Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Fico irritado sobremaneira,

depois a nuvem passa.

O problema era outro:

não ver além da vidraça.

***

Tenho uma doce devoção

pela flor que se desfaz;

mas queria ser poesia eterna,

e não apenas um verso tão fugaz.

***

Mesmo sendo nuvens passageiras,

ousamos ser mais do que antes;

ser a união de corpos e corações,

ser o puro delírio dos amantes.




agosto 23, 2023 No Comments

Uma febre sem razão,

uma oração sussurrada,

um delicado desejo

de falar e ser finalmente ouvido,

de amar e não ser julgado,

um não sei quê de força descomunal.

***

Estrelas queimando em um cosmos de um vazio infinito;

pessoas e planetas vagando, aparentemente, sem nenhuma direção;

vidas que se perdem em si mesmas, alheias ao brilho da poesia e da flor.

***

Campos vazios e homens calados;

tempos de ira, ressentimento e desamor.

***

E bem lá no fundo, coberto pelas cinzas do atraso,

uma vontade perene,

uma chama que não se extingue,

um mundo prestes a ser redescoberto.




agosto 22, 2023 No Comments

Esqueço as palavras

e quase perco os sentidos.

Não sei mais o que faço,

só sei que vivo nas entrelinhas,

perdido, fora de compasso.

Trago comigo, simplesmente,

esperanças de nanossegundos,

náufragos devaneios de éons

e o absurdo divino do presente instante.

Quero ver através de olhos alheios,

quero me perder na infinitude de coisas que desconheço

e, mais uma vez, sentir o chão sob meus pés.

Não há nada a ser dito, lido ou proclamado,

nenhuma canção, ruído, som,

apenas o silêncio etéreo de bombas que nunca explodirão.



agosto 17, 2023 No Comments

Um dia eu pensei que estava certo.

Ledo engano; sempre estive errado,

e continuo errado…

e errando.

Errarei até o fim.

Talvez, até mesmo depois.




julho 16, 2023 No Comments

Quero ser mais sincero comigo mesmo.

Quero começar e terminar muitas coisas.

Quero pisar na relva molhada e ter um pouco de paz.

 ***

Não quero sondar os pensamentos alheios.

Não quero viver acorrentado aos desejos de terceiros.

 ***

Quero estar na fronteira última do mundo,

atravessar o fogo que nos separa,

flutuar no vazio da infinitude.

 ***

E, sobretudo, quero um querer que não esfrie.




maio 19, 2023 No Comments

Bento e abençoado seja o fruto do seu ventre. Materno – e eterno – é a vontade de fazer deste pequeno um mundo formado por um mosaico de memórias passadas e futuras, por cheiros e choros, brincadeiras e descobertas. Longa espera, semana após semana, que logo chegará ao fim. Fim que será começo; eis a renovação da vida, pacote completo de alegrias, anseios e expectativas, tudo envolto na delicadeza de um amor incomparável. Novas preocupações, definitivamente um outro momento; canções de ninar, primeiros passos, vida e celebração.



maio 08, 2023 No Comments

Tua face dourada ao sol da campina;

és remanso, orvalho, neblina.

***

No relvado florido de sonhos ilhados,

cultivas desejos e jogas os dados.

***

Talvez tenhas apenas uma vontade:

ser a luz para além da idade.




maio 07, 2023 No Comments

Universos paralelos em um mesmo universo

Retas que nunca se cruzam

Crianças do Silêncio

Loucura e ressentimento

As palavras dos profetas da banalidade

O Verso e o Reverso

A chegada de Andrômeda

Cacofonia e estática

O seu vestido branco

Sonhos elétricos

Desencontros




maio 01, 2023 No Comments

Você vive em minhas memórias,

habita o recôndito sagrado dos meus pensamentos,

perscruta o abismo do meu ser.

***

Tudo é igual e ao mesmo tempo diferente;

é tão difícil agora seguir em frente.

 ***

Aqui é Tudo;

após, o Nada que assombra o Mundo.

***

Caminho, desnorteado,

por entre narrativas confusas,

visões utópicas

e mentiras descaradas.

Caminho… e descaminho.





abril 23, 2023 No Comments

Me aventuro em meu próprio jardim

tentando todos os dias,

e mais uma vez,

cumprir a tarefa hercúlea e infrutífera

de regar a flor da felicidade alheia.

 

Estou sempre triste, ou alegre, pelos motivos errados.

Demonstro pouco e sinto muito,

mas às vezes o contrário também me acontece.

 

Hoje, a noite está fria,

e não há estrelas no céu.

Ouço vozes ao meu redor,

vejo vultos, gestos e símbolos,

mas não consigo captar nenhum significado.

 

Gritos silenciosos, silenciados,

por toda parte;

muita informação e pouco conhecimento;

e, sobretudo, muito barulho para abafar tudo o que não seja alegria, sucesso e modernidade.




abril 16, 2023 No Comments

Deuses acima e abaixo

mistérios por toda parte

infernos pessoais

 

Colho um fruto da árvore do não-saber,

deleito-me na vacuidade de fátuos prazeres,

e acabo, por fim, vagando exausto em busca de algo que jamais terei.

 

Oh, Beleza, transitória e imutável,

que me fazes perder o chão,

eis-me aqui tremendo

feito um homem-menino

que nunca sabe dizer não.

 

Insatisfeito, rarefeito,

diluído em uma poça oceânica,

jogado aos pés do ocaso e do descaso;

preso, acorrentado,

sujo e ensanguentado;

vivo, triste e contente,

olhando o firmamento desolado.




abril 09, 2023 No Comments

Estrelas em meus olhos,

lágrimas nas montanhas

e verdades entrecortadas.

 

Perdido em um cômodo, esquecido,

resquícios de uma ansiedade que nunca se desfaz.

 

Despenco de um desfiladeiro

rumo às pedras afiadas da solidão

e então flutuo docemente

por sobre o jardim das gentis reminiscências.

 

Nada importa. Nada.

 

É uma agridoce sensação:

uma leveza insustentável,

naufrágios adormecidos,

fogo que acalma.




abril 01, 2023 No Comments

Às vezes o silêncio é apenas silêncio,

e a inquietação perscruta

sorrateiramente

os recônditos insalubres da alma.

 

Lúgubres imagens de outros eus,

espectros desfigurados,

cacos de esperança que não se sustentam.

 

Verborragia pura,

um niilismo infantil,

um andar sem chão.

 

Eu, simplesmente eu,

desconexo, iracundo, obsessivo.

Eu, sem você, desnudo.




março 26, 2023 No Comments

Flores que nascem nas criptas do desespero,

águas que escorrem pelos pântanos da morte,

ventos que não trazem nada de auspicioso.

 

Me mostre como cair no entorpecimento,

como desaparecer em você,

como deixar de ser.

 

Verdades ditas a mesmo,

laços rompidos,

estranhas histórias de amor.

 

Em minhas mãos, flores murchas de Maio.

No horizonte, o beijo suave do Tempo.




março 11, 2023 No Comments

Deuses que podemos tocar,

mundos que podemos ver,

imperfeições que nos fazem humanos:

tudo parte da comédia divina e mundana do cotidiano.

Sou um pagão, um herege,

caminhando entre lobos,

entre criaturas que dançam no escuro.

Para além do dionisíaco e do apolíneo,

do sagrado e do profano,

um senso de que só a impermanência realmente permanece,

de que o nosso tempo está se esgotando.

Prazeres secretos, curas para aquilo que não há cura, sonhos que mais parecem pesadelos;

sucessão absurda, poema pretérito.




abril 21, 2022 No Comments
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