Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Racionalmente, desvendamos o mundo. Buscamos repostas para tudo. Criamos padrões, leis e teorias. No entanto, não possuímos a noção exata do número de coisas que desconhecemos, não sabemos, portanto, qual é ao certo o tamanho da nossa ignorância. É claro que o “não saber” deve ser sempre um estímulo para o “saber mais”. Porém, não podemos aspirar ao pleno conhecimento. É uma ilusão muito atraente acreditar na infalibilidade racional do homem. A nossa pretensão intelectual será sempre frustrada por dois simples fatos: primeiro, a vida é curta; segundo, a nossa capacidade cognitiva é limitada. Em cada infinito existe muitos outros infinitos. Toda resposta leva inevitavelmente a uma nova pergunta.

“Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários.” (Heráclito)



março 02, 2016 No Comments
fingir aquilo que não se sente
seguir todos os ditames sociais
ser exatamente aquilo que se espera
crer na própria mentira
aceitar o ledo engano
simular a própria existência
tornar-se uma cópia de si mesmo

Enfim, viver algo muito parecido com a vida.


março 01, 2016 No Comments
Gota a gota e calmamente,
um iceberg de potencialidades
perde a sua suposta solidez,
liquefazendo-se no presente.
Nada é capaz de deter tal processo;
o aquecimento é inevitável.
Fica então aqui a nossa única certeza:
o líquido que aos poucos se derrama
deve ser muito bem aproveitado;
a água do degelo formará um rio,
e este rio, por consequência,
desaguará na vastidão oceânica.


fevereiro 28, 2016 No Comments
O que nos diferencia dos outros animais não é somente a nossa habilidade cognitiva, a nossa racionalidade, mas também – e principalmente – a capacidade que temos de fazer coisas que vão na direção contrária de nossos impulsos naturais mais básicos e primitivos. É muito importante que as pessoas sejam boas, contudo, como bem sabemos, essa não é a regra; sucumbimos muitas vezes a instintos nada civilizados. Precisamos, portanto, de um conjunto de valores nos quais possamos nos orientar. Precisamos saber que existem limites. Precisamos valorizar os bons costumes e também a boa educação, que, assim como as virtudes, não nos são inatas; devemos continuamente reforçá-las em nossa rotina diária para que nos tornemos, com a prática, pessoas melhores. No entanto, há aqui uma obviedade: tudo aquilo que não é ensinado não nasce, tudo aquilo que não é cuidado não cresce, não se desenvolve. E assim de anemia morre o rebento moral que, infelizmente, mesmo que não definhe no nascedouro, poucas chances futuras terá de sobrevivência.


fevereiro 15, 2016 No Comments
Repleta de letícia plena,
em meio a um jardim de flores caprichosas,
ela borboleteia serena
entre lírios e rosas,
gerânios e begônias,
hortênsias e bromélias,
violetas e tulipas,
cravos e orquídeas.

No Jardim da Criação,
ela é a Monarca,
aquela das majestosas asas douradas.

Borboleta-monarca (Danaus plexippus)


fevereiro 14, 2016 No Comments
O passarinho voa,
atravessa porteira,
riacho, estrada e monte,
chegando onde bem queira,
sem ter quem o confronte.

Livre, seu canto entoa,
e despreocupado
rápido anuncia,
no belo verde prado,
majestosa alegria.

Longe, numa lagoa,
descansa calmamente;
precisa forte estar:
quer mostrar o que sente,
quer alcançar o mar.


fevereiro 11, 2016 No Comments
Homero, Safo, Anacreonte,
Virgílio, Horácio, Ovídio,
Dante, Petrarca e o grã Camões,
Juntos, cantando edificaram,
Com engenho e arte, novo Reino
Que pioneira senda abriu
Aos que, seguindo sumo exemplo,
Nobre arte ao mundo anunciaram.
Tal legado só foi possível
Porque não perderam o lastro;
Só se pode o novo singrar
Com um bom, velho e firme mastro.

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.”
(Isaac Newton)

fevereiro 06, 2016 No Comments
Profanar é um verbo que, hoje em dia, está muito em voga. No entanto, acautelemo-nos. Quando retiramos o sagrado de seu devido lugar, tornando tudo mundano, perdemos a noção da necessidade de uma hierarquia de valores. Quando tudo é importante, quando tudo está no mesmo patamar, nada é verdadeiramente importante. Desta maneira, a banalização se infiltra por todos os poros da vida.


janeiro 24, 2016 No Comments
Tolos! Eis o que vós sois:
Engodo artístico, decomposição e nada.

Esqueceram-se da tradição
e destruíram tudo o que encontraram;
mergulhados em um luto permanente,
abandonaram de uma vez o culto ao belo.

Artistas infantilizados produzem a sua arte “inovadora”:
transgredir por transgredir, desconstruir por desconstruir.
Conservar é, para eles, um verbo abominável.
Porém, muito mais abominável ainda é “arte” que produzem.



janeiro 09, 2016 1 Comments
Agir conforme as próprias vontades não requer esforço;
reprimir essas vontades, sim.
O mal se prolifera nos pântanos da leniência e da tibieza,
enquanto que, para se fazer o bem, é necessário muita labuta,
muitos esforços, muita dedicação.
Deixado em seu estado natural, o homem não é belo nem justo;
da destruição total do passado não surgirá um futuro augusto.
Uma reengenharia social que desconheça completamente
a nossa íntima natureza só piorará tudo.
A nossa luta deve ser constante!
Devemos buscar a perfeição,
mesmo estando cientes de nossas imperfeições,
mesmo sabendo que se trata, no fim das contas,
de uma missão impossível.



janeiro 07, 2016 No Comments
Tudo se perde com o tempo:
perde-se a vergonha,
perde-se a fantasia,
perde-se a alegria,
perde-se a vitalidade,
perde-se, aos poucos, a esperança.
Alguns perdem até os cabelos,
mas não a barriga.
E, se longeva a vida for,
perdemos, inclusive, as pessoas que mais amamos.
Tal processo, apesar de doloroso, é imprescindível;
perder é, antes de tudo, amadurecer.
É preciso deixar para trás toda a carga inútil,
todo o peso morto;
seguir em frente, até que não reste mais nada;
só assim conseguiremos chegar, com altivez, ao fim desta jornada.


janeiro 07, 2016 1 Comments
Aos borbotões, o rio caudaloso da vida,
de forma repentina e abrupta,
tem o seu calmo curso interrompido
por uma queda inesperada.
Ao longe, ouve-se o fragor desesperado
das águas agitadas.
Porém, aos poucos, tudo volta ao normal.
O Mar, este destino último, aguarda impassivelmente.



dezembro 14, 2015 No Comments
Oh, Edith, não, eu não me arrependo de nada.
A vida, esta belle chanson, fugidia e efêmera,
não deve ser preenchida por lamentos
daquilo que poderia ter sido e não foi.
A hora da estrela sempre chega um dia...
Melhor olvidar as mágoas,
viver plenamente, sem histeria.
Nem tudo podemos consertar.
O Destino é cego.
C'est la vie!


dezembro 11, 2015 No Comments
Verborragia, altercação, tergiversação...
Impropério, invectiva, vitupério...
Lúgubre, soturno, tétrico...
Fescenino, lascivo, libidinoso...
Hodierno, arcaico, ubíquo...
Delir, obliterar, esmaecer...

“... que estranha potência, a vossa!”


dezembro 07, 2015 No Comments
A certeza de que não há certeza alguma,
juntamente com o temor da contingência
e o pavor de que o acaso resulte em ocaso,
acaba paralisando e engessando nossas vidas.

Obstáculos são feitos para serem superados,
eis uma frase pra lá de clichê,
mas a vida, não nos enganemos, é um grande clichê.

Não é fácil transmutar o velho em novo a cada dia;
encontrar subterfúgios para contornar o tédio cotidiano.
Realmente, não há nada novo debaixo do sol,
por isso é preciso ter coragem e lutar até o fim.


dezembro 07, 2015 No Comments
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