Eu
sinto que não sinto mais nada, mas eu sei que isso é falso; há uma angústia, um
desespero, um não sei quê que ronda silenciosamente, que vasculha, que oprime.
Finjo, portanto, que está tudo bem. A vida é isso mesmo, caminho sem volta,
algo insípido, doloroso, prolongado. Não há pessoas que gostaria de voltar a
ver, e as que vejo não me animam muito. Falta alguma coisa, inteligência
talvez, mas não é só isso, falta afeto, falta empatia, falta um olhar que não
seja ensimesmado, absorto ou perdido em divagações sobre aquilo que o mundo
supostamente nos deve.
A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.
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