Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Profanar é um verbo que, hoje em dia, está muito em voga. No entanto, acautelemo-nos. Quando retiramos o sagrado de seu devido lugar, tornando tudo mundano, perdemos a noção da necessidade de uma hierarquia de valores. Quando tudo é importante, quando tudo está no mesmo patamar, nada é verdadeiramente importante. Desta maneira, a banalização se infiltra por todos os poros da vida.


janeiro 24, 2016 No Comments
Tolos! Eis o que vós sois:
Engodo artístico, decomposição e nada.

Esqueceram-se da tradição
e destruíram tudo o que encontraram;
mergulhados em um luto permanente,
abandonaram de uma vez o culto ao belo.

Artistas infantilizados produzem a sua arte “inovadora”:
transgredir por transgredir, desconstruir por desconstruir.
Conservar é, para eles, um verbo abominável.
Porém, muito mais abominável ainda é “arte” que produzem.



janeiro 09, 2016 1 Comments
Agir conforme as próprias vontades não requer esforço;
reprimir essas vontades, sim.
O mal se prolifera nos pântanos da leniência e da tibieza,
enquanto que, para se fazer o bem, é necessário muita labuta,
muitos esforços, muita dedicação.
Deixado em seu estado natural, o homem não é belo nem justo;
da destruição total do passado não surgirá um futuro augusto.
Uma reengenharia social que desconheça completamente
a nossa íntima natureza só piorará tudo.
A nossa luta deve ser constante!
Devemos buscar a perfeição,
mesmo estando cientes de nossas imperfeições,
mesmo sabendo que se trata, no fim das contas,
de uma missão impossível.



janeiro 07, 2016 No Comments
Tudo se perde com o tempo:
perde-se a vergonha,
perde-se a fantasia,
perde-se a alegria,
perde-se a vitalidade,
perde-se, aos poucos, a esperança.
Alguns perdem até os cabelos,
mas não a barriga.
E, se longeva a vida for,
perdemos, inclusive, as pessoas que mais amamos.
Tal processo, apesar de doloroso, é imprescindível;
perder é, antes de tudo, amadurecer.
É preciso deixar para trás toda a carga inútil,
todo o peso morto;
seguir em frente, até que não reste mais nada;
só assim conseguiremos chegar, com altivez, ao fim desta jornada.


janeiro 07, 2016 1 Comments
Aos borbotões, o rio caudaloso da vida,
de forma repentina e abrupta,
tem o seu calmo curso interrompido
por uma queda inesperada.
Ao longe, ouve-se o fragor desesperado
das águas agitadas.
Porém, aos poucos, tudo volta ao normal.
O Mar, este destino último, aguarda impassivelmente.



dezembro 14, 2015 No Comments
Oh, Edith, não, eu não me arrependo de nada.
A vida, esta belle chanson, fugidia e efêmera,
não deve ser preenchida por lamentos
daquilo que poderia ter sido e não foi.
A hora da estrela sempre chega um dia...
Melhor olvidar as mágoas,
viver plenamente, sem histeria.
Nem tudo podemos consertar.
O Destino é cego.
C'est la vie!


dezembro 11, 2015 No Comments
Verborragia, altercação, tergiversação...
Impropério, invectiva, vitupério...
Lúgubre, soturno, tétrico...
Fescenino, lascivo, libidinoso...
Hodierno, arcaico, ubíquo...
Delir, obliterar, esmaecer...

“... que estranha potência, a vossa!”


dezembro 07, 2015 No Comments
A certeza de que não há certeza alguma,
juntamente com o temor da contingência
e o pavor de que o acaso resulte em ocaso,
acaba paralisando e engessando nossas vidas.

Obstáculos são feitos para serem superados,
eis uma frase pra lá de clichê,
mas a vida, não nos enganemos, é um grande clichê.

Não é fácil transmutar o velho em novo a cada dia;
encontrar subterfúgios para contornar o tédio cotidiano.
Realmente, não há nada novo debaixo do sol,
por isso é preciso ter coragem e lutar até o fim.


dezembro 07, 2015 No Comments
Foi o desejo que me guiou até aqui.
Sinto-me liberado de toda uma carga,
tiraram-me os grilhões que me prendiam,
mas a sensação que sinto neste momento
é muito mais do que de liberdade.
Na realidade, o que sinto é um grande vazio.
Tenho a impressão de que algo grandioso
esteve próximo de acontecer.
Não consegui nada do que queria,
tudo falhou.
Minha existência quase...
No entanto, não tenho mais o que esperar,
cheguei ao fim.



dezembro 06, 2015 No Comments
A única coisa que posso fazer é sublimar a dor que sinto em meu peito,
fazer com que esta angústia incessante, que me persegue continuamente,
seja expurgada através desta minha medíocre expressão.
O mundo parece que vai me esmagar, porém, não me esmaga,
e, desta forma, me destrói lentamente,
fazendo-me afundar em meu mundo particular.
Estou sufocado por meus próprios pensamentos
e por minha própria dor existencial.
Não aguento mais, estou louco, busco desesperadamente uma saída,
mas nada encontro; não tenho onde me segurar,
estou afundando e, aos poucos, desaparecendo...
Para sempre vivo emudecido e esquecido por todos aqueles
que, um dia, disseram me amar.


Viver é, antes de tudo, um ato de puro masoquismo, porém, mesmo na dor, há neste processo uma beleza indizível e majestosa.
dezembro 05, 2015 No Comments
Vida:
Partícula infinitesimal suspensa no oceano do espaço-tempo,
sofrendo variações quânticas em nível subatômico,
regida por forças ainda desconhecidas pela ciência;
eterno mistério patente e, ao mesmo tempo, latente.

Na vastidão incomensurável do Universo,
seguimos a nossa estrela.
No pálido ponto azul, nos alegramos e nos aborrecemos,
aprendemos e brigamos, crescemos e morremos.
Relembrando um antigo filósofo, apesar de tudo,
ainda somos a medida de todas as coisas.

Parêntese: Realidade objetiva realmente existe,
mas preferimos muito mais nadar nas águas da subjetividade.


novembro 29, 2015 No Comments
Na era do conhecimento wikipédico, sabe-se de tudo um pouco, e tão pouco de tudo! Vivemos num mundo repleto de informações isoladas e desfragmentadas que, no mais das vezes, acabam nunca se agregando em um corpo maior de saberes. A superficialidade ganhou ares de totalidade; ninguém mais quer mergulhar em águas mais profundas. Todos estão satisfeitos com o pouco que compreendem do mundo. Filosofia, ciência, política, economia, história, artes, tudo agora está coberto por uma espessa camada de poeira.

 "A Primavera" de Sandro Botticelli


novembro 26, 2015 No Comments
averno, inverno, ocaso
efêmera jornada entre dois abismos
luta desenfreada por mais vida
despedida sem aviso-prévio
sonhos, suor e lágrimas
imanência e transcendência

História, ciência, arte, amor,
tudo em busca da imortalidade.


novembro 25, 2015 No Comments
No mundo em que vivemos (e a História não se esforça em me desmentir), parece que aqueles que discursam sobre a paz são quase sempre os primeiros a se armarem para a guerra; que aqueles que defendem a liberdade são, notadamente, os mais opressores; que aqueles que se autointitulam portadores únicos da virtude e de uma suposta superioridade moral são impreterivelmente os mais execráveis.



novembro 24, 2015 No Comments
Memória e imaginação.
Ilusão e realidade.
Uma construção narrativa, um vívido simulacro
formado por quiméricas e reais lembranças.
Criamos sempre um mundo à parte...
Todas as nossas tentativas de reviver o passado
provocam uma fratura no tecido do real,
gerando, desta forma, uma nova história,
uma nova interpretação,
que é pautada por sentimentos e emoções,
alegrias e lágrimas, e, principalmente,
por uma vontade inexorável de preservação.



novembro 16, 2015 No Comments
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