Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Hoje, ao acordar, olhei-me no espelho,
e tal foi o meu susto que empalideci;
aquela não podia ser a minha imagem,
em qual ponto do percurso eu me perdi?

Narciso (Caravaggio, 1594-1596)

outubro 30, 2014 No Comments
Tal qual um explorador ou aventureiro,
adentro com minha tocha flamejante,
pouco a pouco, nos escondidos mistérios
da gruta obscura e improvável do teu ser.

Entre estalactites já sedimentadas,
vou percorrendo as fendas várias
e as fontes de águas borbulhantes
do teu agreste e selvagem ventre.

A luz tênue e sinuosa que me acompanha
nesta minha viagem rumo ao desconhecido
vai lenta mas prontamente se extinguindo,
deixando-me só no breu de tuas entranhas.

E, ao me ver assim solitário e abandonado,
é que te encontro, como num sonho, fiel e casta,
envolvendo-me em teus braços docemente,
revelando-me, na ardência dos teus beijos, o amor.


outubro 29, 2014 No Comments
Abandonado ao sabor dos ventos,
o homem se encontra desolado.

Afundando no vazio subatômico que separa a matéria,
buscando ouvir a música advinda das esferas celestes,
ele tenha ordenar o caos e estabelecer a ordem.

A indiferença e a contingência são para ele inaceitáveis.
E, nessas condições, qualquer bote salva-vidas é muito bem-vindo.


outubro 28, 2014 No Comments
Nas asas da imaginação,
no empíreo céu profundo,
neste ou em outro mundo,
pulsa um pobre coração,
vivendo a eterna incompletude
de um amor tão triste e rude
que o tempo um dia há de apagar,
quando enfim, cansado, descobrir
que tudo não passara de um sonho,
de uma mera ilusão.


outubro 28, 2014 No Comments
A riqueza do momento
está na intensidade;
se vivido com vontade,
eterno há de se tornar.
Quem me dera compreender
essa contínua passagem,
nesta nossa longa e louca viagem,
que nos faz sorrir, sofrer e amar.



outubro 25, 2014 No Comments
A esperança é improfícua;
a fé, alienante;
e o amor, uma falácia.


outubro 25, 2014 No Comments
Mulheres...
Muitos são os perfumes
e as diferentes cores
dessas belas flores!
Muitos são os amores,
e não menos os dissabores
que trazem no coração.
Oh, doce ilusão!


outubro 23, 2014 No Comments
As escopetas e os traficantes assinalados,
que das favelas cariocas se espalham
pelos becos nunca d’antes patrulhados,
ceifam vidas e famílias estraçalham
por balas perdidas, jovens silenciados,
e assim nos corações sofridos entalham
a marca a ferro e fogo que se perpetua:
o crime organizado, a maldade nua e crua.



outubro 22, 2014 No Comments
Qual o grande mistério da vida?
Qual é a causa primeira de tudo?
A força que sustenta o mundo?
Quem irá compreender...
O que faz germinar a semente?
O que faz deste mundo demente?
Quem saberá responder...


outubro 20, 2014 No Comments
Se tomarmos por base a seguinte definição para a nossa atual vida moderna: Vida – aquilo que fazemos entre uma obrigação e outra. Teríamos dessa maneira, uma evidenciação do caráter fragmentário que permeia a nossa existência nesta nova era pós-moderna e globalizada. A vida, por assim dizer, deixou de ser um continuum de vivências e aprendizados, para tornar-se um amontoado de pequenos pedaços, tal qual uma colcha de retalhos, onde privilegiamos apenas os momentos prazerosos e felizes, descartando tudo o mais como desnecessário e inútil para as nossas vidas. Neste ponto, nos defrontamos com uma míope valoração da existência apenas de acordo com aquilo que ela pode nos oferecer de melhor. Achamos que a vida possui um valor menos apreciável quando estamos trabalhando, estudando ou fazendo algo que nos é compulsório. Queremos vivenciar somente as experiências obtidas em nossas horas de folga, entretenimento e de descanso. Sonambulamente passamos pelas nossas obrigações e deveres, abrindo somente os olhos para ver o que é do nosso deleite. Porém – cabe agora o seguinte questionamento – não teríamos um acréscimo substancial de qualidade de vida, se aprendêssemos a aproveitar o todo ao invés de nos atermos apenas a alguns breves momentos de alegria. A vida é composta por uma miríade de momentos, momentos estes que não podem ser integralmente de felicidade.


outubro 19, 2014 No Comments
Bebamos do doce cálice do amor
que a nós divinamente se derrama.
Regozijemo-nos,
pois os doces prazeres da vida
nos são ofertados a cada dia.
Sintamos o eflúvio divinal,
o sabor extasiante,
a visão entorpecente
desta flor que nasce e morre,
deste sentimento inominável
e, ao mesmo tempo, delicioso.
Brindemos ao doce cálice do amor!


outubro 16, 2014 No Comments
Oh, Supremo Congregante,
eu sei que tudo na vida é vaidade,
tudo é efêmero como o vento que passa.
Minha vida neste mundo não é nada.
Porém, tal como Sísifo, estou condenado;
mal sacio o meu desejo, outro surge mais voraz.
Quando, após muita labuta, alcanço uma meta,
ela me parece pequena e desimportante.
E assim prossigo a minha longa jornada,
mesmo sabendo que ao fim dela,
quando tudo realmente se silenciar,
não receberei nenhum prêmio,
muito menos consolação alguma,
estarei sozinho e isso será tudo.


outubro 15, 2014 No Comments
Ecos do passado, fragmentos ao luar,
lembranças de um tempo a se esfarelar.
Vida cumprida ao rigor da estação:
hoje, primavera; amanhã, outros dias virão.
Lágrimas derramadas, tempo perdido.
Sorriso refeito, um dia, um amor, um amigo.
Flores, odores, sabores, rancores,
tudo ao vivo e em cores.
Divagar, devagar, louco cantar.


outubro 13, 2014 No Comments
Sombras, resquícios, fragmentos...
O que resta a um homem
cansado de tanta labuta
e de uma vida vazia, murcha,
sem sentido?

Este que agora persiste
está de mãos vazias,
pés descalços, machucados.

No coração, ele traz:
saudade nenhuma,
nem dor, nem mágoa,
muito menos tristeza ou alegria,
ódio ou rancor;
quem sabe talvez,
bem lá no fundo,
alguma paz.


outubro 12, 2014 No Comments
De um lado, o secularismo improfícuo de um ocidente desnorteado,
e, do outro, um ativismo beligerante e irracional.
Sentido – eis a questão essencial na contemporaneidade.
Na falta de um, novos caminhos inevitavelmente surgem:
- Abraçar velhas concepções ultrapassadas de mundo;
- Seguir as novas ilusões que se nos são impostas;
Ou, o que me parece mais razoável:
- Aceitar que não existe um roteiro ou plano predeterminado,
e seguir, potencializando o que temos de melhor,
um caminho sóbrio, sensato e, principalmente, autêntico.


outubro 11, 2014 No Comments
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