Um acorde dissonante rasga as trevas do coração, uma luz inesperada revela formas desconhecidas, e o que outrora parecia ser o fim de um mundo seguro e confortável revela-se como o indício de uma primavera interior. Estamos diante do esfacelamento do real. Algo se quebrou, não há mais como voltar atrás! Angústia, caos, isolamento, um grito de desespero; amor, ternura, solicitude, um ato de verdadeira transfiguração. Alquimicamente, sem que percebamos, o ciclo da vida se renova; não somos mais os mesmos, a vida não é mais a mesma, mas temos em mãos outra paleta de cores. (O real nunca é o real-real, mas sim o real filtrado, adornado, transubstanciado.)
Autor: Fulvio Denofre