Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
  • Página Inicial

Devaneio e Poesia

Gota a gota e calmamente,
um iceberg de potencialidades
perde a sua suposta solidez,
liquefazendo-se no presente.
Nada é capaz de deter tal processo;
o aquecimento é inevitável.
Fica então aqui a nossa única certeza:
o líquido que aos poucos se derrama
deve ser muito bem aproveitado;
a água do degelo formará um rio,
e este rio, por consequência,
desaguará na vastidão oceânica.


fevereiro 28, 2016 No Comments
O que nos diferencia dos outros animais não é somente a nossa habilidade cognitiva, a nossa racionalidade, mas também – e principalmente – a capacidade que temos de fazer coisas que vão na direção contrária de nossos impulsos naturais mais básicos e primitivos. É muito importante que as pessoas sejam boas, contudo, como bem sabemos, essa não é a regra; sucumbimos muitas vezes a instintos nada civilizados. Precisamos, portanto, de um conjunto de valores nos quais possamos nos orientar. Precisamos saber que existem limites. Precisamos valorizar os bons costumes e também a boa educação, que, assim como as virtudes, não nos são inatas; devemos continuamente reforçá-las em nossa rotina diária para que nos tornemos, com a prática, pessoas melhores. No entanto, há aqui uma obviedade: tudo aquilo que não é ensinado não nasce, tudo aquilo que não é cuidado não cresce, não se desenvolve. E assim de anemia morre o rebento moral que, infelizmente, mesmo que não definhe no nascedouro, poucas chances futuras terá de sobrevivência.


fevereiro 15, 2016 No Comments
Repleta de letícia plena,
em meio a um jardim de flores caprichosas,
ela borboleteia serena
entre lírios e rosas,
gerânios e begônias,
hortênsias e bromélias,
violetas e tulipas,
cravos e orquídeas.

No Jardim da Criação,
ela é a Monarca,
aquela das majestosas asas douradas.

Borboleta-monarca (Danaus plexippus)


fevereiro 14, 2016 No Comments
O passarinho voa,
atravessa porteira,
riacho, estrada e monte,
chegando onde bem queira,
sem ter quem o confronte.

Livre, seu canto entoa,
e despreocupado
rápido anuncia,
no belo verde prado,
majestosa alegria.

Longe, numa lagoa,
descansa calmamente;
precisa forte estar:
quer mostrar o que sente,
quer alcançar o mar.


fevereiro 11, 2016 No Comments
Homero, Safo, Anacreonte,
Virgílio, Horácio, Ovídio,
Dante, Petrarca e o grã Camões,
Juntos, cantando edificaram,
Com engenho e arte, novo Reino
Que pioneira senda abriu
Aos que, seguindo sumo exemplo,
Nobre arte ao mundo anunciaram.
Tal legado só foi possível
Porque não perderam o lastro;
Só se pode o novo singrar
Com um bom, velho e firme mastro.

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.”
(Isaac Newton)

fevereiro 06, 2016 No Comments
Profanar é um verbo que, hoje em dia, está muito em voga. No entanto, acautelemo-nos. Quando retiramos o sagrado de seu devido lugar, tornando tudo mundano, perdemos a noção da necessidade de uma hierarquia de valores. Quando tudo é importante, quando tudo está no mesmo patamar, nada é verdadeiramente importante. Desta maneira, a banalização se infiltra por todos os poros da vida.


janeiro 24, 2016 No Comments
Tolos! Eis o que vós sois:
Engodo artístico, decomposição e nada.

Esqueceram-se da tradição
e destruíram tudo o que encontraram;
mergulhados em um luto permanente,
abandonaram de uma vez o culto ao belo.

Artistas infantilizados produzem a sua arte “inovadora”:
transgredir por transgredir, desconstruir por desconstruir.
Conservar é, para eles, um verbo abominável.
Porém, muito mais abominável ainda é “arte” que produzem.



janeiro 09, 2016 1 Comments
Agir conforme as próprias vontades não requer esforço;
reprimir essas vontades, sim.
O mal se prolifera nos pântanos da leniência e da tibieza,
enquanto que, para se fazer o bem, é necessário muita labuta,
muitos esforços, muita dedicação.
Deixado em seu estado natural, o homem não é belo nem justo;
da destruição total do passado não surgirá um futuro augusto.
Uma reengenharia social que desconheça completamente
a nossa íntima natureza só piorará tudo.
A nossa luta deve ser constante!
Devemos buscar a perfeição,
mesmo estando cientes de nossas imperfeições,
mesmo sabendo que se trata, no fim das contas,
de uma missão impossível.



janeiro 07, 2016 No Comments
Tudo se perde com o tempo:
perde-se a vergonha,
perde-se a fantasia,
perde-se a alegria,
perde-se a vitalidade,
perde-se, aos poucos, a esperança.
Alguns perdem até os cabelos,
mas não a barriga.
E, se longeva a vida for,
perdemos, inclusive, as pessoas que mais amamos.
Tal processo, apesar de doloroso, é imprescindível;
perder é, antes de tudo, amadurecer.
É preciso deixar para trás toda a carga inútil,
todo o peso morto;
seguir em frente, até que não reste mais nada;
só assim conseguiremos chegar, com altivez, ao fim desta jornada.


janeiro 07, 2016 1 Comments
Aos borbotões, o rio caudaloso da vida,
de forma repentina e abrupta,
tem o seu calmo curso interrompido
por uma queda inesperada.
Ao longe, ouve-se o fragor desesperado
das águas agitadas.
Porém, aos poucos, tudo volta ao normal.
O Mar, este destino último, aguarda impassivelmente.



dezembro 14, 2015 No Comments
Oh, Edith, não, eu não me arrependo de nada.
A vida, esta belle chanson, fugidia e efêmera,
não deve ser preenchida por lamentos
daquilo que poderia ter sido e não foi.
A hora da estrela sempre chega um dia...
Melhor olvidar as mágoas,
viver plenamente, sem histeria.
Nem tudo podemos consertar.
O Destino é cego.
C'est la vie!


dezembro 11, 2015 No Comments
Verborragia, altercação, tergiversação...
Impropério, invectiva, vitupério...
Lúgubre, soturno, tétrico...
Fescenino, lascivo, libidinoso...
Hodierno, arcaico, ubíquo...
Delir, obliterar, esmaecer...

“... que estranha potência, a vossa!”


dezembro 07, 2015 No Comments
A certeza de que não há certeza alguma,
juntamente com o temor da contingência
e o pavor de que o acaso resulte em ocaso,
acaba paralisando e engessando nossas vidas.

Obstáculos são feitos para serem superados,
eis uma frase pra lá de clichê,
mas a vida, não nos enganemos, é um grande clichê.

Não é fácil transmutar o velho em novo a cada dia;
encontrar subterfúgios para contornar o tédio cotidiano.
Realmente, não há nada novo debaixo do sol,
por isso é preciso ter coragem e lutar até o fim.


dezembro 07, 2015 No Comments
Foi o desejo que me guiou até aqui.
Sinto-me liberado de toda uma carga,
tiraram-me os grilhões que me prendiam,
mas a sensação que sinto neste momento
é muito mais do que de liberdade.
Na realidade, o que sinto é um grande vazio.
Tenho a impressão de que algo grandioso
esteve próximo de acontecer.
Não consegui nada do que queria,
tudo falhou.
Minha existência quase...
No entanto, não tenho mais o que esperar,
cheguei ao fim.



dezembro 06, 2015 No Comments
A única coisa que posso fazer é sublimar a dor que sinto em meu peito,
fazer com que esta angústia incessante, que me persegue continuamente,
seja expurgada através desta minha medíocre expressão.
O mundo parece que vai me esmagar, porém, não me esmaga,
e, desta forma, me destrói lentamente,
fazendo-me afundar em meu mundo particular.
Estou sufocado por meus próprios pensamentos
e por minha própria dor existencial.
Não aguento mais, estou louco, busco desesperadamente uma saída,
mas nada encontro; não tenho onde me segurar,
estou afundando e, aos poucos, desaparecendo...
Para sempre vivo emudecido e esquecido por todos aqueles
que, um dia, disseram me amar.


Viver é, antes de tudo, um ato de puro masoquismo, porém, mesmo na dor, há neste processo uma beleza indizível e majestosa.
dezembro 05, 2015 No Comments
Voltar
Ver Mais

Compartilhe:

Postagens mais visitadas

  • Um pouco mais de poesia
    A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vonta...
  • Escriba moderno
    Tabuletas de argila, pergaminhos esquecidos, códices medievais, livros impressos, eis um mundo redescoberto. Jornais, revistas...
  • Encontros e Despedidas
    você veio com o vento chegou de mansinho sem que eu percebesse preencheu os espaços vazios acendeu todas as luzes fez o que queri...
  • Nepente
    Olvidar a angústia que me rasga a pele, a sensação de que algo me persegue, deixar para trás a memória, a vida, sonho. Não há muit...
  • Debacle
    Quero escrever algo que soe sincero, que não tenha cara de interpretação, de algo forçado, calculado, ensaiado. Quase posso tocar ...
  • Palimpsesto
    Na face oculta do medo, há um ódio arraigado prestes a eclodir. Quando palavras sem sentido, cicatrizes invisíveis, ressentimentos...
  • Infelicidade
    Uma ânsia maldita por perder-se em alguém, encontrando assim algo que tenha algum brilho, mesmo que parco, em meio a um mundo opaco de afet...
  • Fogo na Alma
    Explosão de cores, sons e sensações: algo aconteceu em mim. Não me sinto mais o mesmo; o espelho reflete uma estranha imagem. Esto...
  • Fino Amor
    Teodolinda, Leonor, Heloísa, iluminuras de um passado descontente, doutas mulheres de uma ímpar tessitura, fazedoras de sonhos e sofr...
  • No Jardim de Vênus
    Linda, linda moça, ouça o seu coração! Saiba que não há amanhã, não há caminho de volta. Aqui uma conversa moderna : você é minh...

Postagens recentes

Pesquisar este blog

Sobre mim

Espero que o conteúdo deste blog seja útil e agradável para todos os que aqui adentrarem. Desde já, muito obrigado por sua visita. Volte sempre! (Fulvio Denofre)

Arquivo do Blog

  • ▼  2024 (2)
    • ▼  outubro (2)
      • Ócio de Verão
      • O FIM
  • ►  2023 (21)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (1)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (5)
    • ►  julho (1)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (2)
  • ►  2022 (13)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (4)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (4)
  • ►  2021 (26)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (12)
    • ►  abril (2)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2020 (29)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (4)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2019 (99)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (17)
    • ►  outubro (5)
    • ►  setembro (2)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (2)
    • ►  abril (8)
    • ►  março (14)
    • ►  fevereiro (18)
    • ►  janeiro (28)
  • ►  2018 (43)
    • ►  dezembro (14)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (1)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (8)
    • ►  janeiro (9)
  • ►  2017 (26)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (3)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (10)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (2)
  • ►  2016 (79)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (24)
    • ►  junho (6)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (7)
    • ►  março (20)
    • ►  fevereiro (5)
    • ►  janeiro (4)
  • ►  2015 (48)
    • ►  dezembro (6)
    • ►  novembro (11)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (8)
  • ►  2014 (73)
    • ►  dezembro (10)
    • ►  novembro (7)
    • ►  outubro (22)
    • ►  setembro (23)
    • ►  agosto (11)
  • ►  2012 (2)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (1)
  • ►  2011 (4)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (2)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2010 (30)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (6)
    • ►  setembro (5)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (12)

Marcadores

Aforismos Arte Brasil Cinema Contos Devaneio Ela Friends Intertextualidade Mensagens Música Realismo Reflexões Romantismo

Created with by ThemeXpose