Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Olhar e não ver,
ver e não sentir,
sentir e não amar,
amar e não ouvir
o anúncio inequívoco,
verdadeiro e sincero,
que prediz a Primavera.


agosto 17, 2015 No Comments
Suave, sublime, diáfano, encantador;
enfim, o meu hiperbólico falar,
deveras adjetivado, assaz pretensioso,
em nada contribui para desvelar
o mistério imanente, transcendente
e, por que não?, resplandecente,
que envolve os miríficos e mesmerizantes,
vivos e cortantes, olhos teus.


agosto 07, 2015 No Comments
Tire suas mãos do erário público;
ele não pertence a você.
Não é se comportando assim
que você irá se reeleger.
Entenda, a Democracia é o único caminho;
o tempo dos totalitarismos já acabou.
Você pode até teimar, espernear...
Acho que isso é só rancor.

Será só conspurcação?
Será que não há nada a se enaltecer?
Haverá sempre mais corrupção?
Vamos, com isso, alguma coisa aprender?

Nos perderemos entre ideólogos e pensadores
de péssima, sofrível formação,
que, com mentiras rotineiras,
solaparão toda forma de razão.
Sonharemos acordados, alienados,
pensando que já encontramos a solução:
"Acabar, revolucionariamente, com o Capitalismo,
antes que ele destrua toda a civilização."

Política pra quê?
Para as instituições, assim, fortalecer,
para a liberdade de imprensa florescer,
para ver o populismo, no Brasil, fenecer.
Só o Estado de Direito pode nos proteger.
Precisamos, sim, responder
pelos erros atuais.
Vitimar-se, delegar a culpa...
Não mais!



julho 13, 2015 1 Comments
Hoje em dia, o relativismo é muito exacerbado; ninguém tem mais certeza sobre nada. Há metamorfoses ambulantes por todos os lados. Porém, não é pelo fato de que não podemos ter certezas absolutas (aliás, nem devemos tê-las) que, por outro lado, precisamos chegar à conclusão minimalista de que se é impossível chegar a qualquer certeza por menor que ela seja.

Eu sou um eurocêntrico de carteirinha; acredito que, apesar dos vários problemas existentes, a cultura laica ocidental derivada principalmente do Velho Continente é o que de melhor se produziu durante toda a história das civilizações humanas. Porém, aos poucos, estamos nos autodestruindo, pois estamos perdendo o sentido de tudo, caindo assim no poço sem fim do niilismo. Estamos nos tornando uma sociedade infértil, sem objetivos e sem metas. Questionamos e destruímos tudo, mas somos incapazes de criar algo novo. Não conseguimos ressignificar nada. Objetivos pessoais são imprescindíveis, porém não podemos viver completamente sem um objetivo coletivo mínimo; antropologicamente falando, nenhum homem é uma ilha.







junho 03, 2015 No Comments
Vivemos em um oceano, nadamos freneticamente, dia após dia, mesmo sabendo que, ao final, iremos todos, impreterivelmente, nos afogar. Não há, evidentemente, um porto seguro, uma costa amiga, apenas água por todos os lados, água até onde a vista alcança. Abaixo, as profundezas abissais; acima, a imensidão azul de um céu inalcançável e indiferente. O medo e o pavor do afogamento, proveniente principalmente de um forte desejo de autopreservação, faz com que, braçada após braçada, continuemos a lutar por nossa sobrevivência. Neste sentido, seguindo um trajeto sem rumo, podemos encontrar alguns botes salva-vidas, como, por exemplo, uma missão ou um projeto pessoal, pois, como sabemos, é muito mais fácil prosseguir quando temos metas, quando sabemos para onde estamos indo, quando aquilo que fazemos tem algum significado, mesmo que seja um significado a posteriori. Por outro lado, podemos também encontrar verdadeiros Titanics, sistemas completos de significação, as chamadas ideologias ou grandes tradições seculares, nestas grandes embarcações podemos nos sentir seguros por algum tempo, ou por toda a vida, até o próximo iceberg, evidentemente. Outro caminho possível, dentro desta minha analogia, seria o barquinho do amor, porém este, como vemos a cada dia, naufraga cada vez mais rápido. No entanto, quando o encontramos, adquirimos uma força renovada, pelo menos, na maioria dos casos, por algum tempo. Talvez a melhor opção seja mesmo a Galé da Cumplicidade, aquela em que, juntos e solidários uns com os outros, remamos como pessoas que compartilham de um mesmo destino: o inevitável esquecimento.



maio 17, 2015 No Comments
Agora tanto faz avançar ou retroceder, ir para a direita ou para a esquerda, todos os caminhos são iguais. Nada nesta vida parece realmente valer a pena. Toda luta é vã, toda glória é fútil, todo o nosso suor e trabalho inútil. A vida é vazia, ela não traz em si nenhuma significação. A vida é um abismo, um vasto oceano, um ermo deserto, a vida não é nada, e, no entanto, ela é tudo.

Palavras do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém. Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? Uma geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste. O sol se levanta, o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta de novo. O vento vai em direção ao sul, vai em direção ao norte, volteia e gira nos mesmos circuitos. Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, eles continuam a correr. Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia de ouvir. O que foi é o que será: o que acontece é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol.
Eclesiastes 1:1-9




abril 22, 2015 No Comments
A antiga fachada, sólida e enegrecida,
mesmo estando hoje tão desvalorizada,
carrega em si um prodigioso saber.
Eras e eras sobrepostas, pedra sobre pedra.

Construção coletiva,
amálgama edificante,
projeto sem projetista,
conhecimento amontoado,
tudo isso se encerra neste frontispício.

Para que o novo não nasça com cara de velho,
é preciso que respeitemos este antigo edifício.

“Isto matará aquilo. O livro matará o edifício.”
(Victor Hugo)

Catedral de Notre-Dame de Paris
abril 15, 2015 No Comments
A democracia é, evidentemente, a arte necessária para se chegar à paz. No entanto, antes de alcançá-la, precisamos percorrer um longo caminho repleto de conflitos, disputas, concessões, blefes, além de demonstrações de força e de poder, e, para isso, habilidades como paciência, bom senso, cautela e perseverança são imprescindíveis. No jogo democrático, assim como na vida, precisamos lutar incessantemente por aquilo que acreditamos. Diante das adversidades, a necessidade imperativa de proteger tudo o que nos é mais valioso deve sempre prevalecer.



abril 15, 2015 No Comments
No crepitar das chamas, algo se anuncia;
o labor recompensado, a colheita farta,
o alvorecer de um novo e augusto dia.
Passam-se os meses, ouve-se uma nova canção;
triste e enfadonha, contínua e ritmada,
ela ressoa internamente na fria madrugada.
Laivos de tristeza, nódoas e mágoas...
Vida e renovação, o silêncio e o nada.


março 26, 2015 No Comments
É engraçado quando as pessoas chegam à “inteligente” e evidente conclusão de que o egoísmo é a maior característica do gênero humano. “Cada um só pensa em si mesmo”, dizem alguns, é... parece que esta antiga verdade, por mais que o tempo passe, nunca perde o seu aspecto de notícia quentinha saída do forno.

“Eu vejo o futuro repetir o passado.
Eu vejo um museu de grandes novidades.
O tempo não para!
Não para, não, não para!”
(Cazuza - O Tempo Não Para)


março 10, 2015 No Comments
As ratazanas estão à solta;
procurando queijo, mandando beijo,
vivendo do suor e do trabalho alheio,
elas se refestelam,
não se preocupam com nada que não seja
o próprio estômago.
As ratoeiras estão todas quebradas e falidas;
só nos resta esperar que elas tenham uma colossal indigestão.


fevereiro 26, 2015 No Comments
A convicção cega de que se está sempre certo é o primeiro passo para a destruição de todo pensamento crítico e também o prenúncio do fim das liberdades, pois todo aquele que se acha com a total razão quer impor violentamente a sua visão de mundo aos outros.




fevereiro 21, 2015 No Comments
A ignorância ainda reina no mundo. De certo modo, ainda estamos vivendo na Idade Média, só que agora é muito pior, pois temos nas mãos as ferramentas necessárias para a construção de um mundo melhor e não as usamos.


fevereiro 14, 2015 No Comments
O acorde fundamental da vida
manifesta-se, neste mundo destoante,
por meio da busca incessante
de uma sintonia perfeita,
afinada através de um místico diapasão
capaz de evitar a cacofonia
de uma vida sem explicação.


fevereiro 06, 2015 No Comments
Lágrimas não mais me comovem, por certo que sequei por dentro. Meu coração, outrora tão afável e generoso, parece hoje petrificado pelas agruras e sofrimentos desta nossa mísera existência. O que terá comigo acontecido? Onde talvez tenha eu perdido o encantamento pela vida? E, por mais que eu investigue, não encontro respostas. O opaco da vida é muito diferente do brilho das utopias.


janeiro 24, 2015 No Comments
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