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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Voltar às coisas mesmas

Desafiar o canto da sereia do conformismo. Ser aquilo que se é, e não aquilo que os outros gostariam que você fosse. Viver no real, na concretude do cotidiano, por mais tedioso que ele possa muitas vezes ser. Fugir de idealizações e abstrações que não nos levam a nada. Olhar uma árvore e ver uma árvore. Não ir além nem ficar aquém. Despir-se de um eu velho e carcomido. Mirar-se no espelho, sem medo. Ver. Pensar. Ser.

Percepção

Eu sou um epicurista, hedonista, egoísta, materialista, niilista, cético e tudo o mais que você quiser. Não almejo grandes altitudes filosóficas, não busco a verdade, não me preocupo em ser mais virtuoso, quero apenas fruir. Sou pela negação dos grandes sistemas de pensamento, pela negação das grandes doutrinas teológicas e pela não aceitação de tudo aquilo que tenha um caráter pré-cozido. (Seria quase um solipsista, se isso fosse realmente possível.) Não tenho nem quero ter onde repousar a cabeça. Assim como não acredito em um mundo melhor, também não acredito em um homem melhor, um homem que supere a si mesmo. Sou extremante cético quanto ao aprimoramento progressivo do ser; estamos em contínua mudança, é claro, mas nada nos indica que tal movimento siga rumo a algo mais edificante. Sei que a vida é um entreato, um breve e fugidio momento, delimitado por dois grandes abismos. Sigo, abujamramente , caminhando no incerto, nesta causa perdida, provocando e idolatrando a dúvida. ...

Absurdo

Seres insignificantes, sem nenhum propósito, perdidos na imensidão indiferente do Cosmos, buscam algum sentido, mas nunca o encontram. Muitos, desesperados, tentam inventar um; acham que uma ilusão institucionalizada diminuirá de alguma forma a angústia que sentem. Outros, mais sensatos, veem nisso uma oportunidade; se não existe sentido algum, podem então criar um para si mesmos, fazendo de suas vidas aquilo que quiserem – uma obra-prima ou uma garatuja.  E há, em um número muito menor, aqueles que abraçam o absurdo da existência ao compreenderem a inutilidade de toda e qualquer tentativa de procurar atribuir sentido ao que quer que seja.

Solilóquios modernos

Muitos “amam” a diversidade, mas não conseguem conviver com o diferente no seu dia a dia. É crescente, infelizmente, o número de pessoas que desistem do diálogo, que preferem ficar com o monólogo da sua própria verdade pessoal projetada naquilo que chamam de seus interlocutores . Se os outros devem ser apenas um reflexo daquilo que se é ou pensa, então todo debate verdadeiro já se encontra natimorto, pois o que sobrevive daí é apenas uma cópia barata, mera expressão de um autoprazer intelectual.

Meine Lippen

Em minhas veias corre uma incandescência, um líquido que tende a se solidificar. Por que continuar falando de amor? Por que viver buscando a magia? As desilusões são o que existem de mais constante; os sonhos nunca se realizam! Para reacender a chama escondida do ser, para sentir o afetuoso sabor de lábios ardentes, para alcançar, enfim, o beijo da vida, é preciso sempre, por mais inútil que pareça, continuar.

Bem-aventuranças de um desaventurado

Bem-aventurados os que não amam ardentemente, porque viverão uma vida sem grandes desilusões; Bem-aventurados aqueles que nunca se apaixonam, porque não enfrentarão as tormentas e convulsões de um estado febril; Bem-aventurados os que nunca sofrem por amor, não porque serão recompensados, mas porque viverão bem melhor assim.

Opacidade

Nos confins inexplorados do Universo, uma improvável lágrima se forma; a diminuta partícula, ao longo de bilhões e bilhões de anos, vai agregando massa e adquirindo velocidade. Muitos veem tal fenômeno como um sinal de esperança: “Deus finalmente está ouvindo nossas preces!” Outros, por sua vez, predizem o fim catastrófico da Terra: “Já era chegada a hora de encerrarmos essa nossa medíocre perambulação.” Os cientistas, como sempre, não chegam a nenhum consenso. O anúncio da rápida e eminente aproximação do estranho corpo celeste cria um grande alvoroço. Todos querem vê-lo. No entanto, para decepção geral, ele vira à direita em Saturno, perdendo-se distraidamente na escuridão do espaço.

Dançando no fogo

Sinto o seu perfume; passo além do ponto. Que alguém me ajude, não aguento mais! Quero você perto de mim, fazendo-me gritar, tirando-me do chão, levando-me à loucura. Que seja esta noite, que seja agora! Eu mereço mais do que nunca.

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