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Oblívio

Há um tênue fio que une todas as coisas vivas,

e há também um quê de empatia e amor que facilmente se dissolve,

seja por pura inconsistência humana ou pela simples ação do tempo;

transformações contínuas que nos levam para longe de nós mesmos,

que nos fazem estranhos, loucos, habitando um velho e mesmo invólucro.

Aquilo que parecia ser feito para durar por toda uma vida,

aquilo que nunca se dissiparia

– nem mesmo quando os últimos poetas caminhassem por ruas desertas –,

mostra-se falível, frágil e evanescente.

Muitas vezes uma sensação absurda começa a crescer dentro do peito,

uma vontade de acabar com tudo,

um desejo secreto de esquecer e ser esquecido;

e outras tantas vezes uma estranha vontade de resistir,

de dançar descalço à beira do abismo,

brota com uma força imensa, incontrolável.




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Um pouco mais de poesia

A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta  linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.

Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.