Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Angústia, tristeza, solidão,
fim do mundo,
falta de sentido,
isolamento autoimpingido;
quero encontrar algo que me distraia da realidade.
Nada posso contra o caos que me atordoa;
a noite é longa, e o sono não chega.
Por ruas desertas, o perigo se esconde em cada canto,
já o silêncio se torna um incômodo, um abismo exasperante.
E a vontade não morre, apenas hiberna,
aguarda o momento propício,
o tempo de reaproximação.  


março 29, 2020 No Comments
Olvidar a angústia que me rasga a pele,
a sensação de que algo me persegue,
deixar para trás a memória,
a vida, sonho.
Não há muito mais o que se fazer;
mergulho de uma vez por todas no nada que me engolfa,
que me emudece, fazendo-me aos poucos desaparecer.
De repente, e de forma previsível,
o silêncio se faz pungente;
tenho o que preciso, mas não aquilo que mais queria. 


março 05, 2020 No Comments
Estou sem chão,
sem horizontes,
em queda livre...
Perdido no espaço que nos separa,
eu me encontro aturdido, cansado;
sou uma sombra, um presságio.
O tempo passa apressado,
uma casa sem alicerces rapidamente afunda,
e eu, dia após dia, arrefeço pouco a pouco.
Está tudo diferente, mas também igual.
Ainda é dia, mesmo que não haja mais alegria, sonho ou sol.  


fevereiro 15, 2020 No Comments
Fora do tempo
Perdido no espaço
Homem das cavernas com smartphone
Nem tudo evolui no mesmo ritmo


Penso que sou grande
Moralmente infalível
Que meu conhecimento é insuperável
Mais uma vez: "Ignorância é força"


A cada dia que passa durmo pior
Sucessão frenética de fatos desconexos
Caos, insipidez e pouco afeto
Vida vivida apenas por viver


fevereiro 08, 2020 No Comments
Eu só canto em aflição;
meu silêncio é paz,
não felicidade.
Quando não tenho o que dizer,
calo-me;
quando tenho,
calo-me também.
Há muitas palavras no mundo,
poucas traduzem realmente aquilo que quero dizer.
Um olhar revela muito,
e há muita coisa dita no não dito.
Atos, palavras e omissões;
sou culpado, disso não tenho dúvida.
Conjugo o tempo presente, o único que possuo,
e arrasto comigo, por onde quer que eu vá, os grilhões da esperança.



fevereiro 02, 2020 No Comments
você veio com o vento
chegou de mansinho
sem que eu percebesse
preencheu os espaços vazios
acendeu todas as luzes
fez o que queria

você sumiu com o vento
foi embora de repente
sem dizer adeus
deixou o que não tinha
criou uma lacuna
fez nascer um entorpecimento
e um não sei quê
que me aperta sem cessar o peito

(... vidas vividas no silêncio.)


janeiro 12, 2020 No Comments
Quero escrever algo que soe sincero,
que não tenha cara de interpretação,
de algo forçado, calculado, ensaiado.

Quase posso tocar o fundo,
eis a minha queda iminente,
eis o momento de tirar a máscara
e... perceber que há outra em seu lugar.

Descreio da razão, da minha capacidade de tudo compreender.

Fiz escolhas relativamente questionáveis;
preciso conviver com as consequências.

Há certezas por todos os lados;
tenho medo do futuro. 


janeiro 11, 2020 No Comments
Tabuletas de argila,
pergaminhos esquecidos,
códices medievais,
livros impressos,
eis um mundo redescoberto.

Jornais, revistas, panfletos;
uma profusão de palavras e significados.
Bits e bytes, blogs e redes – acesso instantâneo;
o leitor transubstanciado em autor,
uma democracia conturbada.
– Como cansa tudo isso!

Ah, os clássicos, um acesso ao passado,
uma luz para o futuro.


dezembro 03, 2019 No Comments
Minhas mãos tremem
Sinto um suor frio
Há um perigo iminente
Corro um risco imaginário
Sofro por antecipação
Desejo ardentemente ter mais do que posso
Viver de maneira intensa
Gritar, me perder nos teus braços
Amar sem fronteiras
Frustro-me
Tantas limitações e imperfeições
Morro hoje, mas acordo vivo amanhã
Persigo e não encontro
Não desisto, ainda.


novembro 30, 2019 No Comments
O joelho ralado, merthiolate, um colo acolhedor
Me lembro cada vez mais do passado
E o futuro envolto em silêncio

Perguntas sem respostas
Mensagens não respondidas
Solidão, amor... desamor

Algo se perdeu:
Memórias fragmentárias
Ser disperso no tempo

Caminhos trilhados na desesperança
Amigos, sombras, resquícios
Lento emudecer.


novembro 28, 2019 No Comments
No deserto árido da alma, uma gota de água é oceano.

O rastejar entre pestilências transmutou-se no novo andar.

Solidão a dois, a três, a quatro…

Ah, o contentar-se com aquilo que nos é oferecido de modo tão parco e negligente.

Fingir amar quando não se ama;
fingir não amar quando se ama;
fazer do fingimento uma carapaça.

Visualizou, mas não respondeu – eis o novo drama de Dirceu.
Enquanto isso, Marília deleita-se com o seu grande número de matches.

– Não, não quero conversar com você! Você está muito perto! Eu prefiro muito mais falar com aqueles que estão em outro continente ou, quiçá, em outro mundo.


novembro 26, 2019 No Comments
Estou preso a uma coleira, a teus pés;
sou um escravo do meu desejo por ti.
A tua indiferença me consome
e ao mesmo tempo me atrai.
Vivo me afastando e voltando,
odiando e querendo.
Anseio pela liberdade,
mas sou cativo da tua atenção,
do teu carinho, do teu descaso.
Sou guiado por uma vontade cega;
não consigo não desejar o que desejo.
Minha submissão é covarde e ridícula;
se fosse mais forte, lutaria,
escalaria os montes da minha vontade,
limparia os meus pés na soleira da mansão do desencanto.
Ah, se tudo fosse diferente,
se eu pudesse não desejar mais nada...


novembro 25, 2019 No Comments
A taça se estilhaçou,
só sobraram palavras vazias,
cacos pequeninos de uma história que se desfez.
Na pressa de limpar, de virar a página,
acabei cortando o dedo em um pedaço de memória;
tantos fragmentos:
confissões, risos, olhares que valiam por discursos inteiros...
Sinto que me despedacei também;
me transformei em poeira,
fui levado pelo vento.

Não tenho mais ilusões;
eu sei que me perderei outra vez em outro alguém. 


novembro 24, 2019 No Comments
Eu tenho um olhar triste,
vago, ensimesmado;
converso demais comigo mesmo,
e às vezes acho até que sou invisível.
Tenho um carinho exagerado por pessoas prediletas,
o que resulta em pouquíssimos amigos,
nenhum amor.
Vivo em um mundo com muitas idealizações,
mas estas só me fazem sofrer ainda mais.
Serenei com o tempo,
descobri lacunas na razão,
padeci em silêncio.
Escrevo versos para não transbordar,
para dizer tudo o que sinto
e não sinto.
Vento, brisa leve da manhã,
sopra sobre mim.


novembro 24, 2019 No Comments
O sabor da tua voz
A cor do teu perfume
O som da tua pele
O cheiro dos teus olhos castanho-esverdeados
Mergulho fundo
Sinto torrentes, espasmos, trepidações por todo o corpo
A brisa reverbera uma suave melodia
O Bem-te-vi me dá as boas-vindas
Seguro firme a tua mão
E as aleias se fecham após a nossa passagem. 



novembro 23, 2019 No Comments
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