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"O nada que é tudo"

(Poema de Samuel Rocha) Minha sanidade depende do quão longe permaneço da Verdade. Do quanto de hipóteses ainda tenho para falsear... A certeza me parece sempre absurda. Entre um martini e outro, estou sóbrio enquanto houver dúvida. A modéstia não cabe na filosofia. Seria continuar padecendo da desilusão platônica. A razão não cabe na poesia. Seria insistir no fracasso parnasiano. No pântano, nadar é difícil, mas não se afoga com qualquer onda de melancolia. Sentidos, sentimos, sem ter tido sentido nenhum... Nada que meu tudo consome.

O descaso não é obra do acaso

– Estou com medo de sofrer! – digo, exasperada. – Mas você já está sofrendo! – ouço como resposta. – Quero deixar de me importar tanto – rebato. – Como assim!? Você quer parar de se importar com quem não se importa com você? – Pelo menos assim eu me sentiria um pouco melhor – respondo. – Converse, diga para ele tudo o que lhe incomoda. Veja se ainda existe uma chance, uma saída. E, sobretudo, valorize-se! Seja importante primeiramente para si mesma.  

Janela da Alma

Olhe para além daquilo que os meus olhos querem dizer; não se apegue às aparências, às convenções do cotidiano. Olhe no fundo dos meus olhos e veja o meu coração, sinta a minha pulsação, mas não trema ainda de ansiedade. Olhe através deles novamente e vislumbre o brilho de minh’alma, mergulhe na vastidão do meu ser, no meu ânimo inquieto e irresoluto. E se você não puder fazer isso por mim, não se preocupe, apenas me faça um favor: “Encontre alguém cujos olhos lhe sejam o início de tudo.” 

Impulsividade

Eu deveria ter percebido antes, ter tomado mais cuidado, sido mais prudente. Bem, de que adiantaria tudo isso? Eu teria de qualquer jeito ignorado todos os avisos. No fundo, eu sabia que havia algo estranho, mas mesmo assim segui em frente, não titubeei, fui com tudo, me joguei de cabeça rumo ao desconhecido. Eu faço muito dessas coisas e acabo sempre quebrando a cara, mas tem algumas vezes que dá acerto, ah, e como isso é bom! 

A brevidade da vida

Tenho 38, mas já tive 18, logo terei 40! Para alguns, sou velho; para outros, muito moço ainda. Confesso que não quero fazer filosofia, quero fazer poesia, quero tocar o coração das pessoas, do maior número possível. Terei tempo para tanto, viverei o suficiente? Serão tantas as questões não respondidas. Talvez o melhor caminho seja o da sinceridade e o da simplicidade; ser honesto consigo mesmo e com os outros, e não complicar ainda mais as coisas. A vida tem a ver com intensidade, com doação, com o firme propósito de estarmos realmente presentes para as pessoas que amamos.

Um novo tempo...

Aquilo que éramos no verão passado já não nos pertence mais; o eu de agora não é o mesmo de outrora. Eis que nos deparamos com o paradoxal mistério de sermos aquela velha pessoa de sempre, sendo que, na realidade, tal pessoa já não existe mais. Bem, aconteceu o que acontece com todo mundo, a vida; traumas, sonhos desfeitos, separações e reencontros, idas e vindas, muitas decepções. Não é fácil acostumar-se, sentimos que há algo estranho no ar, alguma coisa fora do lugar, nada parece normal, até que, com o tempo, temos que aceitar que tudo isso acaba produzindo em nós uma nova normalidade, um novo jeito de ser no mundo. Tudo muda, nós mudamos também. A vida toma novos contornos, passamos a ver, sentir e pensar de um modo diferente, e isso necessariamente não é ruim, pois o que importa é manter um caminhar firme e decidido, continuar tentando viver da melhor maneira que pudermos; há sempre algo a ser descoberto, novos amigos a serem feitos, uma vida de possibilidades que se renova a cad...

heterogeneidade

Estar ali, junto com todo mundo, e nunca conseguir se misturar. viver como um vigilante noturno ser lua onde há sol em excesso ser rua sem acesso não ter voz nem tato vagar por um eterno claustro por um labirinto infinito Diante da luz que incendeia, respirar mais uma vez o ar da manhã.

Estações

Ouço Roupa Nova e fico adocicado da cabeça aos pés! Lembro, então, de um fio de cabelo comprido; sei que você não está mais aqui, sei também que não consigo esquecer aquele dia, aquele adeus. Antiquado que sou, mexo outra vez no dial . “The time of my life” Eu nunca dançarei novamente... (Será mesmo!?) “She's like the wind" Como é difícil conseguir uma boa sintonia hoje em dia! “Everybody hurts” Desligo o rádio. 

Aprendendo a viver:

- Aproveite o tempo que você tem disponível; - Pare de fugir de si mesmo; - Busque se autoconhecer, porém não faça disso a sua única missão na vida; - Tente olhar para as coisas boas ao seu redor; - Ame, ame intensamente; - Diga sempre aquilo que sente, mas nunca magoe alguém deliberadamente; - Cultive boas amizades; - Tenha uma alimentação equilibrada e faça exercícios; - Leia mais, leia sobre tudo; - Mantenha a calma; - Faça algo novo; - Ouse.

A vida como ela é

Nunca é tarde demais para se decepcionar. Quando menos se espera, algo acontece, mostrando-nos que a cautela e a desconfiança são sempre boas companheiras. Quem muito espera, muito se frustra. Por mais que planejemos tudo nos mínimos detalhes, não há como escapar de certos percalços; a imprevisibilidade da vida é uma eterna constante. Por isso, sossegue o facho! Respire fundo. Sim, somos seres limitados e finitos. Sim, a vida quase nunca acontece da forma como nós gostaríamos. Não há como alterar tais realidades. Tente apenas fazer o melhor que você pode hoje, esteja sempre presente para as pessoas que você ama, viva da melhor forma possível, sem ressentimentos, sem olhar muito para o passado. Atingir um bom nível de tranquilidade de espírito não é uma tarefa fácil, mas uma coisa é certa: só depende de você. 

Ousadia

Sonho que estou à beira de um abismo. Sonho que você está ao meu lado. Juntos, sem medo, damos mais um passo; flutuamos entre nuvens, rumo a uma lua incandescente, cheia de auspiciosos segredos. Tentar e se ferir; pular e se esborrachar. Viver sem o receio do sofrimento que advirá. Ao fim, estaremos cheios de cicatrizes, de dores, e extremamente cansados, mas contentes e satisfeitos também. Acordo, sinto a sua respiração ritmada. Tudo está no seu devido lugar. 

copiosamente

A sua intensidade me fascina. Você está sempre no limite, sempre tomada pela angústia, pela obsessão. Caudalosa, expansiva, inunda todos ao seu redor. Tudo o que quer, quer para ontem; você não perde tempo. Não é fácil seguir os seus passos, mas, mesmo assim, eu tentarei. 

Brilho distante...

A estrada de tijolos amarelos aos meus pés se transformou em uma trilha tortuosa de vidro moído. Os castelos do passado já desmoronaram todos. Não há ponto de retorno, apenas a seta implacável e indiferente do porvir. Um olhar frio, sem esperanças, em um mundo totalmente outro. De certo, não foi o mundo que mudou, mas a visão daquele que o vê agora. Aquela antiga canção que me extasiava, que me fazia dançar, hoje já não faz mais o menor sentido. A comida já não tem o mesmo sabor. Não há mais nada a se dizer. A alegria imprudente da juventude é agora algo distante. Quase tudo perdeu o encanto que tinha outrora, quase tudo. 

Políticas do tédio

Ando tão enfastiado, tão à flor da pele, que qualquer coisa me faz querer não pensar. A politização de todas as coisas, inclusive do entretenimento, é de uma chatice sem tamanho. Não há nada de novo no mundo digital, nada de novo na sociedade lacradora. “Genialidade por todos os lados!” “Pessoas com grandes propósitos!” Sensaboria que descamba em platitudes, em voos de galinha. 

Vórtice

Tudo gira muito rápido: pensamentos, palavras, sinais. Há ali um tumulto evidente de emoções, ideias, lembranças e desejos. Fascinado, eu me deixo arrastar, enfrento sem medo todas as intempéries. É claro que, no processo, eu me perco, mas logo me transformo também em vento. 

Nada de novo no front

Certa vez, cheguei com um brilho diferente nos olhos. Ela logo percebeu, não gostou. (Típico erro de interpretação! Ah, os sinais!) Fazer o quê? A vida tem destas coisas. Vemos aquilo que queremos ver; somos cegos a tudo aquilo que muito nos desagrada. A ilusão, benfazeja, foge da minha presença. Luto, neste front , como qualquer outra pessoa, contra o Esquecimento. Talvez seja esse o mais nobre combate de todos: manter nossas memórias vivas.

Descrição

aveludados olhos de avelã pele de marfim melenas cor de mel perfume de jasmim o mundo com outras cores e algo pululando em mim

forever young...

Eu não viverei eternamente, por isso quero tocar o seu coração hoje, com intensidade, de uma forma real, verdadeira, única. Não pretendo ser aquilo que você sonha, mas aquilo que você precisa, estando ao seu lado hoje, amanhã, até quando for possível. Muito menos quero ser mais do que sou, simplesmente desejo me fazer presente, ouvindo e sentindo, pulsando junto com você, sempre, sempre e sempre.

“Foram coisas assim que o deixaram desse jeito”

Vários desencontros e tantos recomeços... Muita coisa para compartilhar, mas tão pouca gente disposta a ouvir. Pessoas que partiram sem dizer nada, pessoas que chegaram por causa de algum escuso interesse, pessoas que estavam ali sem nunca se fazerem presentes. Um grito silencioso em um salão vazio, uma vontade de desistir de tudo, de sair correndo. Pele curtida ao sol da indiferença, grossa, quase impenetrável.

Amanhã

Como dizem, viver para lutar mais um dia. Atravessar desertos em busca de um rosto amigo. Viver na esperança de que algo esteja prestes a acontecer, algo provavelmente simples, mas que terá a força de mudar todo o nosso mundo. Talvez o surgimento de uma nova vida, de um novo tempo. Um sonho trazido pelo vento, murmurado pelas águas, abençoado pela chuva. Uma dádiva que amplie nossos horizontes, que nos faça reviver, que nos dê a força necessária para seguir sempre em frente.

Divinos Prados

(À Adélia Prado) Quero sentir na alma toda a bagagem dos teus versos e estar contigo na praça da pacata cidade e correr doidivanamente pelos quintais e sentir o cheiro de café na cozinha com o coração disparado a faca no peito no conforto do velho lar entre familiares e amigos Na cadeira de balanço em que repousas ao som de latidos e ave-marias crianças chorando exigentes gargalhadas e outros causos fractais do cotidiano reverberações poéticas

fluorescência

olho ao meu redor tudo cinza tudo apagado sem vida fosco vários tons de tédio, melancolia e fel ruas cheias de sonâmbulos transeuntes de pessoas sem expectativas e só um brilho ao longe... douradas madeixas um encanto em flor

Texto & Texturas

Bisões e visões de um passado distante Vênus, Davi e Moisés uma ceia, um sorriso musas, ninfas e Madonas uma moça com brinco de pérola natureza, paisagens e Cafés impressionantes realidades explosão de cores técnica, talento, labor tempo derretido Vida e Arte nas cerdas de um pincel tela de memórias esmaecidas sonhos de uma noite estrelada

Fome

Está faltando algo aqui Há um vazio difícil de preencher uma falta de sentido um tédio profundo pessoas que não se falam olhares que não se cruzam o medo perpassando cada gesto a vida sendo automatizada E em meio a tudo isso a fome de quem quer algo mais algo simples e sincero como um silencioso olhar que tudo diz uma companhia que se faça realmente presente amigos que aliviem de alguma forma o nosso fardo

A Arte da Escrita

Não sei se escrevo para me curar ou se escrevo para me extinguir. Se se trata de um vômito, um jorro frenético, ou de uma reorganização lenta, gradual, de algo ainda indefinido. Experiências, sentimentos, sensações, sabores, cheiros e cores, tudo transposto no papel. Signos imperfeitos de vivências subjetivas, de coisas impalpáveis e, provavelmente, ainda não digeridas. 

Releitura

tempo desnudo pretérito imperfeito distanciamento ah, quantos erros crassos, quantos ledos enganos!

Vestígios do Entardecer

Ó tarde ensolarada, misto de vivacidade e langor, és uma dádiva de luz e amizade; trazes em teu bojo o cheiro do café, o gosto refrescante do sorvete, o alento de conhecidas palavras. Debaixo de um sol de prata, logo o cheiro de ruas molhadas, a sensação de um alívio momentâneo. Na conversa descompromissada, cotidiano, poesia, sabores, memórias... Mosaico de uma vida, de uma tarde, de um eterno instante.

Mulher

Ser de alguém como uma coisa descartável ou posse malcuidada de um avaro autointitulado dono Ser de ninguém ou  daquele que der o maior lance um  produto do descaso a passar de mão em mão sem horizonte Ser de si mesma construindo o próprio caminho tendo a liberdade de errar doando-se apenas quando quiser Ser... Mulher

composição poética

um poema como um soco no estômago tentativa vã de fazer com que você reaja acorde de uma vez de seu sono sem sonhos um poema como uma delicada flor fazendo com que você aprecie a beleza o magnífico esplendor de gestos pequeninos um poema sem pudor que fale aquilo que é necessário que nos envolva com sua crueza e sinceridade um poema além e aquém longe e perto – trevas e luz paradoxo de uma vida plena de possibilidades

Sereníssima

Muito abaixo da superfície em um ponto equidistante entre a efervescência criativa e o desejo sem fronteiras está o cerne de um espírito ímpar E mais fundo ainda escondida até de si mesma a essência indelével de uma composição cujos primeiros acordes ainda ecoam uma sinfonia que transcende tempo e espaço fonte germinal de todo amor

Aquarela

Quero o verde da esperança, o roxo da dor, o azul da serenidade, o vermelho do amor, o cinza da tristeza, o branco da paz... Quero, enfim, o colorido da vida simplesmente, nem mais nem menos. 

Saudade

Aqui repousas tão perto e tão longe dentro daquilo que chamo coração Olho pela janela entre nuvens passageiras vejo o reflexo triste da lembrança: tempo de infância época de dourados sonhos nostalgia de um natal de mármore.

Ciclos

solstício de verão momento de desacelerar de olhar para dentro lembrar que tudo se renova tudo se transforma toma novos contornos pensar que fazemos parte do ecossistema não somos animais apartados de tudo tempo de ir além de calma e tranquilidade luz, energia, expansão

Nadificação

Desejo inconsciente de nada desejar de viver como pedras sem querer coisa alguma plainando sob o abismo sem sonhos nem expectativas Morrer um pouco a cada dia micromortes anunciadas que nos fazem amadurecer Lento processo de erosão, de desprendimento... milhões de toneladas de gelo que se deslocam rumo ao vasto Oceano

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