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Mostrando postagens de agosto, 2014

Pátria amada, Brasil!

Lábaro, o que ostentas estrelado? O que diz o verde-louro de tua flâmula? Onde está a paz? Cadê o progresso? Glórias de um passado fictício, lembranças de um tempo esquecido, esperança agonizante de um futuro incerto; estará tudo definitivamente perdido? Democracia, palavra deturpada e enxovalhada, que necessita urgentemente de uma ressignificação para se tornar, enfim, um sonho intenso, um raio vívido, capaz de despertar esplendidamente o colossal infante de seu sono entristecido.

Devaneando

Devaneando vou, pisando descalço o vidro cortante em que me desfaço. *** Degredado vivo, num país distante, sem amigos, amor, sorte ou amante. *** Procuro encontrar a felicidade; e no amor mútuo, a cumplicidade.

Coração fecundo

Ser uma pessoa introvertida é viver dentro do próprio mundo, como num rio denso e profundo a desaguar na foz da vida. É ter um coração fecundo: uma emoção sempre contida, uma vontade reprimida, um sonho a cada segundo. É não querer popularidade; preferir mais ficar sozinho, vivendo em tranquilidade. É buscar no céu um caminho, se perdendo na imensidade, livre como um passarinho.

Passagem

No frio deste inverno, não consigo derreter o gelo que se formou dentro do meu peito desde o amanhecer. *** A noite cai depressa; sinto o meu corpo frio. – Haverá esperança, ou alguma alegria, após a curva deste rio? *** Somente três certezas tenho neste instante: - o amor é um pavio; - a vida só passagem; - e eu um inconstante. *** Sinto a frialdade de uma leve brisa. Em meio à névoa, vejo ao longe uma nova divisa.

Destino

A flor aos poucos fenece e exala um triste odor; lembranças já esquecidas de quando tinha a viva cor. *** Quereria ser adorada como era antigamente, mas agora, esquecida, decompõe-se murchamente. *** Porém, não se entristece, aceita a sua natureza; servirá de substrato, alcançará a realeza!

Rósea Flor

Rósea flor dos meus sonhos pueris, imagem incrustada no meu peito, oh, doce afã em que me deleito nestas noites tão ardentes e febris! Tu vens insidiosa ao meu leito; vorazmente me beijas e sorris, e, como uma adorável meretriz, subjuga-me sem o menor respeito. E, assim, me abandono à tua vontade, inconsequentemente, loucamente, desrespeitando toda e qualquer moral. Não sou mais apenas uma metade; estás diuturnamente em minha mente, inebriando-me com um eflúvio divinal.

Vida, reflexo e aparência

Ouço a verborragia cretiginosa que ecoa em cada esquina, em cada beco, nos meios ditos sociais. E, diante da insignificância dos nossos atos, percebo a necessidade inconsciente, imprudente, de perpetuar uma imagem que nada diz, muito menos condiz, com a nossa verdadeira realidade.

Fobofobia (Medo de se ter medo)

Aos fobofóbicos de plantão: Ousai! Não vos encarcereis! Que o vosso amor a este pérfido sentimento seja desarraigado e transmutado. Devei temer, sim, mas não desta forma, senão começareis a ter alucinações realísticas, ou, porque não?, consumísticas, que lentamente encobrirão, como uma chuva de cinzas, a vossa existência.

Identidade

Poeta, filósofo, astronauta, um artista no palco da vida; eu sou uma nota fora da pauta, e de Deus a imagem distorcida. Sou alguém que tem tudo e tudo falta; um profeta na cidade vendida. Sou um forte guerreiro que exalta a dor a cada nova ferida. De tanto buscar nem sei mais quem sou; o destino depressa se desfaz, mal chega a fortuna vem a desdita: Esta vida é mesmo louca e bendita! Ser ou não ser – agora tanto faz...        Eis-me aqui, Vida, desfrutar-te eu vou!

Aurea Mediocritas

O que torna a nossa época tão enfadonha é o fato de que todo mundo hoje em dia tem uma opinião (quase sempre genérica e superficial) sobre tudo. A mediocridade disfarçada de discurso inteligente, o otimismo exagerado e falso, e a tentativa de projetar a qualquer custo uma autoimagem de pessoa realizada e decidida transformam o cotidiano num deserto lúgubre e infértil, que apenas serve para a criação de novas ilusões e utopias.

Ressignificar

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