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Metamorfose

Espero não ter me tornado uma estranha criatura; às vezes nem mesmo eu me reconheço. Faz tanto tempo que nós não nos vemos que nem sei mais quem éramos. Andamos por caminhos tão distantes, tivemos tantos contratempos e sofremos, cada um a seu modo, tanto e por tanto tempo. Não sei se o ígneo sentimento que um dia nos aproximou poderá ainda, em algum momento, fazer-se presente outra vez. Mas, neste instante, ao mirar seus olhos, tão parecidos com os meus, procuro uma resposta ou talvez uma fagulha. Perco as palavras, me atrapalho, mas logo me recupero. A conversa se estende, emaranhada, e o futuro permanece, como sempre, incerto.

desleixo

Esqueço as palavras

e quase perco os sentidos.

Não sei mais o que faço,

só sei que vivo nas entrelinhas,

perdido, fora de compasso.

Trago comigo, simplesmente,

esperanças de nanossegundos,

náufragos devaneios de éons

e o absurdo divino do presente instante.

Quero ver através de olhos alheios,

quero me perder na infinitude de coisas que desconheço

e, mais uma vez, sentir o chão sob meus pés.

Não há nada a ser dito, lido ou proclamado,

nenhuma canção, ruído, som,

apenas o silêncio etéreo de bombas que nunca explodirão.



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