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Vastidões

O silêncio, aos poucos, vai inundando todo o deserto do ser. E o vazio vai preenchendo cada pequena fresta remanescente. Nas entrelinhas, uma obra inteira; nas pausas, por si só, uma canção; e, no espaço entre as partículas, um universo desconhecido. É tudo, a princípio, tão estranho e desconfortável. É como um olhar-se atento no espelho: uma constatação, um desconforto, uma aceitação, uma entrega e, depois, se a coragem resistir, um passo adiante, rumo ao infinito. ✦ Nota de Autor — Vastidões Este poema nasceu de uma experiência silenciosa, daquelas que não pedem explicação, mas exigem presença. “Vastidões” não tenta definir o silêncio, mas caminhar por dentro dele. Há momentos em que a ausência se expande de tal forma que parece ganhar corpo próprio — inundando o que antes era deserto, preenchendo frestas que julgávamos permanentes. Escrevê-lo foi um modo de observar o movimento interior que se inicia com uma constatação simples e avança até uma entrega — não teórica, mas vivida. C...

Ditadura da Felicidade

Se tomarmos por base a seguinte definição para a nossa atual vida moderna: Vida – aquilo que fazemos entre uma obrigação e outra. Teríamos dessa maneira, uma evidenciação do caráter fragmentário que permeia a nossa existência nesta nova era pós-moderna e globalizada. A vida, por assim dizer, deixou de ser um continuum de vivências e aprendizados, para tornar-se um amontoado de pequenos pedaços, tal qual uma colcha de retalhos, onde privilegiamos apenas os momentos prazerosos e felizes, descartando tudo o mais como desnecessário e inútil para as nossas vidas. Neste ponto, nos defrontamos com uma míope valoração da existência apenas de acordo com aquilo que ela pode nos oferecer de melhor. Achamos que a vida possui um valor menos apreciável quando estamos trabalhando, estudando ou fazendo algo que nos é compulsório. Queremos vivenciar somente as experiências obtidas em nossas horas de folga, entretenimento e de descanso. Sonambulamente passamos pelas nossas obrigações e deveres, abrindo somente os olhos para ver o que é do nosso deleite. Porém – cabe agora o seguinte questionamento – não teríamos um acréscimo substancial de qualidade de vida, se aprendêssemos a aproveitar o todo ao invés de nos atermos apenas a alguns breves momentos de alegria. A vida é composta por uma miríade de momentos, momentos estes que não podem ser integralmente de felicidade.


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