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Solitude

Sereno a alma, acalmo o espírito, respiro fundo… – pausa – Estou só, não há ninguém no mundo, só eu mesmo, eu e as minhas circunstâncias. Sinto-me em paz, quase completo, de bem comigo mesmo, sem desejar largos horizontes, nem fins grandiloquentes, ou loucas e novas aventuras; amo o oceano vasto do meu estado pacífico, a eterna calmaria de um silêncio abrasador.

Ansiedade

“Tudo ao seu tempo! Que aconteça o que tiver que acontecer!” É tão fácil falar; tão difícil viver! Tremo de ansiedade, não sei esperar; quero tudo para ontem, quero você aqui comigo agora, agora e para sempre. O meu espírito está constantemente agitado, e ando de um lado para o outro em circunvoluções intermináveis. Penso que vou explodir, que vou deixar de ser, deixar de existir... Uma coisa leva a outra, e me perco em pensamentos que se repetem. É, pois, o fim de algo, ou o início, não sei exatamente, provavelmente nunca saberei. 

O Grande Colisor da Alma

Eu queria subverter as leis da física; estou em rota de colisão comigo mesmo. Olho para o céu e vejo uma explosão cósmica, um cataclismo de subjetivas proporções que só eu posso ver, que queima, que destrói, que pulveriza até as minhas mais insignificantes certezas. Eu espero o seu chamado, espero qualquer chamado, aliás, mas o silêncio persiste, persiste e inunda o meu ser. Não tenho forças para prosseguir, e também não quero parar; estou quase chegando lá, o lugar onde nada há: .

Alinhavando e tergiversando e seguindo a pulsão...

Não, não somos todos iguais, você queira ou não. Oh, quanta chatice e atraso em uma única fórmula: “Fazer acontecer!” Tudo vira militância, tudo agora é motivo para mobilização. Dizem sempre que o mundo precisa ser salvo... – Quanta pretensão! O mundo já existia antes de você, e continuará existindo por muito tempo ainda, com ou sem você. Não há nenhum problema em tentar melhorar o mundo, o problema é você achar que tem a solução ideal para tudo. Saia de casa, mas antes arrume o seu quarto, é claro!, e respire o ar da manhã. O mundo está para além das ideologias. Cultivemos, pois, o nosso jardim! 

Portões do Céu

Em um campo de girassóis, eu vejo fogo, unicórnios, guerra e morte, vejo a minha casa e a minha sorte, vejo você vindo ao meu encontro e depois desaparecendo. Tudo o que eu preciso está ali. Tudo o que quero e não quero também. Um mar de insanidades e obscenidades, um céu de prazeres e um inferno de loucuras. Sinto que estou vivo, e meu coração bate descompassadamente. Só peço que você, com ternura, sem pudor,  fique aqui comigo um pouco mais.

Anjo da Manhã

Vejo-te em tudo, em todas as coisas. Quando estou perdido, tua luz me guia. Quando estou triste, tua voz me conforta. Nem sempre digo o que penso; em certas horas as palavras me fogem. Nem sempre digo o que sinto; muitas vezes não consigo explicar aquilo que se passa comigo. Sei apenas que um vazio perpassa toda a minha alma, e sei também, certeza antiga e arraigada, que não há horizontes, razões, sentido... Bem, só sei agora que tudo isso não é nada  quando aqui comigo tu estás; és a força vital que me renova, és o meu  sol florescido .  

Farol das Desilusões

Eu soube desde muito cedo que estava sozinho, nunca me enganei quanto a isso. Aliás, eu me enganei quanto a muitas outras coisas, me iludi constantemente, procurando conforto onde não havia, inventando uma falsa luz que faria da noite dia. Tudo foi em vão, ilusão, fantasmagoria; hoje vivo em um alheamento consciente, se assim posso chamá-lo, que me faz olhar para o mundo com mais serenidade. Se tudo é mesmo tempo perdido, um ir-se ao vento sem propósito, que ao menos façamos aquilo que mais nos apetece, e que a nossa loucura seja então um ato autodirigido, um ato último de coragem.  

Definir, definhar, desaparecer…

Achar que se pode ser sempre aquilo que se é, sem nenhuma alteração, como se pudéssemos vencer o tempo, tornando-nos cópias eternas de nós mesmos, é um engano pueril; tudo muda. Queiramos ou não, a vida segue em frente, o mundo percorre o seu destino não conhecido por ninguém, e nós, passageiros desavisados, nos transmutamos pouco a pouco em algo que não conseguimos divisar. Tudo acontece tão lentamente; a imagem no espelho não é mais a mesma, e a vida agora é um misto de sensações agridoces. Perdemos o que não queríamos perder, ganhamos o que não sonhávamos conquistar. A jornada continua e a mudança em nós também.

Desiderato (Poemeto)

Não há palavras, só sensações, um quase nada, um sentimento difuso, algo que vai crescendo, crescendo, tomando conta de tudo, fazendo de você o meu mundo.

Vacuidade

Unidos pelo vazio da existência; somos o que restou um para o outro. Política, filosofia, nem futebol, nada nos afasta da certeza de não se ter certezas, da inutilidade de toda e qualquer beligerância. Nossa matéria é o tempo presente, o gozo, ou o sofrimento, que vivenciamos no agora. Tudo o mais é tempo perdido, fruto de mentes débeis, de espíritos infantis que viverão eternamente na Terra do Nunca.

Quero ser Jean Valjean!

Mais um dia, a batalha continua!, e ela começa dentro de mim mesmo, é uma cruzada sem fim. Lutar por uma causa perdida, fazendo o melhor que posso, mesmo que as trevas da vida me apontem para outra direção, mesmo que pouco reste em meu coração. Ecos de um passado, de uma generosidade sem tamanho, de um exemplo que me pôs de joelhos, que me transformou para sempre. Somos aquilo que nos ensinaram, mas também somos aquilo que ensinamos aos outros. Somos o sonho que um dia sonhamos, e estamos, por conta própria, atravessando a escuridão, percorrendo o rio agitado da vida. Somos...  

No Jardim de Vênus

Linda, linda moça, ouça o seu coração! Saiba que não há amanhã, não há caminho de volta. Aqui uma conversa moderna : você é minha alma, você é meu tudo, e por isso eu vivo em chamas, sem fôlego, sonhando, desejando. Estou em queda livre, mas você não vê! Perco-me constantemente, mas você não me encontra. O amor é um oceano, e eu um barco à deriva. – Então, quer bailar comigo!? 

Em sonhos...

Deslizo suavemente a ponta dos meus dedos sobre a sua pele macia e agradável, sinto o seu rosto abrasado, a sua silhueta sedutora, a umidade irresistível dos seus lábios... Perco-me, de repente, no oceano dos seus olhos; não quero mais voltar a nenhum porto seguro ou cais, pois o não estar apoiado em nada, náufrago de mim mesmo, é-me tudo. O seu perfume me faz desejar ser o que não sou, ir além daquilo que posso. E seus cabelos, ouro nativo, me faz sonhar com glórias futuras e presentes, me faz querer ser rei de um mundo desconhecido, um altivo explorador. Sinto, então, uma vibração profunda por todo o meu corpo, como se estivesse, talvez porque realmente esteja, em sintonia com o universo, múltiplo e uno em você.

Balada indelével de um amor que nem a breguice dos meus versos consegue eclipsar

Deixe-me ser o teu Elvis amoroso , que eu possa te amar suavemente, com toda a pieguice que me é possível. Desejo acordar todo dia dizendo que te amo, fazendo do teu viver algo doce e completo, cobrindo o teu céu de estrelas, enchendo de flores o chão por onde passas. Quero-te sempre em meu coração, e no sol que brilha, e na brisa que passa, em todos, em tudo quero-te. 

Presciência

Não sou uma pitonisa, não tenho uma bola de cristal, mas também nem acho que seja preciso, para quem possui um mínimo de discernimento, um dom especial para prever o óbvio: que os teus olhos dizem tudo, que neles me afogo, me perco, me reencontro. Ah, o amanhã... Só quero saber daquilo que sei hoje, daquilo que posso hoje viver e fazer, tudo o mais é tempo perdido, sonho ainda não sonhado, vida por haver. 

Mundo invertido

Você veio para subverter a minha vida, para me fazer perder o chão, o contato com a realidade. Você apareceu de repente, e o meu viver se transformou; o certo agora é incerto, o medo é coragem, a noite é dia, e a vida toma sempre novas tonalidades. Você surgiu não sei de onde, fazendo-me enlouquecer; vida, caos, sonho e devaneio, tudo isso eu encontro somente em você.

Filme sem enredo

O espelho reflete o baço filme de minha vida: sem enredo, com personagens aleatórios, que não se presta à comédia, ao drama ou  à tragédia... Enfim, uma história mal contada, vivida ao trancos e barrancos, mas com uma vontade, não sei se possível, de fazer algo diferente, ousado, nunca antes tentado, ou de não fazer nada simplesmente. São muitos frames por segundo, muito o que se fazer em tão pouco tempo; acho que entrei na sala de projeção depois do início do filme, e provavelmente sairei antes de seu término. O quê!? Final feliz? Bem, só posso dizer uma coisa: – Haverá, decerto, um final, mas não teremos cenas pós-créditos. 

Equinócio de outono

Que as folhas amarelecidas da mágoa deixem de pesar sobre você. Permita-se! Desapegue-se! Neste início de um novo ciclo, priorize apenas o que realmente importa para a sua vida. Descubra aquilo que você quer. Seja aquilo que você pode ser, e seja melhor do que você já foi. Não há muito o que se fazer com relação aos erros já cometidos – o que passou, passou –, mas podemos evitá-los, não repeti-los, tentando trilhar um caminho totalmente diferente daqui para frente, um caminho de liberdade e paz interior. Respire fundo. Acalme-se. Viva, apenas viva. 

Firmamento sem estrelas

Quando eu fico algum tempo sem te ver, sem conversar contigo, por mínimo que seja, sinto como se as estrelas do céu noturno me fugissem, como se o mar não fosse mais habitado por uma multidão multiforme de organismos coloridos. Tu és o tudo que preenche o meu nada. Tu és o porto seguro, o sorriso, na lúgubre madrugada. Devaneio agora... Onde está o meu celular? Qual era mesmo o livro que eu estava lendo? Bem, sonho mais uma vez acordado, e vejo em mim uma miríade de mundos outros, de infinitas possibilidades, de glórias esquecidas... Vejo o que não posso ver, sinto aquilo que não se sente, e fico perdido, cansado, renitente. Percebo no céu a estrela d'alva e, como sempre, penso em ti.

Musicalidade impulsiva

Ouço uma música, e a ouço novamente, e novamente... O ritmo não sai da minha cabeça, e a letra está sempre nos meus lábios. Não sei explicar; apenas a ouço mais uma vez. Todos os meus sentidos estão naquela melodia. Não penso, só vibro. Tento esgotar totalmente a canção, vivê-la com a maior intensidade possível. De repente, sem que eu perceba bem o porquê, passo a cantarolar outra música totalmente diferente, e nem me recordo mais qual era a música que cantava antes.

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