Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Estamos irremediavelmente sozinhos,
abandonados à própria sorte,
e não há nada nem ninguém que possa
mudar tal realidade.

Caminhamos sem rumo, em busca de algum significado;
qualquer coisa serve, desde que nos ajude a sair do pântano caótico em que nos achamos mergulhados.

Somos bestas-feras caminhando num mundo besta-fera,
somos animais sobrevivendo ao pior dos predadores:
o Tempo.



dezembro 25, 2017 No Comments
Antes da Era dos Alienistas e do surgimento de instituições manicomiais, a loucura era vista popularmente como uma forma de sabedoria, pois, naquela remota época, a fé cega na razão ainda não tinha se tornado dominante, como o é hoje, em todas as esferas da vida. Neste sentido, afastar-se da verdade para manter a sanidade nada mais é do que uma atitude de bom senso, pois, epistemologicamente falando, é bem provável que nunca alcancemos a verdade absoluta. Na realidade, uma pergunta leva à outra; quanto mais respostas obtemos, mais perguntas nos são apresentadas; é uma busca infinita – e como é fácil se perder em uma busca infinita! Achar que a Verdade pode ser encontrada é abandonar o Reino da Dúvida, é abraçar de vez a insensatez e a loucura, no caso, a própria loucura. E quantos vemos por aí que afirmam, em alto e bom som, que já a encontraram! Estes profetas de si mesmos, após a sua iluminação, tentam a todo custo espalhar a sua verdade, querendo que o mundo seja totalmente reconstruído à imagem e semelhança de seu ideário particular.  Dizem que a verdade é insuportável, que não devemos, para o nosso próprio bem, nos aprofundarmos em certos assuntos, mas isso só é verdade para os iniciantes e para aqueles que não conseguem lidar com certos fatos. Para sermos minimamente felizes – uma felicidade possível, não ideal –, devemos aceitar que a verdade em seu sentido amplo talvez não seja alcançável; que a nossa razão é limitada e que ela não consegue abarcar tudo; que não existe nenhum sentido a priori para a vida; que a vida, por sua vez, é precária e cheia de contingências; por fim, que é melhor que a vida tenha gosto, prazeres e sensações gratificantes do que falsas certezas absolutas. 


dezembro 10, 2017 No Comments
Em minha tranquilidade, muitos excessos; em seus excessos, muita tranquilidade. Você é detentora de uma loucura turbilhonante; eu possuo apenas uma loucura serena. Somos seres inconstantes, incompletos e insatisfeitos. Somos, enfim, seres desejantes; porém desejamos coisas diferentes. Somos opostos, mas talvez não sejamos complementares, sendo a complementariedade, no sentido pleno do termo, algo utópico, inalcançável. No entanto, ao nosso modo, agregamos sempre algo um ao outro. 
***
Vemos o mundo sob prismas distintos: você acha que há algo para além desta jornada e eu, por outro lado, acho que a jornada é o que há, nada além disso. Se me digo realista; você, romântica. Se vejo empecilhos; você, oportunidades. Você diz que podemos nos reinventar, ser aquilo que quisermos, mas eu penso que certas coisas nunca mudam.
***
Esquisitos, loucos, melancólicos, alegres; ora profundos, ora rasos; ora perdidos, ora encontrados; eis um pouco do que somos – pois não ousamos nos delimitarmos. Há sempre um caminho a percorrer, até não haver mais caminho algum. Tudo, em se tratando da vida, uma questão de tempo.
 ***


novembro 09, 2017 No Comments
Tu serás para sempre um furacão;
eu, uma leve brisa.
Ao ver-te pela primeira vez,
fiquei petrificado;
Medusa, bela musa, oráculo,
qual resposta abre tal cadeado?
E, claro!, não decifrando-te,
devorado fui por um sentimento inexplicável;
revolves tudo por onde passas,
e eu, aturdido, espero a calmaria,
pois bem sei que só nos rencontraremos
ao findar do dia.


outubro 10, 2017 No Comments
Em meu corpo sinto o pó da estrada;
suor, lágrimas, cansaço e nada.
Viola na mão, entoo uma triste canção.
Aos poucos, pessoas se reúnem para ouvir o meu pobre cantar.
Uma criança sorri...
Alguém faz uma piada,
e o clima melhora;
juntos, esperamos por mais uma aurora.


setembro 16, 2017 No Comments
Agarro, dilacero e profano
o objeto proibido do meu desejo.
Coloco-o ao rés do chão
e turvamente entrevejo
os ecos malditos do não.

Passado algum tempo,
nada subsiste daquilo que era interdito.
O sagrado é agora um fato esquecido;
não se ouve mais nenhum grito...
É tudo história de um tempo ido.

Resta apenas o vazio das coisas sempre iguais;
o valor sem valor de tudo aquilo que não existe mais.


setembro 14, 2017 No Comments
Casta Diva, Sempre Libera, Lua Adversa...
És, a um só tempo, som e fúria,
luz e sombra, magnificência e amargura,
inspiração para luminosos e festivos dias,
terror e caos dependendo das circunstâncias.
Apesar de tudo, das dores, loucuras e tremores,
suplico-te:
– Oxigena-me a cada instante,
pois só assim a criação se torna possível,
só assim o dia tarda a se transmutar em noite.

Três Cárites (Graças)

setembro 07, 2017 No Comments
Você precisa ser forte, porque a vida não foi feita para os fracos. Não há um sentido nem caminhos predefinidos. Você tem que fazer as próprias escolhas, pois ninguém virá lhe socorrer ou lhe indicar a melhor opção. A liberdade pesa demasiadamente. Preferimos, por isso, o conforto de escapismos vários. Chegamos a achar que qualquer coisa é preferível ao contato doloroso com a realidade. Em vez de superarmos as perdas inevitáveis da vida, ficamos presos em ciclos intermináveis de autopiedade. A decisão está em nossas mãos. Sempre esteve. Negar isso é infantilizar-se. É não ousar.


agosto 17, 2017 No Comments
Em meio à chuva intempestiva,
ao estrondo dos trovões,
um relâmpago de repente ilumina.
E numa revoada de sonhos e pássaros,
ouvindo o som das lágrimas nas calhas
de uma cidade esquecida,
sinto o clima crescente do silêncio
que aos poucos me enlaça,
fazendo nascer
no arco-celeste
uma nova vida.


agosto 17, 2017 No Comments
Segredos, mentiras, limites
Desejos, loucuras, obsessões
Totalmente fora de controle
Mais um passo... rumo ao abismo
Advertências ignoradas
Descompasso
Derrota da razão
Força primal rediviva.


julho 09, 2017 No Comments
Perdi o meu ponto de ancoragem...
A concretude ilusória dos meus devaneios se esfacela ao contato do real.
9,8 m/s²
Queda livre
Impacto em T-minus 10, 9, 9.9, 9.8, 9.7...
Nunca chegarei ao fim!?


junho 13, 2017 No Comments
“A visceralidade da vida só atingirá a sua plenitude quando renunciarmos a todo delírio utópico e a toda febre metafísica.”


junho 12, 2017 No Comments
Amo sobretudo aquelas pessoas que possuem um espírito tão atormentado quanto o meu. Vejo nelas, como num espelho, a exasperação contínua da angústia de se saber verdadeiramente incompleto e finito. Nada é mais cansativo e entediante do que a superficialidade de quem se acha muito profundo, sensato e bondoso. O mundo é dos loucos e trôpegos, daqueles que, com seu passo cambiante e torto, vivem assolados por constantes cumes e abismos internos – só encontramos autênticas reverberações nos espíritos que ousam ir além da dor.


junho 12, 2017 No Comments
Um dos nossos maiores medos na vida é o da deterioração produzida pela ação do tempo. A verdade é que o tempo é cruel, insensível e persistente; obliteração de memórias, esfriamento de sentimentos e enfraquecimento de laços outrora fortes são alguns de seus efeitos mais recorrentes. É certo que, no fim das contas, ele irremediavelmente nos vencerá, mas não devemos por causa disso deixar de combater o bom combate, até o fim. Conservar é preciso! Temos que resistir à frouxidão que aos poucos toma conta de todas as coisas. O ser humano responde sempre a estímulos. Infelizmente, quando todos os estímulos cessam, tudo tende a desaparecer em pouco tempo. Por isso, se queremos que alguém realmente permaneça ao nosso lado, temos que superar o nosso egoísmo e constantemente mostrar a esta pessoa o quanto ela é importante para nós.


junho 11, 2017 No Comments
Mediocridade: viver uma vida sem reflexões, sem tristezas profundas e agonias torturantes; ser uma pessoa sem vício algum, ostentando a todo momento uma moral falsa e fajuta; não se deixar levar por paixões momentâneas, pelo prazer de se viver intensamente algo por medo do julgamento alheio; não se entregar à loucura fustigante da existência; fingir que o desejo não é a força motora da humanidade; querer ter uma resposta para tudo, um sentido a priori para a vida; ser extremamente racional e metódico, um chato de galocha; anunciar a todos a sua verdade recém descoberta; achar-se o máximo a todo instante; nunca se abandonar ao Infinito que nos envolve e, aos poucos, nos dilacera.


junho 10, 2017 No Comments
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