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Implicação

Lasciva, ardente, libidinosa...
És tu uma vadia toda prosa,
que me faz viver no desatino,
sem rumo e sem destino.

Tu és a febre do meu corpo,
a lepra da minha alma,
o objeto do meu desejo
e também do meu repúdio.

Mulher, por que me olhas?
O que queres de mim?
Eu sei pelo que anseias:
todo o meu ser dentro de ti.

O teu apetite voraz te impele;
queres me consumir por inteiro,
sugar todo o meu cálice,
até a última gota do meu sangue.

Vem comigo, não percamos tempo,
resguardemo-nos da cretinice crônica
que assola esta decadente sociedade
tão racional, ordeira e sem coração.

Vem, vamos chafurdar na lama
dos nossos instintos naturais;
vamos fazer aflorar nesta cama
a sequela de tantas regras morais.


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Um pouco mais de poesia

A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta  linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.

Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.