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Um novo tempo...

Aquilo que éramos no verão passado já não nos pertence mais; o eu de agora não é o mesmo de outrora. Eis que nos deparamos com o paradoxal mistério de sermos aquela velha pessoa de sempre, sendo que, na realidade, tal pessoa já não existe mais. Bem, aconteceu o que acontece com todo mundo, a vida; traumas, sonhos desfeitos, separações e reencontros, idas e vindas, muitas decepções. Não é fácil acostumar-se, sentimos que há algo estranho no ar, alguma coisa fora do lugar, nada parece normal, até que, com o tempo, temos que aceitar que tudo isso acaba produzindo em nós uma nova normalidade, um novo jeito de ser no mundo. Tudo muda, nós mudamos também. A vida toma novos contornos, passamos a ver, sentir e pensar de um modo diferente, e isso necessariamente não é ruim, pois o que importa é manter um caminhar firme e decidido, continuar tentando viver da melhor maneira que pudermos; há sempre algo a ser descoberto, novos amigos a serem feitos, uma vida de possibilidades que se renova a cada passo a nos surpreender constantemente.


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Um pouco mais de poesia

A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta  linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.

Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.