis gritar exasperado, porém não consegui, a nadificação da minha existência seria o meu eterno aprisionamento.
Havia ali um espelho embaciado, e me detive diante dele a buscar repostas para as últimas inquietações de uma consciência que aos poucos se obliterava. Cada segundo parecia ter a duração de um milênio, e tudo, no entanto, passava tão apressadamente! Vi através do espelho toda a minha vida desconcertante e incoerente. Assustado com tal frenesi, eu fechei meus olhos e, aos abri-los, só encontrei uma escuridão solitária e profunda que me anestesiava os sentidos.
 À escuridão, sucedeu-se uma grande claridade que me ofuscou a visão. Quando consegui finalmente divisar alguma coisa, foi que me vi aproximando de mim mesmo.
– Beatriz, eu...
– Não, não fale nada... Deixe que o silêncio e o calor dos meus braços te confortem. Que a absurdidade e a estranheza da existência nos envolvam completamente. Tua presença já é suficiente.
Unificados finalmente, caminhamos de mãos dadas sem a necessidade compulsória de chegar a algum lugar específico. A eternidade nos bastava.


janeiro 15, 2015 No Comments
Douradas melenas,
alvas espáduas,
sorriso terno,
oh, conto de fadas!

Queria ter-te de novo
aqui ao meu lado,
ou numa ilha talvez,
em um lugar apartado.

Inebriar-me-ei ao ver
o teu rosto amigo;
juntos, finalmente,
encontraremos abrigo.



janeiro 09, 2015 No Comments
Voluptuosamente, me entrego,
ávido de novos prazeres,
de novas loucuras.
Em teu seio sinto arfar
o reflexo do meu desejo.
Ao toque da tua pele, ardo;
tuas carícias elevam-me ao céu.
Os vapores da luxúria
excitam-me os sentidos.
Fecho os olhos...
Será tudo um sonho!?

Estuans interius
ira vehementi
in amaritudine
loquor mee menti:
factus de materia,
cinis elementi
similis sum folio,
de quo ludunt venti.











janeiro 09, 2015 No Comments
Eu pensei que eu pudesse,
com o poder da minha vontade,
subverter a ordem preestabelecida.
Eu acreditei firmemente em tudo
o que me dizia o meu coração;
segui os seus impulsos, deixei-me levar.
E, apesar de todos os ventos contrários,
dizia sempre a mim mesmo: “A vida é bela!”.
Mas como na vida tudo é efêmero, fugaz,
de um dia para o outro vi mundo desabar.
Meus castelos, meus sonhos, minha esperança,
tudo reduzido a pó, destruído para sempre.
Passei a trilhar um caminho real e doloroso:
a via-crúcis da minha purificação.
Precisei sentir na pele todo o desprezo,
toda a dor da existência, toda a ausência,
para, enfim, estar completo para enfrentar
o Dia da Grande Solidão.


janeiro 07, 2015 No Comments
Oh, cáustico saber,
aquele que te procura
sempre há de se arrepender.
No entanto, também será recompensado,
pois o que era de acre sabor,
com o tempo, torna-se gradativamente doce:
recuperamo-nos, aos poucos, do rancor.
Melhor a incerteza filosófica
do que a confiança cega e obliterante
nas falsas certezas deste atual mundo reinante.


janeiro 05, 2015 No Comments
Na solidão claustrofóbica de seu quarto,
ele buscava ansiosamente por uma saída,
por uma resposta para o seu sofrimento.
A insônia apoderava-se de todo o seu ser;
nem mesmo quando fechava os olhos
ele conseguia se desvencilhar de seus temores.
A porta, tão tranquila e fechada, em nada ajudava;
ela poderia ser tanto uma rota de fuga
quanto um terrível canal de entrada.
O dia amanhecia e, pela janela, uma frouxa luz adentrava,
trazendo consigo novas esperanças e, não menos,
novos desapontamentos.
Era imperativo recomeçar!
E assim, abrindo vagarosamente a porta,
ele aquietou o espírito e saiu de seu torpor.


janeiro 04, 2015 No Comments
O que busco por certo nunca hei de encontrar. Uma dor intensa toma conta do meu ser. Quero gritar; não há voz. Chorar; secaram-se as lágrimas. Fugir, mas para onde? Não encontro nenhuma proteção, a não ser aquela que eu mesmo edifiquei.


dezembro 30, 2014 No Comments
Filosofia: A aventura do pensar.
Ser, existir, viver, quem sabe amar.
Mistério: Busca infinita.
Vida: O que é a vida?
Significado e significante.
Definição: Sempre exasperante.

EQUILÍBRIO
Puritanismo – Libertinismo
Cristianismo – Paganismo
Estoicismo – Hedonismo
Emoção – Razão
Fé – Ciência

dezembro 25, 2014 No Comments
Procuro, mas não encontro; quando encontro, já não mais preciso. Vivo à busca de algo que dê sentido à minha vida, que faça deste meu itinerário neste mundo mais do que apenas tempo perdido; um encontro quem sabe com a verdade suprema, isso se tal verdade de fato exista. A única coisa que sei é que vivo, o motivo não sei, e por isso prossigo.


dezembro 23, 2014 No Comments
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