Eu sou
um epicurista, hedonista, egoísta, materialista, niilista, cético e tudo o mais
que você quiser. Não almejo grandes altitudes filosóficas, não busco a verdade,
não me preocupo em ser mais virtuoso, quero apenas fruir. Sou pela negação dos
grandes sistemas de pensamento, pela negação das grandes doutrinas teológicas e
pela não aceitação de tudo aquilo que tenha um caráter pré-cozido. (Seria quase
um solipsista, se isso fosse realmente possível.) Não tenho nem quero ter onde
repousar a cabeça. Assim como não acredito em um mundo melhor, também não
acredito em um homem melhor, um homem que supere a si mesmo. Sou extremante
cético quanto ao aprimoramento progressivo do ser; estamos em contínua mudança,
é claro, mas nada nos indica que tal movimento siga rumo a algo mais
edificante. Sei que a vida é um entreato, um breve e fugidio momento,
delimitado por dois grandes abismos. Sigo, abujamramente,
caminhando no incerto, nesta causa perdida, provocando e idolatrando a dúvida.
A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.
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