Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

A paixão arrefece;
o sentimento esmorece.
Aquele ar essencial, único, sem o qual,
tempos atrás, não conseguiríamos viver,
torna-se sufocante, asfixiante até.
A indiferença cresce par a par com o esquecimento.
Chega-se então o dia em que,
por mais que nos esforcemos,
não conseguimos recuperar o brilho primeiro,
o entusiasmo de outrora.
O outro mudou; nós não somos mais os mesmos.
Tudo agora é diferente;
a vida toma outro rumo.
E das cinzas nasce um novo mundo.


maio 21, 2016 No Comments
Sê-lo-ia, se possível fosse,
da alvorada da vida à undécima hora,
o sonho outrora sonhado
por todo aquele que, algures,
um dia, na névoa temporal,
tenha loucamente se desesperado.

Ser e Tempo
Realidade e Magia
Vida e expectativas


maio 14, 2016 No Comments
Eu te falo sobre muitas coisas, mas tu não me respondes.
Tu queres que eu te compreenda totalmente,
que compartilhe de teus sonhos,
porém, infelizmente, por mais que eu me esforce,
não consigo desvendar os mistérios do teu sensível universo.

A reciprocidade tão almejada pouco alcança;
vivemos separados por uma cortina tênue e instransponível.
Eu procuro o meu reflexo em ti,
e tu procuras a tua essência em mim.
Separados porém unidos,
vivemos eternamente equidistantes.

No entanto, no silêncio amoroso,
na magia inexplicável da vida,
sempre nos encontramos.


maio 08, 2016 No Comments
A cada dia que passa, eu sobrevivo;
com as minhas contradições,
meus sonhos e minhas mentiras,
prossigo.

Busco conquistar o glorioso Austerlitz,
evitando a todo custo o Waterloo fatídico,
sem nunca pensar em Santa Helena.

Coragem, medo, perigo, superação,
tudo se mistura no tédio cotidiano;
o inverno se acentua com o passar dos anos.

O vencedor sempre fica com tudo;
a derrota pode ser honrosa;
a vida é o que fazemos no agora.


maio 04, 2016 No Comments
Sem um norte,
sem uma direção,
sem um sentido,
a nossa vida já é morte,
morte em vida.



abril 27, 2016 No Comments
No retrovisor da memória, vejo fragmentos,
vestígios, tristes sombras de outrora.
Sinto o arrefecimento progressivo das partes
que não conseguem mais formar um todo;
percebo, a contragosto, o lento desmoronamento
daquilo que julgava um grande arcabouço.
Busco reconstituir imagens e lembranças,
reviver sentimentos, sabores e sensações...
Tudo rapidamente se desmancha ao meu toque;
a fumaça do chá quente, afetos, reminiscências e norte.


abril 27, 2016 No Comments
Átomos, matéria, vácuo, planetas, sóis, galáxias...
Uma eternidade transcorre sem que ninguém perceba nada.
Piscadelas rápidas de seres sencientes;
um brilho pálido de inteligência.
Brevemente, neste ledo instante,
um universo de possibilidades incríveis se descortina
para logo depois se esconder em outra eternidade.
Átomos, matéria, vácuo, planetas, sóis, galáxias...


abril 20, 2016 1 Comments
Queremos nos apaixonar.
Queremos viver para sempre.
Queremos, sobretudo, ser felizes.
Queremos evitar os sofrimentos, as dores e as doenças.
Queremos ter sempre aqueles que amamos ao nosso lado.
Queremos que todas as nossas vontades sejam satisfeitas.
Queremos os nossos amigos sempre por perto.
Queremos um mundo melhor...

Queremos tudo; no entanto, obtemos tão pouco.
Entre sonhos fugidios e desilusões,
diante da fugacidade da vida,
precisamos rever nossos conceitos,
aceitar nossas limitações.

É valorizando aquilo que temos,
lutando honestamente por aquilo que sonhamos,
que encontraremos a felicidade possível.


abril 19, 2016 2 Comments
Evolução, involução, degenerescência;
eis que surge uma nova espécie:
o Homo camaleonicus.
Descendente direto do Homo politicus,
ele se adapta facilmente a quase todos os habitats,
principalmente os mais moralmente insalubres.
Homem de variadas cores e matizes;
homem sem escrúpulos nem pudores;
homem sem virtudes, valores e princípios.
Alguns alegam que tal espécie de homem sempre existiu;
no entanto, esse não é o problema essencial,
o mais preocupante é a sua altíssima taxa de reprodução.


abril 18, 2016 No Comments
Fora das normas e dos padrões,
invento a minha própria normatividade.
Sou um insensato entre os sãos,
e um são entre os insensatos.
Sou um expatriado de pátria alguma;
um viandante sincero,
caminhando rumo ao ermo descampado;
alguém que procura aquilo que nunca será encontrado.


abril 14, 2016 No Comments
Sentir pela última vez o pacífico oceano;
alcançar, desta feita, a ilha pascoal;
mirar o vasto, infinito horizonte.

Muitos caminhos, muitas possibilidades;
tantas agruras e desventuras;
esperanças, amizades, amores e desencontros.
O nosso tempo é finito; nossa jornada, efêmera.

Contemplando o inominável, sob uma brisa suave,
descanso despreocupadamente.


abril 13, 2016 No Comments
A dúvida é desconcertante;
a certeza, reconfortante.
O caos é insuportável;
a ordem, indispensável.
A fé é desmedida;
a razão, sempre contida.
A ilusão é benfazeja;
a realidade ninguém deseja!
A morte é prorrogada;
a vida, prolongada.



março 31, 2016 No Comments
Ruas desertas;
casas destruídas;
lixo, entulho e desolação.
Cães esfomeados;
esperança perdida;
caos, morte e destruição.
O que fazer quando tudo foi consumido?
Como recomeçar?

Quando sorrir parece um sacrilégio,
quando o luto é maior que tudo,
quando o normal nos parece estranho,
nestes tristes momentos,
como não naufragar?

É preciso ouvir o som do silêncio,
a voz muda que, dentro de cada um de nós, grita:
“Continua! Continua!”


março 30, 2016 No Comments
Sob o signo da melancolia,
escrevo este triste poema;
um poema sobre o nada,
um poema no vazio,
um poema sobre a vida,
com versos que nada dizem,
sem rimas e sem propósito;
enfim, escrevo algo insípido,
frívolo, descartável e póstumo,
como tudo o que existe de mais verdadeiro neste mundo.


março 29, 2016 No Comments
Estranhos, eis o que somos uns para os outros.
Tateando no escuro, procuramos algum apoio;
não há nada a nossa frente.
As horas se sucedem...
Nas entrelinhas, nos recônditos refúgios,
não encontramos nenhum mistério grandioso.
O frio, o silêncio, o cansaço, a solidão,
tudo nos aponta para uma mesma direção.


março 28, 2016 No Comments
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