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O outro

Eu não sei quem tu és.
Acho que nunca saberei.

Eu sei que gosto de ti,
que aprecio as tuas virtudes,
que percebo os teus defeitos,
mas não posso, através do que vejo e sinto,
alcançar o âmago do teu ser.
Talvez nem você possa.

Tu és, para mim, a imagem que faço de ti, e isso me é suficiente,
não que eu fique contente com isso,
mas não posso fazer nada para mudar tal realidade.

Quero apenas a tua presença aqui,
quero que me fales sobre as tuas angústias,
sobre o que agita a tua alma,
sobre o que aquece o teu coração.

Eu estou contigo,
e tu comigo estás,
mesmo que estejamos apartados,
seguindo caminhos opostos. 


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Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.