Fulvio Denofre. Tecnologia do Blogger.
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Devaneio e Poesia

Livrar-se da feiura

e romper toda clausura;

seguir os caminhos da beleza

e não ter mais qualquer certeza,

sobretudo certeza devoradora e absoluta;

entrar na ignota gruta

e sair de lá diferente;

gritar com a atrasada gente

e nunca, jamais,

em hipótese alguma,

nunquinha mesmo,

olhar para trás.




fevereiro 06, 2022 No Comments

Nada,

absolutamente nada,

antes ou depois.

No meio,

dor e amor imensos.

Sem pátria nem cátedra,

apenas láudano e pântano.

Vapores translúcidos e sóis multicolores

onde garotos e garotas bonitas vagam, perdidos.

Um sulco aberto na alma,

um vazio preexistente

e, no mais, pura aleatoriedade.




janeiro 29, 2022 No Comments

Aqui está a minha vida,

talvez não a vivida,

mas a vida inventada,

emoldurada, transfigurada.

 

Busca constante por verossimilhança,

tentativa de soar o mais plausível possível,

de fazer do falso, verdadeiro,

do real, surreal.

Comboio de emoções não vividas,

mas também de dores excruciantes,

de sentimentos extasiantes.

 

Eu componho versos singelos,

escrevo sobre dragões e castelos,

sobre a vida e seus flagelos,

tudo isso tão somente para fortalecer os elos.




janeiro 22, 2022 No Comments

O passado parece irrelevante,

e a minha mente vaga no além-horizonte.

Fragmentos de uma possível existência,

caminhos bifurcados e incompreensíveis,

ledos enganos que nos empurram para frente,

mas nenhuma seta ou indicação.

Meus pés sangram à beira do caminho,

e mais uma tempestade se aproxima;

preciso continuar, não posso desistir,

mesmo não tendo para onde ir.




janeiro 15, 2022 No Comments

Janeiro – quente e chuvoso –,

que sempre quer mais,

que nunca se satisfaz.

Lânguidas tardes que não terminam;

pessoas que não dizem nada de interessante.

Tédio nas noites modorrentas.

O céu está mais uma vez carregado de nuvens escuras,

e aqui dentro também está escuro.

Chuvas torrenciais, alagamentos, dilúvio.




janeiro 09, 2022 No Comments

Uma delicadeza transgressora

Uma carícia displicente

A Flama, a Lama, o Medo

Solo agreste da Alma

***

Muitas vezes a poesia não flui,

e as musas se calam:

insipidez e escuridão

***

Sofrimento, cinzas, mais sofrimento

Palavras em um dialeto estranho

Flores murchas no canto da sala

Imagens, sons, cheiros – inquietude –

***

sonhos dispersos e papéis avulsos




dezembro 26, 2021 No Comments

Vestida para matar,

ela cultiva a melancolia,

a loucura, a ira,

a Esperança Radioativa.

Mesmo vagando por um mundo de conformismo e falta de imaginação,

nada a impede de fazer o que quer,

de ser simplesmente sonho, desejo, realidade.




dezembro 23, 2021 No Comments

Eu canto

um canto triste,

cheio de saudade.

Não tenho um cantinho que seja só meu

nem mesmo tenho um violão;

só o que me resta são os meus versos.

***

Carrego comigo um sentimento sem nome,

um aperto, um descontentamento,

uma devoção perpétua aos Filósofos e Poetas nascidos para cantar a tragédia da condição humana.

***

Eu desafino ao ver o sonho dilacerado,

desafino ao sentir a relva molhada,

o musgo frio, a lua, o abismo, o Nada.

***

Palpitações, euforia, desejo, loucura e estranhamento;

efêmeros cânticos que me levam à eternidade.




dezembro 04, 2021 No Comments

Há um tênue fio que une todas as coisas vivas,

e há também um quê de empatia e amor que facilmente se dissolve,

seja por pura inconsistência humana ou pela simples ação do tempo;

transformações contínuas que nos levam para longe de nós mesmos,

que nos fazem estranhos, loucos, habitando um velho e mesmo invólucro.

Aquilo que parecia ser feito para durar por toda uma vida,

aquilo que nunca se dissiparia

– nem mesmo quando os últimos poetas caminhassem por ruas desertas –,

mostra-se falível, frágil e evanescente.

Muitas vezes uma sensação absurda começa a crescer dentro do peito,

uma vontade de acabar com tudo,

um desejo secreto de esquecer e ser esquecido;

e outras tantas vezes uma estranha vontade de resistir,

de dançar descalço à beira do abismo,

brota com uma força imensa, incontrolável.




novembro 29, 2021 No Comments

Stradivarius, Fabergé

eu e você

Ultraviolência

nascidos para morrer

Um coração selvagem

ecos de uma tristeza profunda

 

No verão, sob um céu azul imenso,

vejo rastros de aviões perdidos,

trilhas de condensação que me revelam

a evanescente concretude do mundo.

 

Cinzas, Amor, Arte... da ilusão

um desejo insano pela vida

Paraíso, Sol, pó da Estrada

caminhos incertos que me destroem  

A migração dos flamingos

natureza incongruente das coisas

E uma antiga canção

você e eu




novembro 21, 2021 No Comments

Silêncio. Eu tentei, juro que tentei,

mas você não me ouviu,

nem mesmo disfarçou a sua indiferença.

 

Desespero. Nas tristes horas da noite,

eu vislumbro o açoite da desesperança,

dilacerando sonhos e expectativas.

 

Solidão. As cortinas estão fechadas,

e meu corpo, definhando,

angustia-se com o nada que me consome.

 

Aurora. São tantas as portas,

tantos os caminhos da solidão, ou do coração;

tento apenas quebrar o ciclo uma última vez.




novembro 14, 2021 No Comments

Desconectado, fora de área, sem serviço...

Na noite, incomunicável,

ouço apenas silêncio, dor e pranto.

Você não está mais aqui.

Na verdade, quase todos já foram embora.

E, por incrível que pareça, o desespero ainda não tomou conta de mim.

Não vivo uma vida cor-de-rosa,

não fico cantarolando canções de amor e ódio,

mas nem por isso desmereço o pouco que tenho;

há certas coisas que não eram mesmo para ser.

Bem, sei lá.

Tento mais uma vez ligar pra você,

mandar uma mensagem,

um áudio...

(Sim, eu sei: Pura incongruência!)

E continuo desconectado, fora de área, sem serviço...




outubro 12, 2021 No Comments

Se eu não amasse tanto a vida,

já teria partido sem destino,

fincado minha bandeira no solo infértil da amargura,

abandonado de uma vez toda e qualquer canção de amor.

Ah, se eu não amasse,

se de tudo eu duvidasse,

quão mísera seria a minha existência,

quão patéticos seriam os meus dias.

Há algo de muito leve, transbordante,

no ato de doar-se;

sair de si mesmo é como abrir asas e voar,

é descobrir o encanto ao redor.

Doce pode ser a vida para além dos muros,

grades e cercas de arame farpado

que muitas vezes edificamos para nos proteger.




julho 03, 2021 No Comments

É o fim. É o fim de tudo, eu sei.

Quando eu voltar, você não estará mais lá;

casa vazia, coração em pranto,

e nas mãos o açoite da realidade.

Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos,

calado, ouvindo palavras que você nunca disse,

tentando, em vão, me iludir.

Nas estantes, livros cheios de traços e traças;

nas paredes, fotografias em preto e branco.

As gavetas estarão vazias,

a cama estará desarrumada,

minha vida, desaprumada.

O tempo começará a desmoronar,

e eu me sentirei despatriado,

perdido dentro de mim,

caminhando rumo a lugar nenhum.




junho 13, 2021 No Comments

Rosas desvairadas,

crisântemos tristonhos,

lírios orgulhosos,

gerânios obstinados;

sim, o teu jardim tem muitas flores.

***

Por alamedas bem cuidadas,

por campos de amoras silvestres,

vou djavaneando o meu amor,

desaguando o que sinto

no oceano sem fim da insensatez,

cantando as glórias de um céu azulzinho,

de uma correnteza lilás e outras cores.

***

Vejo uma semente crescer no meu coração,

pressinto no ar, mesmo neste dia frio,

uma força singela, coisa mais bela:

uma vida ao teu lado cheia de novos sabores.




junho 12, 2021 No Comments
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