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Serenidade

Entre as flores que vicejam em ledo prado,
atrás de muros que nada protegem,
lá, longe de tudo, em meio à proteção que eu mesmo inventara,
olho atentamente para tudo e não sinto nada.
Começo então a correr e a todo custo tento fugir de mim mesmo.
Depois de algum tempo encontro uma cerca, casas, uma realidade.
Pulo a cerca, respiro fundo, observo atentamente as casas;
rachaduras, sofrimentos, risos, vidas entrelaçadas.
Uma forte chuva começa a cair e, cansado,
deito-me na relva molhada.
Depois de algum tempo, tudo volta ao normal.
No céu, entre nuvens que se dispersam,
há um brilho, um calor, uma dádiva.


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Um pouco mais de poesia

A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta  linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.

Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.