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Postagens

Dualismos

A dúvida é desconcertante; a certeza, reconfortante. O caos é insuportável; a ordem, indispensável. A fé é desmedida; a razão, sempre contida. A ilusão é benfazeja; a realidade ninguém deseja! A morte é prorrogada; a vida, prolongada.

Caixa de Pandora

Ruas desertas; casas destruídas; lixo, entulho e desolação. Cães esfomeados; esperança perdida; caos, morte e destruição. O que fazer quando tudo foi consumido? Como recomeçar? Quando sorrir parece um sacrilégio, quando o luto é maior que tudo, quando o normal nos parece estranho, nestes tristes momentos, como não naufragar? É preciso ouvir o som do silêncio, a voz muda que, dentro de cada um de nós, grita: “Continua! Continua!”

Aparência e Essência

Sob o signo da melancolia, escrevo este triste poema; um poema sobre o nada, um poema no vazio, um poema sobre a vida, com versos que nada dizem, sem rimas e sem propósito; enfim, escrevo algo insípido, frívolo, descartável e póstumo, como tudo o que existe de mais verdadeiro neste mundo.

Estranhos na Escuridão

Estranhos, eis o que somos uns para os outros. Tateando no escuro, procuramos algum apoio; não há nada a nossa frente. As horas se sucedem... Nas entrelinhas, nos recônditos refúgios, não encontramos nenhum mistério grandioso. O frio, o silêncio, o cansaço, a solidão, tudo nos aponta para uma mesma direção.

The 80's

O que é que isso estou sentindo agora? Será que estou sonhando novamente? Se for mesmo aquilo que imagino, não quero saber porque , como ou quando , quero apenas que você me ensine o que é o amor. *** Livres de todo sinal de Wi-Fi num mundo sem tablets ou smartphones ouvindo uma canção no rádio “Time After Time” colocando para tocar um fita cassete um vinil lustroso... *** Um tempo colorido um passado não esquecido memórias de um tempo em que garotas e também garotos só queriam se divertir.

Não é por acaso que beleza rima com tristeza

Belo porque triste, triste porque verdadeiro. O ideal vem da incompletude; O amor nasce do desencontro; A esperança surge da falta de horizontes.

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

É sempre a mesma história: esquecer para prosseguir, prosseguir e aprender; atravessar a rua do tempo, deixando sempre algo do outro lado, sem jamais olhar para trás. Cenas de um passado, de uma vida, cenas felizes, cenas tristes, cenas que se apagam. Basicamente, um filme sem cortes, sem retorno. Suspiros perdidos, vozes esquecidas, lágrimas e suor... Alegrias, esperanças, amizades, pessoas e lugares... Acordar a cada dia tendo a certeza de que algo se perdeu; tentar deliberadamente não sucumbir; construir novas pontes, novas conexões e, sobretudo, um novo caminho.

A Princesa e o Plebeu

Vindos de mundos diferentes, tendo trajetórias opostas, eles agora orbitam a mesma estrela, buscam as mesmas respostas. Nesta dança gravitacional graciosa, querem se conhecer mutuamente. Juntos, sem pressa e sem afobação, veem apenas um horizonte: viver o hoje como dádiva; sabem instintivamente que o amanhã não lhes pertence.

Rock and roll

Venha acender a minha chama, baby . Eu quero estar ao seu lado esta noite, ter a certeza de que você realmente me ama. Quero me abrigar no seu corpo inflamado, sentir o ardência dos seus beijos, do seu amor. Eu serei seu; você será minha, for all eternity . A febre da paixão nos guiará. Deixemos tudo pra lá, que esta noite não tenha fim.

Renúncia

Renuncia... Renuncia à sua arrogância, renuncia à sua vaidade, renuncia à sua prepotência, renuncia à sua falsidade, renuncia à sua teimosia, renuncia ao seu desejo de poder, e abrevia esta longa agonia. Não se pode ter tudo na vida. É preciso não se apegar, é preciso ser humilde; um dia tudo termina.

Luísa no século XXI

Tinha tomado o seu cafezinho (a internet estava lenta naquele dia), tinha lido suas mensagens sem muito interesse. Não era a primeira vez que lhe escreviam aquelas bobagens, e o seu tédio aumentava a cada novo vídeo motivacional, a cada novo e-mail recebido, nova postagem ou curtida; sentia um decréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava num existência muito desinteressante, onde cada hora nada tinha de importante, cada novo clique levava a uma apatia, e a alma se cobria de um vazio de sensações.

À Florbela Espanca

Nas noites brancas, nas cinzas das horas, nas brumas do tempo, espero... Espero por quem partiu sem ter vindo, por quem amou sem ser amado, por quem muito se doou e nada recebeu. Espero, mas sem esperança; vivo na eterna lembrança de tudo aquilo que foi sem ter sido; melhor esquecer, esquecer e ser esquecido.

Vertigo

Você caiu de paraquedas na minha vida! Entre uma lição e outra, nos entreatos da docência, encontramos, um no outro, abrigo. A doçura de sua presença, sua alegria radiante, sua companhia amiga, sua tez brilhante, seu sorriso inefável, seu olhar cativante, tudo isso me faz perder os sentidos – Fico inebriado! –, mas a sensação logo passa; não preciso me preocupar: você está ao meu lado.

Os Miseráveis

Mais um dia... Sonhando um sonho impossível; ouvindo o povo a cantar; lutando pelo amanhã nas barricadas da vida. Mais um dia... Sentindo as dores do mundo; secando as lágrimas; escondendo as mágoas; buscando uma segunda chance, um novo começo. Mais um dia... Afastando as trevas da noite; vencendo o ódio e a maldade; espalhando a esperança; vendo o raiar de um novo dia.

Se arrependimento matasse...

Se arrependimento matasse, sobrariam no mundo apenas os psicopatas, os sociopatas e, principalmente, muitos políticos; este infelizmente é um breve resumo de tudo o que aconteceu. Pode parecer fantástico e irreal, porém, como estou muito doente, quero deixar aqui o meu relato. Não sei se essas minhas palavras serão lidas algum dia, não custa tentar. O mundo seguia o seu ritmo normal e enfadonho. Um dia ouvimos falar sobre uma estranha epidemia que se alastrava por toda a Europa. A doença era rápida e letal. Toda a comunidade científica se debruçou sobre o caso em busca de respostas, mas nada descobriram. Aparentemente, nada daquilo fazia sentido. Aos poucos, a doença foi se espalhando para todos os outros continentes, causando uma mortandade nunca vista antes. O momento mais difícil foi quando comecei a perder amigos, mulher e filhos. Fiquei totalmente desnorteado. Passei a perambular pelas ruas quase desertas de um mundo desolado. Para não enlouquecer busquei, com todas as minh...

Letargia

Perdido numa densa floresta de sonhos e desventuras, o ser solitário que ali habita busca desbravar uma nova trilha. Incansavelmente, ele persiste... Vai abrindo caminho a duras penas, lutando, conquistando, ferindo-se. Suas pernas cansadas, seu braços doloridos, sua mente entorpecida segue incansavelmente. Aos poucos, a escuridão desaparece, e um brilho crescente e distante começa a tomar conta de tudo. Por fim, o ser solitário adormece sem ter concluído o seu objetivo.

A Insondável Profundidade do Ser

"O homem é a medida de todas as coisas", essa máxima do antigo filósofo grego ainda é, de certa forma, muito válida hoje em dia, pois, no que concerne a nós mesmos, aos nossos sentimentos e sofrimentos, não possuímos outros parâmetros que não os nossos. Toda experiência humana é única e intransferível. Ninguém sabe exatamente, nem nunca saberá, qual é o mistério escondido por trás de cada existência. Somente nós podemos descortinar o nosso próprio mistério, porém – eis uma verdade insofismável – não somos capazes de comunicá-lo a ninguém.

Transfiguração

Quando arruinamos tudo, quando nos sentimos derrotados, quando o pesar é muito grande, quando não conseguimos pensar em outra coisa, quando nos desprezamos e nos sentimos horríveis, quando o desespero bate à porta, quando deixamos de mentir para nós mesmos, quando nos encaramos no espelho, quando tiramos todas as máscaras, quando não há mais nada a perder, é que a vida se renova.

A nossa vã filosofia

Racionalmente, desvendamos o mundo. Buscamos repostas para tudo. Criamos padrões, leis e teorias. No entanto, não possuímos a noção exata do número de coisas que desconhecemos, não sabemos, portanto, qual é ao certo o tamanho da nossa ignorância. É claro que o “não saber” deve ser sempre um estímulo para o “saber mais”. Porém, não podemos aspirar ao pleno conhecimento. É uma ilusão muito atraente acreditar na infalibilidade racional do homem. A nossa pretensão intelectual será sempre frustrada por dois simples fatos: primeiro, a vida é curta; segundo, a nossa capacidade cognitiva é limitada. Em cada infinito existe muitos outros infinitos. Toda resposta leva inevitavelmente a uma nova pergunta. “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate ...

O Simulacro da Vida

fingir aquilo que não se sente seguir todos os ditames sociais ser exatamente aquilo que se espera crer na própria mentira aceitar o ledo engano simular a própria existência tornar-se uma cópia de si mesmo Enfim, viver algo muito parecido com a vida.

O degelo do Tempo

Gota a gota e calmamente, um iceberg de potencialidades perde a sua suposta solidez, liquefazendo-se no presente. Nada é capaz de deter tal processo; o aquecimento é inevitável. Fica então aqui a nossa única certeza: o líquido que aos poucos se derrama deve ser muito bem aproveitado; a água do degelo formará um rio, e este rio, por consequência, desaguará na vastidão oceânica.

Os bons costumes morreram... de anemia.

O que nos diferencia dos outros animais não é somente a nossa habilidade cognitiva, a nossa racionalidade, mas também – e principalmente – a capacidade que temos de fazer coisas que vão na direção contrária de nossos impulsos naturais mais básicos e primitivos. É muito importante que as pessoas sejam boas, contudo, como bem sabemos, essa não é a regra; sucumbimos muitas vezes a instintos nada civilizados. Precisamos, portanto, de um conjunto de valores nos quais possamos nos orientar. Precisamos saber que existem limites. Precisamos valorizar os bons costumes e também a boa educação, que, assim como as virtudes, não nos são inatas; devemos continuamente reforçá-las em nossa rotina diária para que nos tornemos, com a prática, pessoas melhores. No entanto, há aqui uma obviedade: tudo aquilo que não é ensinado não nasce, tudo aquilo que não é cuidado não cresce, não se desenvolve. E assim de anemia morre o rebento moral que, infelizmente, mesmo que não definhe no nascedouro, poucas chan...

Monarca

Repleta de letícia plena, em meio a um jardim de flores caprichosas, ela borboleteia serena entre lírios e rosas, gerânios e begônias, hortênsias e bromélias, violetas e tulipas, cravos e orquídeas. No Jardim da Criação, ela é a Monarca, aquela das majestosas asas douradas. Borboleta-monarca (Danaus plexippus)

Liberdade

O passarinho voa, atravessa porteira, riacho, estrada e monte, chegando onde bem queira, sem ter quem o confronte. Livre, seu canto entoa, e despreocupado rápido anuncia, no belo verde prado, majestosa alegria. Longe, numa lagoa, descansa calmamente; precisa forte estar: quer mostrar o que sente, quer alcançar o mar.

Lastro

Homero, Safo, Anacreonte, Virgílio, Horácio, Ovídio, Dante, Petrarca e o grã Camões, Juntos, cantando edificaram, Com engenho e arte, novo Reino Que pioneira senda abriu Aos que, seguindo sumo exemplo, Nobre arte ao mundo anunciaram. Tal legado só foi possível Porque não perderam o lastro; Só se pode o novo singrar Com um bom, velho e firme mastro. “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.” (Isaac Newton)

O Sagrado e o Profano

Profanar é um verbo que, hoje em dia, está muito em voga. No entanto, acautelemo-nos. Quando retiramos o sagrado de seu devido lugar, tornando tudo mundano, perdemos a noção da necessidade de uma hierarquia de valores. Quando tudo é importante, quando tudo está no mesmo patamar, nada é verdadeiramente importante. Desta maneira, a banalização se infiltra por todos os poros da vida.

A Morte da Arte!?

Tolos! Eis o que vós sois: Engodo artístico, decomposição e nada. Esqueceram-se da tradição e destruíram tudo o que encontraram; mergulhados em um luto permanente, abandonaram de uma vez o culto ao belo. Artistas infantilizados produzem a sua arte “inovadora”: transgredir por transgredir, desconstruir por desconstruir. Conservar é, para eles, um verbo abominável. Porém, muito mais abominável ainda é “arte” que produzem.

Moralis

Agir conforme as próprias vontades não requer esforço; reprimir essas vontades, sim. O mal se prolifera nos pântanos da leniência e da tibieza, enquanto que, para se fazer o bem, é necessário muita labuta, muitos esforços, muita dedicação. Deixado em seu estado natural, o homem não é belo nem justo; da destruição total do passado não surgirá um futuro augusto. Uma reengenharia social que desconheça completamente a nossa íntima natureza só piorará tudo. A nossa luta deve ser constante! Devemos buscar a perfeição, mesmo estando cientes de nossas imperfeições, mesmo sabendo que se trata, no fim das contas, de uma missão impossível.

Chronos

Tudo se perde com o tempo: perde-se a vergonha, perde-se a fantasia, perde-se a alegria, perde-se a vitalidade, perde-se, aos poucos, a esperança. Alguns perdem até os cabelos, mas não a barriga. E, se longeva a vida for, perdemos, inclusive, as pessoas que mais amamos. Tal processo, apesar de doloroso, é imprescindível; perder é, antes de tudo, amadurecer. É preciso deixar para trás toda a carga inútil, todo o peso morto; seguir em frente, até que não reste mais nada; só assim conseguiremos chegar, com altivez, ao fim desta jornada.

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