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Devaneio e Poesia

Sombras, resquícios, fragmentos...
O que resta a um homem
cansado de tanta labuta
e de uma vida vazia, murcha,
sem sentido?

Este que agora persiste
está de mãos vazias,
pés descalços, machucados.

No coração, ele traz:
saudade nenhuma,
nem dor, nem mágoa,
muito menos tristeza ou alegria,
ódio ou rancor;
quem sabe talvez,
bem lá no fundo,
alguma paz.


outubro 12, 2014 No Comments
De um lado, o secularismo improfícuo de um ocidente desnorteado,
e, do outro, um ativismo beligerante e irracional.
Sentido – eis a questão essencial na contemporaneidade.
Na falta de um, novos caminhos inevitavelmente surgem:
- Abraçar velhas concepções ultrapassadas de mundo;
- Seguir as novas ilusões que se nos são impostas;
Ou, o que me parece mais razoável:
- Aceitar que não existe um roteiro ou plano predeterminado,
e seguir, potencializando o que temos de melhor,
um caminho sóbrio, sensato e, principalmente, autêntico.


outubro 11, 2014 No Comments
Dourados e sedosos sonhos
coabitam a minha memória,
em meio a um turbulento
e poderoso redemoinho
que me arrasta até você.
Não há fuga possível,
não há escapatória,
tudo retorna de forma simples,
bela e contraditória,
rumo ao oceano sem fim
de um sentimento inexplicável.


outubro 10, 2014 No Comments
Através do tempo,
você vai me encontrar;
eu estou a sua espera.
Não há como de mim escapar.
Pacientemente, era após era,
habito este mundo miserável.
Eu sei que, desde o início,
a cada passo dado, a cada etapa,
você se aproxima um pouco mais.
E, quando finalmente a hora chegar,
você de imediato me reconhecerá.

The Doctor: Everything has its time and everything dies. You think it'll last forever: people and cars and concrete. But it won't. One day it's all gone. Even the sky. (Doctor Who - The End of the World)





outubro 08, 2014 No Comments
Hoje entrei em casa,
e ela estava vazia,
assim como eu.
Procurei por algo,
revirei as gavetas,
tirei todo o pó
e fui-me embora.
Não fazia mais sentido;
não havia mais nada lá.

outubro 07, 2014 No Comments
No caminho desta vida,
muita gente eu encontrei,
mas só você de fato amei.
Não foi fácil te encontrar,
qual pérola preciosa,
você de mim se escondia.
Eu não pensava que um dia
fosse assim me apaixonar.
***
A primeira vez que te vi
tive a plena certeza
de que a tua beleza
mudaria o meu cantar.
Felizes foram os dias
em tua doce presença,
porém a triste sentença
veio por fim nos separar.
***
Hoje tristes são os dias;
vivo apenas por viver
e tenho um único querer:
outra vez te encontrar.
No fundo do meu coração,
estará sempre guardado
o nosso amor alado:
– Para sempre vou te amar!

outubro 06, 2014 No Comments
Quando penso no tempo que já se passou, percebo o quanto eu era ingênuo e, hoje me olhando no espelho, chego à conclusão que ainda o sou. Feliz o tempo em que eu achava que te amava, hoje não sei nem mais dizer o que é o amor. E, apesar desta minha constatação no espelho, sinto que algo em mim mudou, não sei dizer ao certo quando ocorreu tal mudança, mas isso agora pouco importa. Levo comigo apenas uma certeza: nada será como antes.

“... vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta...” (Machado de Assis – Dom Casmurrro – Cap. 2)


outubro 05, 2014 No Comments
1. Busquei em todos os lugares,
profanei todos os altares,
singrei todos os mares,
na esperança de te encontrar.
Amor, por que te escondes
atrás dos verdes montes?
Sei que estás na alegria que irradia
novo sol a cada dia
a nos abençoar!

2. Qual é o mistério escondido?
Por que tanto amor contido?
Ah, esse grito reprimido
que me impulsiona a te amar.
Procuro em tudo o sentido
do que tenho vivido,
para que na busca incessante
do meu passo errante
eu possa te contemplar!

3. Trago no peito um coração
cansado de tanta ilusão
e da vida sem canção.
Quero agora ser o compositor;
deixar pra trás a frustração
e cair em contemplação
diante da vossa grandeza
e da vossa realeza,
oh, nobre Amor!




outubro 04, 2014 No Comments
Cheiro de terra molhada,
na tênue luz do anoitecer,
impetuosos ventos a nos arrefecer.
Calmaria repentina,
um desaguar calmo e lento
a umedecer o solo seco dos corações.
Aos poucos, a água penetra fundo
tantas veredas e sertões.
Lentamente se infiltrando,
buscando o seu caminho,
sem pressa e sem objeções.

outubro 01, 2014 No Comments
A vida é um tanto desconcertante:
Há o calor,
mas também o frio cortante.
Há a dor de barriga,
e também o laxante.
São muitos os contrastes.
Há o medroso e o valente,
o alegre e o descontente,
o germe e o desinfetante,
o fedor e o desodorante,
Amigos que nos adoram,
e os chatos que só amolam.
Há o amor e o desamor,
encontros e desencontros.
E, junto ao meu passo errante,
esta minha rima irritante!


setembro 28, 2014 No Comments
Circunspecto olhar, vagando através de reticentes reminiscências.
Artefatos poeirentos de um sótão soturno, lúgubre, indecifrável.
Restos de um passado excessivamente adjetivado.
Tudo finalmente finalizado, morto, encerrado.
Colore, pois, com as cores que lhe dão.


setembro 25, 2014 No Comments
Só você, na vida, me importa;
vivo tão somente o agora,
no despertar da nova aurora,
que afugenta a noite morta.

A esperança enfim aflora,
pois o amor me bate à porta,
invade a casa e me exorta
com voz suave e mui sonora:

“– Sigamos juntos a mesma estrada,
cultivemos a semente de amor
que nos foi no coração plantada!”

E num alucinado esplendor,
com a alma toda enlevada,
não sinto mais fome, medo ou dor.


setembro 24, 2014 No Comments
Vem aqui, senta-te ao meu lado, por favor,
e fala-me a respeito de tuas incoerências.
Eu sou uma boa ouvinte, não me escapa uma só palavra.
Sei que o que dizes não é bem aquilo que queres dizer,
mas por que tantos circunlóquios, tanta hipocrisia...
Ah, é tão comovente a falsidade
com que nos acariciamos dia após dia.
Eu não protesto, tu sabes muito bem,
nem ao menos me contraponho à tua iniquidade.
Aliás, sou feita da mesma matéria obscena
da qual fostes inventado.
Eu não te odeio e, no entanto, não aprendi a te amar.
Sinto muitas vezes que fomos feitos um para o outro,
como se isso fizesse algum sentido.
Estou cansada; vou retirar-me.
Não se esqueça de colocar o lixo na rua.

Boa noite!


setembro 22, 2014 No Comments
Por entre flores e espinhos, seguimos o nosso caminho, quase sempre tão mergulhados na ânsia de completarmos o nosso itinerário e recebermos deste modo as glórias que são devidas àqueles que se esforçaram para conquistar a tão almejada vitória, que acabamos nos esquecendo de algo fundamental: vencer é importante, mas não é tudo. Devemos também aproveitar e desfrutar de cada passo deste longo caminho, desta longa jornada, que é a vida. Os passos muitas vezes justificam toda uma jornada. Do que nos valerá os louros da vitória se nos esquecermos de colher as flores que margeiam a nossa existência, se deixarmos de aproveitar os bons momentos junto daqueles que amamos, se só o que fizermos for buscar o nosso próprio interesse, nos lamentando por causa de “uma pedra no meio do caminho”. Na vida sempre haverá o sofrimento, e diante da dor há duas opções possíveis: amargurar-se, julgando-se vítima das circunstâncias; ou crescer, buscando aprender da vida o seu verdadeiro sentido. O que fazemos hoje terá um impacto decisivo no que nos tornaremos amanhã.



setembro 21, 2014 No Comments
O poeta morreu...
Morreu de tanta solidão.
Desistiu de amar...
E, por isso, hoje não quer mais cantar;
o seu canto perdeu a emoção.
Ele vive agora contando dinheiro,
buscando o melhor negócio,
a barganha perfeita, o lucro fácil;
tornou-se o homem da lógica e da razão.
Não há mais espaços para o sonho,
é tudo frio, calculado...
Ele só se esqueceu de que, na vida,
o amor não tem preço não.


setembro 20, 2014 No Comments
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