Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

A dúvida é desconcertante;
a certeza, reconfortante.
O caos é insuportável;
a ordem, indispensável.
A fé é desmedida;
a razão, sempre contida.
A ilusão é benfazeja;
a realidade ninguém deseja!
A morte é prorrogada;
a vida, prolongada.



março 31, 2016 No Comments
Ruas desertas;
casas destruídas;
lixo, entulho e desolação.
Cães esfomeados;
esperança perdida;
caos, morte e destruição.
O que fazer quando tudo foi consumido?
Como recomeçar?

Quando sorrir parece um sacrilégio,
quando o luto é maior que tudo,
quando o normal nos parece estranho,
nestes tristes momentos,
como não naufragar?

É preciso ouvir o som do silêncio,
a voz muda que, dentro de cada um de nós, grita:
“Continua! Continua!”


março 30, 2016 No Comments
Sob o signo da melancolia,
escrevo este triste poema;
um poema sobre o nada,
um poema no vazio,
um poema sobre a vida,
com versos que nada dizem,
sem rimas e sem propósito;
enfim, escrevo algo insípido,
frívolo, descartável e póstumo,
como tudo o que existe de mais verdadeiro neste mundo.


março 29, 2016 No Comments
Estranhos, eis o que somos uns para os outros.
Tateando no escuro, procuramos algum apoio;
não há nada a nossa frente.
As horas se sucedem...
Nas entrelinhas, nos recônditos refúgios,
não encontramos nenhum mistério grandioso.
O frio, o silêncio, o cansaço, a solidão,
tudo nos aponta para uma mesma direção.


março 28, 2016 No Comments
O que é que isso estou sentindo agora?
Será que estou sonhando novamente?
Se for mesmo aquilo que imagino,
não quero saber porque, como ou quando,
quero apenas que você me ensine o que é o amor.
***
Livres de todo sinal de Wi-Fi
num mundo sem tablets ou smartphones
ouvindo uma canção no rádio
“Time After Time”
colocando para tocar um fita cassete
um vinil lustroso...
***
Um tempo colorido
um passado não esquecido
memórias de um tempo em que garotas
e também garotos
só queriam se divertir.


março 28, 2016 No Comments
Belo porque triste, triste porque verdadeiro.
O ideal vem da incompletude;
O amor nasce do desencontro;
A esperança surge da falta de horizontes.


março 20, 2016 No Comments
É sempre a mesma história:
esquecer para prosseguir,
prosseguir e aprender;
atravessar a rua do tempo,
deixando sempre algo do outro lado,
sem jamais olhar para trás.

Cenas de um passado, de uma vida,
cenas felizes, cenas tristes, cenas que se apagam.
Basicamente, um filme sem cortes, sem retorno.
Suspiros perdidos, vozes esquecidas, lágrimas e suor...
Alegrias, esperanças, amizades, pessoas e lugares...

Acordar a cada dia tendo a certeza de que algo se perdeu;
tentar deliberadamente não sucumbir;
construir novas pontes, novas conexões
e, sobretudo, um novo caminho.


março 20, 2016 No Comments
Vindos de mundos diferentes,
tendo trajetórias opostas,
eles agora orbitam a mesma estrela,
buscam as mesmas respostas.
Nesta dança gravitacional graciosa,
querem se conhecer mutuamente.
Juntos, sem pressa e sem afobação,
veem apenas um horizonte:
viver o hoje como dádiva;
sabem instintivamente
que o amanhã não lhes pertence.


março 19, 2016 No Comments
Venha acender a minha chama, baby.
Eu quero estar ao seu lado esta noite,
ter a certeza de que você realmente me ama.
Quero me abrigar no seu corpo inflamado,
sentir o ardência dos seus beijos, do seu amor.
Eu serei seu; você será minha, for all eternity.
A febre da paixão nos guiará.
Deixemos tudo pra lá, que esta noite não tenha fim.


março 18, 2016 No Comments
Renuncia...
Renuncia à sua arrogância,
renuncia à sua vaidade,
renuncia à sua prepotência,
renuncia à sua falsidade,
renuncia à sua teimosia,
renuncia ao seu desejo de poder,
e abrevia esta longa agonia.

Não se pode ter tudo na vida.
É preciso não se apegar,
é preciso ser humilde;
um dia tudo termina.


março 17, 2016 No Comments
Tinha tomado o seu cafezinho (a internet estava lenta naquele dia),
tinha lido suas mensagens sem muito interesse.
Não era a primeira vez que lhe escreviam aquelas bobagens,
e o seu tédio aumentava a cada novo vídeo motivacional,
a cada novo e-mail recebido, nova postagem ou curtida;
sentia um decréscimo de estima por si mesma,
e parecia-lhe que entrava num existência muito desinteressante,
onde cada hora nada tinha de importante,
cada novo clique levava a uma apatia,
e a alma se cobria de um vazio de sensações.



março 16, 2016 No Comments
Nas noites brancas,
nas cinzas das horas,
nas brumas do tempo,
espero...
Espero por quem partiu sem ter vindo,
por quem amou sem ser amado,
por quem muito se doou e nada recebeu.
Espero, mas sem esperança;
vivo na eterna lembrança
de tudo aquilo que foi sem ter sido;
melhor esquecer,
esquecer e ser esquecido.


março 14, 2016 No Comments
Você caiu de paraquedas na minha vida!
Entre uma lição e outra,
nos entreatos da docência,
encontramos, um no outro, abrigo.
A doçura de sua presença,
sua alegria radiante,
sua companhia amiga,
sua tez brilhante,
seu sorriso inefável,
seu olhar cativante,
tudo isso me faz perder os sentidos
– Fico inebriado! –, mas a sensação logo passa;
não preciso me preocupar:
você está ao meu lado.


março 13, 2016 1 Comments
Mais um dia...
Sonhando um sonho impossível;
ouvindo o povo a cantar;
lutando pelo amanhã
nas barricadas da vida.
Mais um dia...
Sentindo as dores do mundo;
secando as lágrimas;
escondendo as mágoas;
buscando uma segunda chance,
um novo começo.
Mais um dia...
Afastando as trevas da noite;
vencendo o ódio e a maldade;
espalhando a esperança;
vendo o raiar de um novo dia.




março 10, 2016 No Comments
Se arrependimento matasse, sobrariam no mundo apenas os psicopatas, os sociopatas e, principalmente, muitos políticos; este infelizmente é um breve resumo de tudo o que aconteceu. Pode parecer fantástico e irreal, porém, como estou muito doente, quero deixar aqui o meu relato. Não sei se essas minhas palavras serão lidas algum dia, não custa tentar.
O mundo seguia o seu ritmo normal e enfadonho. Um dia ouvimos falar sobre uma estranha epidemia que se alastrava por toda a Europa. A doença era rápida e letal. Toda a comunidade científica se debruçou sobre o caso em busca de respostas, mas nada descobriram. Aparentemente, nada daquilo fazia sentido. Aos poucos, a doença foi se espalhando para todos os outros continentes, causando uma mortandade nunca vista antes.
O momento mais difícil foi quando comecei a perder amigos, mulher e filhos. Fiquei totalmente desnorteado. Passei a perambular pelas ruas quase desertas de um mundo desolado. Para não enlouquecer busquei, com todas as minhas forças, encontrar uma resposta para tudo aquilo. Queria de toda forma descobrir a causa deste mal inexplicável.
Passei então a observar atentamente aqueles que tinham sobrevivido, e para o meu espanto, depois de muito tempo, percebi que aqueles que passaram ilesos pelo contágio eram, em sua grande maioria, pessoas que não sentiam nenhuma empatia pelo próximo.
Comecei a refletir sobre a razão de minha permanência neste mundo, chegando a duas conclusões, ambas errôneas. Primeiramente, eu pensei que era, como os outros sobreviventes, também uma pessoa sem coração, incapaz de me comover com o sofrimento alheio. Depois, seguindo outra linha lógica, pensei que talvez este fosse o sinal de que eu era a única pessoa normal, quem sabe até uma espécie de escolhido, um salvador da humanidade.
Agora que estou acamado e muito fraco, percebo o meu engano. Eu estava provavelmente no meio do caminho, a minha insensibilidade não era ainda completa, por isso a doença demorou tanto para revelar os seus sintomas em mim. O meu fim será, de certa forma, também a minha vitória. Não sei se estou certo, talvez haja alguma outra explicação para tudo o que aconteceu, quem sabe alguma superbactéria ou um vírus geneticamente modificado... A única coisa que sei neste momento é que estou contente com a minha explicação.
 

março 09, 2016 No Comments
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