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Ditadura da Felicidade

Se tomarmos por base a seguinte definição para a nossa atual vida moderna: Vida – aquilo que fazemos entre uma obrigação e outra. Teríamos dessa maneira, uma evidenciação do caráter fragmentário que permeia a nossa existência nesta nova era pós-moderna e globalizada. A vida, por assim dizer, deixou de ser um continuum de vivências e aprendizados, para tornar-se um amontoado de pequenos pedaços, tal qual uma colcha de retalhos, onde privilegiamos apenas os momentos prazerosos e felizes, descartando tudo o mais como desnecessário e inútil para as nossas vidas. Neste ponto, nos defrontamos com uma míope valoração da existência apenas de acordo com aquilo que ela pode nos oferecer de melhor. Achamos que a vida possui um valor menos apreciável quando estamos trabalhando, estudando ou fazendo algo que nos é compulsório. Queremos vivenciar somente as experiências obtidas em nossas horas de folga, entretenimento e de descanso. Sonambulamente passamos pelas nossas obrigações e deveres, abrindo somente os olhos para ver o que é do nosso deleite. Porém – cabe agora o seguinte questionamento – não teríamos um acréscimo substancial de qualidade de vida, se aprendêssemos a aproveitar o todo ao invés de nos atermos apenas a alguns breves momentos de alegria. A vida é composta por uma miríade de momentos, momentos estes que não podem ser integralmente de felicidade.


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Um pouco mais de poesia

A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta  linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.

Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.