Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

solstício de verão
momento de desacelerar
de olhar para dentro
lembrar que tudo se renova
tudo se transforma
toma novos contornos
pensar que fazemos parte do ecossistema
não somos animais apartados de tudo
tempo de ir além
de calma e tranquilidade
luz, energia, expansão


dezembro 22, 2018 No Comments
Desejo inconsciente de nada desejar
de viver como pedras
sem querer coisa alguma
plainando sob o abismo
sem sonhos nem expectativas
Morrer um pouco a cada dia
micromortes anunciadas que nos fazem amadurecer
Lento processo de erosão, de desprendimento...
milhões de toneladas de gelo que se deslocam
rumo ao vasto Oceano




dezembro 21, 2018 No Comments
Ei-la, exsudando feminilidade,
bem à minha frente.
Outra vez não me faço de rogado;
ébrio de prazer, levo-a ao delírio.

Não procuro extrair da vida algum sentido,
muito menos perco tempo com homens-sepultura;
contento-me com o fugidio momento,
com o etílico prazer de noite em boa companhia.

Não tenho mais idade para me aborrecer à toa.
Não quero estar com quem não ousa.
Cala-te! Beija-me!
A ilusão nos persegue por todos os lugares;
no alvor da manhã, rasgamos o véu da loucura.



dezembro 19, 2018 No Comments
Devassamente me entrego ao homem que tanto cobicei
Submeto minhas curvas a todos os seus caprichos,
Vassala do meu próprio tesão

Perdida nessa cama vazia
Entre lençóis úmidos, sujos
Com forte cheiro de suor e desejo insaciável
Planejo o próximo gozo

Não me venha com esse olhar reprovador!
Conheço bem o seu puritanismo

Não me prendo a ninguém, furtiva que sou
Quero arder apenas, arder com intensidade.


dezembro 16, 2018 No Comments
(Poema de Samuel Rocha)

Borboletas no estômago – sussurram os enamorados –
Nunca senti!
Não a paixão, essa indubitável alcunha humana, as borboletas.

Sempre pareceu-me mais com um aperto no peito
Pela angústia tomado
Pela alma, sempre pueril, inebriado
Temido pelo coração cansado. Que, bem agora, tivesse pernas, estariam bambas
Tivesse olhos, estariam suspeitos
Tivesse razão, estaria longe
Longe do perigo dessa roseira sem rosas
O algoz é inexorável.

Nada daria errado, tinha certeza!
Eu estava errado.

Experiência que de nada serve!
Como se defender do ataque inesperado?

Felizes os que não se apaixonam!
Para amar, sou inadequado.


dezembro 14, 2018 No Comments
Fui com tudo.
Fiquei sem nada.
Voltei feliz! 

dezembro 14, 2018 No Comments
(Autoria: Gleice C. Lanzoni)

Não sei por que, mas sempre gostei mais da cor azul. É uma cor que me atrai profundamente, até o âmago da minh'alma. Talvez isso seja um resultado do meu fascínio, desde pequena, pelo céu de anil, pelo mar azul turquesa, por vestidos e olhos cerúleos... Enfim, o infinito deve ser formado por uma miríade de tons de azul, o que me faz querer desvendar e explorar cada vez mais, mergulhando no mistério celeste sem fim da existência. 

Sempre achei as violetas flores muito difíceis de serem cultivadas. Elas não se adaptam a qualquer lugar,  há que se regá-las com todo apreço para não sucumbirem ao excesso de água e também para não morrerem pela falta da mesma. Penso numa analogia, que pessoas se parecem muito com flores, e para mim,  a violeta, apesar de parecer muito delicada,  é uma das flores mais bonitas e peculiares de nossa natureza.

As pessoas violetas têm seu próprio mundo, vivem nele, sendo por isso muito difícil invadir seus espaços e descobrir seus índigos segredos. Elas escolhem seu canto e lá ficam, entorpecidas pelo local que elegeram para si, por muito tempo. Contemplativas e misteriosas, elas pouco falam, mas mesmo assim, de uma forma serena e inesperada, espalham o seu perfume tranquilizador a todos.    

Queria saber cultivar as violetas, mas há que se ter uma paciência quase monástica para se dedicar totalmente a uma florzinha tão peculiar como ela... Eu que sou um pequeno girassol, que me movo de um lado para outro,  impetuosa,  colorida, quase ofuscante. Eu que tento de todas as formas ser vida, cor e calor. Eu, que sou o que sou, queria ser uma violeta, mas sou um girassol! E girassóis não habitam o mesmo vaso de uma violeta. Mas não tem problema, sorrio ao saber que faço parte desta rica diversidade de tons, brilhos e agradáveis odores.


dezembro 13, 2018 No Comments
Debacle, fiasco, revés...
Tentativas inócuas de clarificação
Embaciado destino que nos acomete
Experimentos, cálculos e teorias
Terraplenagem, construções, obeliscos
Válvulas, chips, desperdícios
Vida assaz racionalizada
Na esquina, à espreita,
O pêndulo da dúvida. 

dezembro 09, 2018 No Comments
Trago na pele as marcas de um dolorido viver. Fui muitas vezes magoado e ferido, mas, para o meu opróbrio, tenho também que confessar que a outros machuquei. Se aprendi com os erros? Bem, acredito que tentei, que ainda tento me redimir de alguma forma. Ser uma pessoa melhor não é tarefa fácil. Somos todos imperfeitos. Achamos que o mundo gira ao nosso redor. Oh, fútil autoengano! A vida está no horizonte que vislumbramos, naqueles que amamos, no contínuo pulsar do coração humano. 

dezembro 07, 2018 No Comments
Envelhecer sem envilecer;
melhorar dia após dia.
Ser mais do que se espera,
seja aos oito ou oitenta anos.
Ver a grandeza nas pequenas coisas
e admirar a beleza que nos espreita.
Tanto, tantas coisas a se fazer...
Correndo contra o tempo,
buscando muitas respostas!
Talvez encontrar o que ainda nos falta
e amar, amar sem medo, sem nenhuma explicação,
incondicionalmente.  


dezembro 06, 2018 No Comments
Contínuo rastejar rumo ao Nada.
Petrificante sensação de agonia.
Paradoxos de uma vida desgraçada.
Pútrido ar que impregna e asfixia.
Rima rica, frase feita, parco horizonte...
Amores, trabalho, família, ah, nem me conte!
Tempestade que aos poucos se avizinha;
Calmaria após tudo para a alma pobrezinha. 

novembro 30, 2018 No Comments
Seguir apressadamente pelo caminho da insensatez...
Perder-se dentro de alguém em busca de si mesmo...
Fazer desta vida algo melhor do que ela realmente é...
Laivos de ternura, sonhos de verão, ciprestes e amargura.
Um porto amigo, um lugar onde enfim repousar;
ali, algures perto do coração selvagem,
algo acontece, surgindo inopinadamente,
somente para um dia,  sem nenhuma explicação,
desaparecer nas brumas da tempo. 

novembro 25, 2018 No Comments
Às vezes, sou efusivo e caudaloso;
às vezes, frio, calado, indiferente.
Tenho a solidão por companheira
e o sol da ilusão como farol.
Não sou tantos quanto queria
nem sou aquilo que sonhara.
Proscrito de mim mesmo,
a vagar sem horizonte,
sou o vislumbre sem viço de outrora,
sou um turvo despertar hora após hora.


novembro 22, 2018 No Comments
Perdido no caminho que me leva à loucura,
eis que a encontro, candente e bela;
não é um poço de ternura,
mas sabe resolver toda querela.

Sua ausência é sempre logo percebida,
pois altera as cores por onde passa.
Tem um quê de “trem desgovernado”;
só que nunca descarrila, tudo enlaça!

Regressa sem prévio aviso;
parte quando quer.
Caminha nos astros, distraída...
Ah, quem pode com tal mulher!


novembro 19, 2018 No Comments
Entre as flores que vicejam em ledo prado,
atrás de muros que nada protegem,
lá, longe de tudo, em meio à proteção que eu mesmo inventara,
olho atentamente para tudo e não sinto nada.
Começo então a correr e a todo custo tento fugir de mim mesmo.
Depois de algum tempo encontro uma cerca, casas, uma realidade.
Pulo a cerca, respiro fundo, observo atentamente as casas;
rachaduras, sofrimentos, risos, vidas entrelaçadas.
Uma forte chuva começa a cair e, cansado,
deito-me na relva molhada.
Depois de algum tempo, tudo volta ao normal.
No céu, entre nuvens que se dispersam,
há um brilho, um calor, uma dádiva.


novembro 18, 2018 No Comments
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