Pular para o conteúdo principal

Os pequenos sufocamentos do dia a dia

Taça de cristal despedaçada,

flores murchas,

móveis empoeirados,

enfim, imagens do que restou.

***

Eu mal consigo sentir qualquer gosto ou odor,

e o ar ao meu redor parece rarefeito e indiferente;

ah, os pequenos sufocamentos do dia a dia.

***

Tento outra vez atravessar uma parede de ressentimentos e falta de amor.

***

Espero um mais pouco,

olho para todos os lados,

e sinto a brisa suave da manhã em meu rosto,

o cheiro da primavera em flor.

***

O futuro não se mostra excitante,

e o passado ruge como uma fugidia e capciosa lembrança.

Tento não pensar em nada

– sei que sou poeira ao vento –;

quero apenas fincar os meus pés no possível, no palpável. 




Comentários

Compartilhe:

.................................. Postagens mais visitadas:

Um pouco mais de poesia

A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta  linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.

Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.