Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Aos borbotões, o rio caudaloso da vida,
de forma repentina e abrupta,
tem o seu calmo curso interrompido
por uma queda inesperada.
Ao longe, ouve-se o fragor desesperado
das águas agitadas.
Porém, aos poucos, tudo volta ao normal.
O Mar, este destino último, aguarda impassivelmente.



dezembro 14, 2015 No Comments
Oh, Edith, não, eu não me arrependo de nada.
A vida, esta belle chanson, fugidia e efêmera,
não deve ser preenchida por lamentos
daquilo que poderia ter sido e não foi.
A hora da estrela sempre chega um dia...
Melhor olvidar as mágoas,
viver plenamente, sem histeria.
Nem tudo podemos consertar.
O Destino é cego.
C'est la vie!


dezembro 11, 2015 No Comments
Verborragia, altercação, tergiversação...
Impropério, invectiva, vitupério...
Lúgubre, soturno, tétrico...
Fescenino, lascivo, libidinoso...
Hodierno, arcaico, ubíquo...
Delir, obliterar, esmaecer...

“... que estranha potência, a vossa!”


dezembro 07, 2015 No Comments
A certeza de que não há certeza alguma,
juntamente com o temor da contingência
e o pavor de que o acaso resulte em ocaso,
acaba paralisando e engessando nossas vidas.

Obstáculos são feitos para serem superados,
eis uma frase pra lá de clichê,
mas a vida, não nos enganemos, é um grande clichê.

Não é fácil transmutar o velho em novo a cada dia;
encontrar subterfúgios para contornar o tédio cotidiano.
Realmente, não há nada novo debaixo do sol,
por isso é preciso ter coragem e lutar até o fim.


dezembro 07, 2015 No Comments
Foi o desejo que me guiou até aqui.
Sinto-me liberado de toda uma carga,
tiraram-me os grilhões que me prendiam,
mas a sensação que sinto neste momento
é muito mais do que de liberdade.
Na realidade, o que sinto é um grande vazio.
Tenho a impressão de que algo grandioso
esteve próximo de acontecer.
Não consegui nada do que queria,
tudo falhou.
Minha existência quase...
No entanto, não tenho mais o que esperar,
cheguei ao fim.



dezembro 06, 2015 No Comments
A única coisa que posso fazer é sublimar a dor que sinto em meu peito,
fazer com que esta angústia incessante, que me persegue continuamente,
seja expurgada através desta minha medíocre expressão.
O mundo parece que vai me esmagar, porém, não me esmaga,
e, desta forma, me destrói lentamente,
fazendo-me afundar em meu mundo particular.
Estou sufocado por meus próprios pensamentos
e por minha própria dor existencial.
Não aguento mais, estou louco, busco desesperadamente uma saída,
mas nada encontro; não tenho onde me segurar,
estou afundando e, aos poucos, desaparecendo...
Para sempre vivo emudecido e esquecido por todos aqueles
que, um dia, disseram me amar.


Viver é, antes de tudo, um ato de puro masoquismo, porém, mesmo na dor, há neste processo uma beleza indizível e majestosa.
dezembro 05, 2015 No Comments
Vida:
Partícula infinitesimal suspensa no oceano do espaço-tempo,
sofrendo variações quânticas em nível subatômico,
regida por forças ainda desconhecidas pela ciência;
eterno mistério patente e, ao mesmo tempo, latente.

Na vastidão incomensurável do Universo,
seguimos a nossa estrela.
No pálido ponto azul, nos alegramos e nos aborrecemos,
aprendemos e brigamos, crescemos e morremos.
Relembrando um antigo filósofo, apesar de tudo,
ainda somos a medida de todas as coisas.

Parêntese: Realidade objetiva realmente existe,
mas preferimos muito mais nadar nas águas da subjetividade.


novembro 29, 2015 No Comments
Na era do conhecimento wikipédico, sabe-se de tudo um pouco, e tão pouco de tudo! Vivemos num mundo repleto de informações isoladas e desfragmentadas que, no mais das vezes, acabam nunca se agregando em um corpo maior de saberes. A superficialidade ganhou ares de totalidade; ninguém mais quer mergulhar em águas mais profundas. Todos estão satisfeitos com o pouco que compreendem do mundo. Filosofia, ciência, política, economia, história, artes, tudo agora está coberto por uma espessa camada de poeira.

 "A Primavera" de Sandro Botticelli


novembro 26, 2015 No Comments
averno, inverno, ocaso
efêmera jornada entre dois abismos
luta desenfreada por mais vida
despedida sem aviso-prévio
sonhos, suor e lágrimas
imanência e transcendência

História, ciência, arte, amor,
tudo em busca da imortalidade.


novembro 25, 2015 No Comments
No mundo em que vivemos (e a História não se esforça em me desmentir), parece que aqueles que discursam sobre a paz são quase sempre os primeiros a se armarem para a guerra; que aqueles que defendem a liberdade são, notadamente, os mais opressores; que aqueles que se autointitulam portadores únicos da virtude e de uma suposta superioridade moral são impreterivelmente os mais execráveis.



novembro 24, 2015 No Comments
Memória e imaginação.
Ilusão e realidade.
Uma construção narrativa, um vívido simulacro
formado por quiméricas e reais lembranças.
Criamos sempre um mundo à parte...
Todas as nossas tentativas de reviver o passado
provocam uma fratura no tecido do real,
gerando, desta forma, uma nova história,
uma nova interpretação,
que é pautada por sentimentos e emoções,
alegrias e lágrimas, e, principalmente,
por uma vontade inexorável de preservação.



novembro 16, 2015 No Comments
Quantos já se enamoraram de ti?
Quantos por ti suspiraram?
Eu fui apenas mais um dentre tantos.
Na constelação de tua vida,
minha estrela sempre teve um brilho parco.
Expansão, esfriamento, entropia...
Tudo se perderá um dia.


novembro 13, 2015 No Comments
Desde os tempos mais remotos
– passando pelos povos mesopotâmicos,
por fenícios, egípcios, gregos, romanos e medievos –
até o nosso atual mundo “moderno”,
domamos quase tudo, menos o nosso eu interno.

De Prometeu recebemos o fogo olímpico,
e cultivamos o progresso:
medicina, automóvel, avião, computadores e... guerras.

Apesar de tantas mudanças, tudo sempre se repete.
Dia e noite; trabalho e descanso.
Vida e morte; alegrias e tristezas.
Apesar de todo o tédio pós-moderno,
precisamos valorizar cada etapa;
o efêmero torna tudo mais concreto.


novembro 12, 2015 No Comments
Assaz pedante, assaz irritante,
assaz amável, assaz amigável,
assaz avaro, assaz amaro,
assaz ingrato, assaz sensato,
assaz límpido, assaz ríspido.

Causa, motivo, razão ou circunstância:
unicamente usar a palavra assaz.


novembro 11, 2015 No Comments
sucessão ininterrupta de horas, minutos e segundos
movimento perpétuo rumo ao desatino
labirinto kafkiano
falsa impressão de imutabilidade
tudo, em suma, resultado da privação do sono
e da nossa precariedade.


novembro 09, 2015 No Comments
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