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Canteiros đŸŒ·

Eras tu ontem

– nĂŁo poderia ser mais ninguĂ©m –,

seguindo os meus passos,

revolucionando a minha realidade.

***

EstĂĄs nos devaneios que tenho,

nos pobres versos que aqui despejo,

nas alamedas e canteiros do meu labiríntico coração.

Vejo-te em tudo, mas nunca diretamente,

nunca tĂȘte-Ă -tĂȘte.

***

És a folha ao vento no outono,

o canto da ave liberta na primavera,

o brilho de um olhar que transcende qualquer estação.

És ritmo, passagem, tempo:

aurora e crepĂșsculo,

som e silĂȘncio.




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