Pular para o conteúdo principal

Silêncio

Hoje eu acordei com a estranha sensação de que não te amo mais.
Levantei da cama, abri a janela, saí pela porta da frente e me deparei com um silêncio,
um silêncio tão grande, tão acolhedor, tão exasperante.
Qual foi mesmo o sentido disso tudo?
Fico sem respostas, não as tenho, decerto, nunca as terei.
Há um mergulho profundo no abismo da alma,
um não sei quê com o gosto amargo da solidão.
Começo a andar, depois correr, passadas largas;
quero me distanciar, fugir de mim mesmo.
Não há lágrimas visíveis, apenas um mar revolto que se esconde por dentro.
Fachadas, tormentas, naufrágios...
A rua em que estou continua a mesma rua que passo todos os dias,
com os mesmos cães, com as mesmas pessoas, com os mesmos bons-dias;
e eu, de certa forma, continuo também o mesmo,
apesar de, talvez, já ser outra pessoa. 


Comentários

Compartilhe:

.................................. Postagens mais visitadas:

Um pouco mais de poesia

A vida pode ser mais do que isso, mais do que dores e cansaço, mais do que política e descaso. Há de haver um compromisso, uma vontade de fazer diferente, de não ser como toda essa gente que só faz o que é preciso. Está mais do que na hora de vivenciar a poesia, esta  linda ave canora , à luz do dia a dia. E para além das palavras, um aroma doce e suave, uma canção sempiterna e um desejo de encontro.

Relicário

Palavras ao vento, perdidas no tempo; resquícios e relíquias de almas que não se encontram, de vidas que não se cruzam. Palavras de desalento e desencanto, ferinas, amargas, sinônimas de cicatriz, dor e pranto. Palavras sussurradas ao pé do ouvido, com carinho e cuidado, que reverberam nos sedentos corações. Palavras secretas, inconfessáveis, guardadas a sete chaves. Palavras de gratidão e prece, inaudíveis, transcendentes. Palavras e seus significados semânticos e românticos. Palavras: Caos e Silêncio.

Casa vazia

É o fim. É o fim de tudo, eu sei. Quando eu voltar, você não estará mais lá; casa vazia, coração em pranto, e nas mãos o açoite da realidade. Eu me arrastarei por entre cômodos e incômodos, calado, ouvindo palavras que você nunca disse, tentando, em vão, me iludir. Nas estantes, livros cheios de traços e traças; nas paredes, fotografias em preto e branco. As gavetas estarão vazias, a cama estará desarrumada, minha vida, desaprumada. O tempo começará a desmoronar, e eu me sentirei despatriado, perdido dentro de mim, caminhando rumo a lugar nenhum.